domingo, junho 28, 2015

O MNE e as insinuações

Ontem, ao ler uma notícia do "Expresso" dedicada a decisões sobre postos diplomáticos, fiquei chocado por uma referência nela feita ao embaixador Luis Barreira de Sousa. Nessa notícia diz-se que ele foi transferido de Bangkok para Lisboa por "alegados problemas financeiros e não esclarecidos".

Para um cidadão comum, que desconheça totalmente o assunto, como é o caso da esmagadora maioria dos leitores do "Expresso", a utilização de uma linguagem deste género, mesmo com a atenuação da palavra "alegados", poderá facilmente levar à ideia de que se estará perante um comportamento culposo de natureza financeira daquele diplomata. Já estou mesmo a ver a tradicional má-vontade existente em alguns setores contra a carreira diplomática mobilizar-se em insinuações mesquinhas sobre o tema, tendo a notícia como pretexto.

Ora quem conhece o problema - e há muita gente no MNE que o conhece - sabe que não é nada disso que se passa. Desde há décadas, a embaixada portuguesa em Bangkok usufruiu de um modelo de financiamento de algumas das suas despesas correntes muito próprio, atípico no universo das nossas missões diplomáticas, cujo detalhe não vem para o caso aqui desenvolver. Ao que julgo saber, o embaixador Barreira de Sousa, pessoa que conheço há muitos anos e cuja probidade me não oferece a menor dúvida, tomou decisões que conflituaram com o modo como o MNE pretendia gerir alguns problemas surgidos nesse âmbito. São estes, e tão só, os "alegados problemas financeiros", que, naturalmente, em nada colocam em causa a honorabilidade daquele funcionário.

Ficaria bem ao MNE dar-se ao trabalho de esclarecer o assunto, nos devidos termos. 

9 comentários:

Carlos Fonseca disse...

"Ficaria bem ao MNE dar-se ao trabalho de esclarecer o assunto, nos devidos termos."

Não só ficaria bem, como deveria apressar-se a limpar a sujidade que o Expresso, admito que involuntáriamente, lançou sobre o diplomata. Mas ficaria ainda melhor ao jornal e ao jornalista, virem a terreiro, e pedirem desculpa pela nódoa. Sob pena de ficarmos nós a pensar que são eles a nódoa.

dor em baixa disse...

Se não for uma entidade independente a fazê-lo lá estaremos muitos de nós condicionados a pensar: "mais umas contas irregulares".

EGR disse...

Senhor Embaixador : não tarda muito que o "Expresso" se transforme num grande rival do "Correio da Manha"
Quanto ao MNE não tenho grande esperança mas pode ser que me engane.

Anónimo disse...

Caro Chico

Vamos por partes:

1) Também conheço o embaixador Correia de Sousa e nem é preciso que corrobore a tua peremptória opinião sobre a sua probidade.

2) Estive três ou quatro vezes na nossa Embaixada em Bangkok e o meu Amigo embaixador Mello Gouveia (entretanto já falecido) explicou-me o acordo com o hotel que auxiliava a nossa Embaixada; por isso creio estar dentro do problema.

3) Finalmente o MNE e o seu titular Paulo Portas não têm pejo de não esclarecer a verdade que está na base da "notícia" do "Expresso". Isso dá bem o exemplo de como se vive nas Necessidades. Enfim, a irresponsabilidade vigora em Portugal; por que bulas não haveria de envenenar também o MNE?


Abç

Alcipe disse...

Ó meu caro Antunes Ferreira, o Dr Paulo Portas já deixou o MNE há uns anos...

Abraço

Alcipe

Jose Martins disse...

Senhor Embaixador,
Talvez seja eu (melhor que ninguém) a saber explicar o "caso" de Banguecoque, pois sou a pessoa que sempre lidou de perto com o assunto desde o arrendamento de uma parcela de terreno a um hotel vizinho pelo falecido Embaixador Melo Gouveia. Ora isso aconteceu principio da década 80 do século passado, cuja autorização dada pelo despacho do secretário-geral João All Themido em 5 de Agosto de 1982.
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Depois do embaixador Melo Gouveia (a quem eu presto a maior homenagem), passaram pela embaixada de Portugal em Banguecoque mais 7 chefes de missão os quais, directamente ou indirectamente, lidei com todos.
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Que não se tome a núvem por June e se atire todo o fardo para cima das costas do embaixador Luis Barreira de Sousa,porque todos tiveram (de uma forma e outras) cartas no cartório.
..
Em tempo e se não for desta para melhor contarei (juntando a outras) a história de um caso a que ele estou ligado profundamente, sem nunca me ter apartado da embaixada de Portugal (tanto mal tratado, haja sido, por certos embaixadores) desde 1978, há 37 anos.
Saudações de Banguecoque
José Martins

Anónimo disse...

Caro Alcipe

Confesso meu pecado, ainda que sem bater no peito. É a PDI no seu melhor. Agradeço-lhe a correcção, pois quando cometo um dos muitos erros que faço dou a mão à palmatória. Naturalmente que é o Senhor Doutor Rui Chancerelle de Machete, um desbocado como se sabe. mas que conheço desde os tempos do Lyceu (assim está na frontaria) Camões e meu colega na Faculdade de Direito da UL. Aqui fica o registo da correcção que teve a bondade de me fazer.

Abç

Anónimo disse...

Bom, eu do Senhor Embaixador Barreira de Sousa só sei que fui por ele apelidado de.....e muitos dos meus colegas de..... e algumas senhoras de.......e alguns (muitos) funcionários dele por......

Vá lá, afinal é o um Chefe de Missão. Ainda se fosse mal educado com os seus superiores ou com gente importante. Agora, com a ralé, gentinha que faz pela vida. Que interessa isso.


Sobre Banguecoque, nada a dizer.

patricio branco disse...

esse jornalismo do sensacional sem se informar do que se passa para informar correctamente o leitor, é lamentável. mas assim é, mesmo no expresso...

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...