Se um dia reencarnar, quero ser jurista. O que eles se divertem!
Ontem, no processo de destituição de Dilma Rousseff, a imaginação jurídica fez com que o processo de votação, a partir de certa altura, incidisse em dois items diferentes. Através do primeiro - que era o objetivo principal - a presidente foi afastada com a maioria de votos requerida. No segundo - como que em auto-absolvição compensatória da violência da primeira medida - os senadores aceitaram que Rousseff pudesse exercer cargos políticos nos próximos oito anos. (A argumentação "humanitária" para esta última medida foi curiosa: ela necessitaria de meios para viver, assumindo-se assim a política como o único "emprego" que lhe era possível ter).
Neste "jeitinho" jurídico, os legisladores brasileiros, aceitaram aquilo que parecia um gesto inócuo, quase caridoso, face à presidente cessante. E, no entanto, ao fazê-lo, deliberadamente ou não, abriram uma espetacular "caixa de Pandora". Rousseff pode não ser nos dias de hoje a mais popular pessoa do Brasil, mas, ao ter visto reconhecida a sua "ficha limpa" para o exercício futuro de cargos políticos, ficou com a porta escancarada para poder vir a ter a sua "revanche" face a Temer. Este, segundo toda a imprensa, terá ficado furioso com o expediente jurídico, que pode dar uma segunda vida ao seu ódio de estimação - e a intervenção que fez depois da posse foi clara prova disso.
Não há como ser jurista para poder fazer das coisas aquilo que der mais "jeitinho" ao momento.
2 comentários:
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MUITO BEM, FSC.
Admiro sobremaneira a lutadora.
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Houve juristas no caso? "juristas" no sentido próprio? Não se pergunta o senhor Embaixador, à partida, sobre os fundamentos legais da destituição? A partir daqui, é só perguntar-se porque não deveria a Dilma manter os seus direitos cívicos. Mas isto tudo parece ser tratado com uma leveza e uma descontração fantástica.
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