De há muito que penso que há poucas coisas mais tristes do que um hotel de negócios, talvez com exceção dos hotéis de aeroporto. Cavalheiros (sorry, mas as damas aparecem menos) de fato escuro, que já começam a chegar do aeroporto sem gravata (mais uma vitória colateral do Syriza ou será do calor?), com malas negras com rodinhas (a minha é prateada, sei lá porquê), espalham cartões "corporate" pelos balcões das receções, atendidos por meninas de sorriso plástico ("How are you today?"), que têm como primeira preocupação dar-lhes a "password" para o wifi, tão importante para eles como o oxigénio. O ambiente é tão asséptico que chega a ter-se saudades de um lóbi de hotel com criancinhas aos berros.
Hoje, na fila do "check out", olhei com mais atenção o cenário por detrás das meninas. E vi por lá esta imaginativa decoração, memória de outros tempos, outra gente e, pela certa, outras mentalidades. Tempo em que havia mais tempo, muita mais conversa.
1 comentário:
O lobby de hotel com mais graça, que me lembro de ter estado, foi o do Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. A juntar ao descrito sorriso plástico e à simpatia ensaiada e normalizada, do lado de dentro do balcão, a natural indolência brasileira, espelhada nos múltiplos groom's distribuidos e alinhados simétricamente de ambos os lados do atrium, supostamente para atender qualquer pedido do cliente mas, que não mexiam um músculo sem previamente receber um sinal súbtil do chefe da recepção.
Tudo isto fêz-me questionar se os pergaminhos obtidos ao longo dos anos com a recepção de altas figuras do mundo da política, das artes, do espectáculo se ficam a dever a tanta fleuma e frieza, maquilhadas de simpatia.
Enviar um comentário