terça-feira, junho 16, 2015

Contra a Nova Fronteira


Torna-se urgente criar um tecido de resistência contra uma nova fronteira que ameaça institucionalizar-se entre nós. Começa a ficar evidente que, sob a indiferença de muitos, com a cumplicidade de outros tantos e sob a resignação da maioria, está hoje criada uma linha divisória entre um Portugal litoral, onde continua a concentrar-se a esmagadora maioria das apostas de desenvolvimento, e um interior ao qual são concedidos apoios esparsos, que apenas obedecem à retórica do “politicamente correto”, mas se revelam incapazes de romper um destino de declínio, no sentido da desertificação e da progressiva desqualificação regional.

Romper com esta aparente inevitabilidade torna-se urgente. Essa luta, que tem rapidamente de abandonar a sua subordinação ao confronto histórico Norte-Sul, implica a assunção de um novo paradigma de alianças que – e sei que isto pode ser polémico – leve Bragança ou Vila Real a sentirem-se muito mais próximos de Viseu ou da Guarda, do que do seu alinhamento histórico com Braga ou com o Porto. Porquê? Porque basta olhar para o estado atual do interior norte e centro para se constatar, com facilidade e com números, que a aliança do passado provou que dela só foi vencedora a zona litoral. Ora é óbvio que é a similitude de interesses que deve presidir às prioridades em matéria de estratégias comuns. Por essa razão, e a título de exemplo, perante a eventual inconveniência conjuntural de se reabrir o tema da regionalização, tornou-se para mim muito evidente que discutir a pertinência da existência de uma CCDR-N constitui hoje um imperativo.

A plataforma “Mais Interior, Mais Portugal”
é uma iniciativa ousada de mobilização da massa crítica que o interior possui – com os seus quadros, as suas instituições, o seu ensino superior, o seu tecido económico. Essa massa crítica constitui uma chave essencial para conseguir uma nova afirmação do interior no quadro nacional. Sem constrangimentos nem tabus, sem partidarismos mas também sem seguidismos, torna-se importante abrir um debate, sereno mas firme, que possa ajudar a apontar um novo caminho de futuro para o interior do país. Pela minha parte, estou disponível para contribuir para essa discussão.

4 comentários:

Anónimo disse...

Como alguém disse há mais de 4 anos no salão nobre da Casa do Douro: Sobre o Douro e o interior está tudo dito! É só preciso atuar rapidamente!... Destruíram…
O Duriense

Anónimo disse...

FSC vem ocasionalmente - e ainda bem - alertando para determinadas situações, sem visão partidária, visto, como diz, certas questões têm de ser vistas e analisadas - e corrigidas - porque sim, porque é necessário, porque implica um combate a desigualdades, porque esbate diferenças.
Tomara que alguém lhe dê ouvidos. E o PS e esta Maioria bem o podiam fazer. Mas, não creio que tal venha a suceder. Chover no molhado? Talvez sim, talvez não. àgua mole em terra dura tanto bate até que fura. Continue, FSC.
PS: será necessário, para que isto que aqui refere venha a ser revisto, mudar a capital para o interior, para província?

Anónimo disse...

Sr. Embaixador,

Quando este Governo colocou as portagens da A-23 mais caras por Km que as da A-1, acho que fica tudo dito.

Abraço

Anónimo disse...

Romper é fácil!!!

Acabem com as portagens, reduzam o preço dos combustíveis e coloquem os preços dos transportes de acordo com a economia real.

Se assim for é mais que certo que as pessoas e o investimento volta para o interior.

Cumprimentos,

Átila

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...