Lembrei-me há pouco de uma frase em "A Capital", de Eça de Queiroz, quando Artur Corvelo, nas vésperas do regresso definitivo a Oliveira de Azeméis, ao procurar uma determinada senhora na Baixa lisboeta, recebe como resposta: "a senhora foi para o Campo Grande!"
Para os lisboetas de então, ir da Baixa ao Campo Grande, de caleche, era uma aventura, em termos de tempo. Dir-se-ia que hoje seria tudo bem mais fácil.
Pois isso! Com as obras que hoje nos infernizam a vida (por que não se fazem esses trabalhos de madrugada, como é vulgar em terras "normais"?), senti hoje um desalento idêntico ao de Artur Corvelo. Do Campo Grande à Baixa, entre uma tarefa profissional e um almoço de outro trabalho, demorei uma eternidade. No regresso, acabei por chegar tarde a uma outra reunião. Arrependi-me em não ter chamado uma caleche...
11 comentários:
O Freitas deve estar a ver mais um golpe no Brasil. O Freitas até sonha com golpes.
Apanhe o metro :-)
É inadmissível o comportamento da Câmara Municipal de Lisboa.
Paralisou a cidade. Vai cortar a ligação entre a parte oriental e a ocidental da cidade.
Transformou a cidade num estaleiro, desencadeando todas as obras em simultâneo.
O problema criado não afeta só o transporte automóvel.
Tenho dificuldade de locomoção e quando ando a pé, preciso enfrentar um verdadeiro circuito de obstáculos.
José Neto
Pra-cá-pra-lá-pra-lá-pra-cá!
Do Campo Grande à Baixa vai a Linha Verde do Metro. Que não está em obras.
José Neto, não vejo de que se queixa. Eu costumo andar a pé, atravessando a Avenida da República e a Fontes Pereira de Melo, e não tenho tido nenhuma dificuldade especial. Todos os semáforos de atravessamento de peões estão a funcionar, todas as passadeiras para peões estão funcionais.
No técnico, o grupo de professores e estudantes de doutoramento com que me dava militava no uso dos transportes públicos. Noutros meios, de origem menos burguesa, dei com o amor ao popó. Metro da Baixa ao campo grande? Nem 30 minutos, com transbordo. Ainda bem que há poderes publicos que vão pensando em dificultar os automóveis.
Os trabalhos não se fazem de noite, nem de madrugada, como em todo o mundo civilizado, porque são adjudicados a uns empreiteiros grunhos, que têm montes de subempreiteiros e uns e outros não pagam trabalho nocturno.
Com o desemprego que temos, ainda mais confusão faz.
Apresentam orçamentos «martelados», i.e., preços mais baixos (que, no final, têm toneladas de extras...). As Câmaras caem, mas não podem invocar qualquer desculpa, porque sabem muito bem que é assim.
Ficam mais caras as obras, arrastam pagamentos e ficamos com estaleiros eternos, um nojo e um perigo, sabendo nós que é tudo uma vergonha.
Corrupção? Não, isso é má língua...
Eu passo pela Fontes Pereira de Melo todos os dias e acho que o trânsito atê está melhor do que antes das obras.
JPGarcia
Tem a UBER !
Luís Lavoura
A minha dificuldade como transeunte refere-se às obras na avenida Alexandre Herculano e ao Parque das Nações. Sobre a Fontes Pereira de Melo não opino pois não costumo usar.
José Neto
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