quarta-feira, junho 01, 2016

Um país Wall Street?


Por opção pessoal, não sou nem nunca serei proprietário de nenhumas ações. Nem sou detentor de nenhumas obrigações. Contudo, porque trabalho em empresas, interessam-me bastante os movimentos das bolsas, que consulto diariamente na internet, logo de manhã, e às vezes acompanho ao longo do dia, por motivos profissionais.

Quantas pessoas partilharão comigo este interesse pelas bolsas, em Portugal? Escassíssimos milhares, estou seguro. A esmagadora maioria dos portugueses não é proprietária nem lhe interessam os humores dos mercados de ações em bolsa. E, os que o são, consultam os seus movimentos, com maior rigor e "às décimas", na internet ou na imprensa.

Digo isto para estranhar as horas que, quer as rádios quer as televisões, perdem todos os dias com os "diretos" ou com informações dos "especialistas" das bolsas. Desde logo, os humores das bolsas estrangeiras, Que interesse tem, para a imensa maioria dos ouvintes ou telespetadores televisivos portugueses, saber se o Nikkei ou Singapura abriram em baixa ou se o CAC 40 está "ligeiramente no verde" contrariamente a Frankfurt? Praticamente ninguém sabe o que isso é, nem mesmo o que significa o lusitano PSI 20! Ou alguém acredita que um verdadeiro investidor português está à espera de ouvir o que uma rádio diga sobre as cotadas portuguesas para ir vender ou comprar ações?

Há aqui uma imenso embuste, para encher programas a custo baixo, que alimenta um número indeterminado de jornalistas, pagos para recolher informações só úteis para uma ultraminoria, mas que fazem perder tempo a uma grande maioria dos portugueses nos notíciários que nos impingem.

Façam um teste: perguntem ao vossos amigos se o modo como a bolsa de Milão ontem fechou lhes interessa...  

7 comentários:

Anónimo disse...

Tem bom remédio, mude de canal na internet ou no cabo.

Quando aparecem as geringonças e/ou o dono das vacas voadoras é mudança pela certa !

Anónimo disse...

penso que o comentador das 14:08 tera lido mal

a meu ver a critica era sobretudo a radio

"Ou alguém acredita que um verdadeiro investidor português está à espera de ouvir o que uma rádio diga sobre as cotadas portuguesas para ir vender ou comprar ações?"


a relacao da geringonça e das vacas com o comentario, nao entendi.


Unknown disse...

Em rodapé muitos media europeus e americanos cometem o mesmo "embuste". E as dezenas de pessoas reduzem-se a um informático que em meio dia, prepara a passagem automatica (sem necessitar das dezenas ) da informação. So é preciso o informatico (um ,não dezenas) quando alguém quiser mudar o formato.
Quando as coisas mudarem vamos ver muito indignado hoje a apoiar o que já chamaram incentivo ao empreendedorismo e investimento.

Manuel do Edmundo-Filho disse...

Só é pena "aqui" não podermos mudar de anónimo...

Luís Lavoura disse...

Por opção pessoal, não sou nem nunca seria proprietário de nenhumas ações. Nem sou detentor de nenhumas obrigações.

Pois olhe que, nestes tempos em que os bancos só emprestam dinheiro ao setor imobiliário ou, em geral, ao consumo, e em que quem tem mais de 100 mil euros num banco se arrisca a ficar sem isso, colocar o dinheiro em ações e obrigações, onde ele está diretamente entregua ao setor produtivo e onde o risco que o investidor corre é o risco das empresas e não dos bancos, me parece uma opção sensata.

Aliás, penso que grande parte dos males financeiros de que a Europa hoje sofre deriva de os europeus emprestarem demasiado dinheiro a bancos em vez de o emprestarem diretamente a empresas.

Anónimo disse...

É muito fácil de entender isto: tem a ver com a ideia de dinamismo, de mundo que está sempre a mudar, já não à hora mas ao segundo. É como as notícias para encher nos sites noticiosos. Há que estar sempre a mostrar coisas novas. E nada é mais novo e mais "mexido" do que umas letras e uns números passando no fundo da imagem. Oh, que emoção!

Anónimo disse...

É como a música clássica. Até tem uma antena 2 dedicada só para ela .....

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...