domingo, setembro 18, 2016

Darocha

Um dia, quando era embaixador em França, fui a Arras para uma exposição que envolvia artistas portugueses. Um deles, pintor, um pouco mais velho do que eu, perguntou-me: "O nome de Alberto Couto diz-lhe alguma coisa?" Claro que dizia! Era um grande amigo do meu pai, como ele oriundo de Viana do Castelo, cuja morte prematura muito o entristecera. "Pois eu sou filho do Alberto Couto!", disse-me o pintor. 

Chamava-se José Luís Páris Couto da Rocha, mas, ao longo da sua carreira como pintor, utilizou vários nomes, do qual o mais conhecido será Luiz Darocha, que muito o identificava em França, onde já vivia há mais de meio século.

Semanas mais tarde, convidei-o, com a mulher, para almoçar na embaixada. Foi a última vez que nos vimos. Curiosamente, trocámos emails, há precisamente um ano, com fotografias dos nossos pais. Num deles, ele escrevia isto, já com a língua francesa a marcar o seu português: "Não tenho ideia de quando volto a Portugal. Nesse caso talvez houvesse um momento para trocarmos boas palavras. Se vier a Paris também poderíamos nos ver." Nem ele voltou, nem eu tive ocasião de o voltar a ver, das vezes que, entretanto, estive em Paris. Morreu há uma semana.

Aqui deixo a sua fotografia e a reprodução de um quadro seu que está em Serralves.



2 comentários:

Unknown disse...

Monsieur,

Merci beaucoup pour votre si joli mot relatant votre rencontre avec mon père Luis da Rocha Paris Couto, il était fier de mon grand-père, je le suis des deux.... Je me permets de l'envoyer en copie à ma famille, je pense que c'est un très bel hommage que vous avez fait là, il y a en lui beaucoup d'humilité. Je crois pouvoir dire que c'était la qualité qui l'impressionnait le plus.

Merci

Filipe da Rocha Paris

ps: La langue française "esconde" mon piètre portugais que je ne pratique que trop peu souvent.

Francisco Seixas da Costa disse...

Cher Filipe. Je suis très heureux que vous avez lu mon post. C'était un simple souvenir des deux agréables rencontres avec votre père, bien que brefs. Je me rapelle aussi qu'il m'a aidé à trouver un médicin pour mon genou... Bien à vous. Francisco

Ai Europa!

E se a Europa conseguisse deixar de ser um anão político e desse asas ao gigante económico que é?