sábado, junho 06, 2015

G7


Neste fim de semana, começa na Alemanha mais uma reunião do G7, que junta as "maiores potências económicas mundiais", embora a composição atual do grupo torne isso algo discutível. Durante alguns anos, no período pós-Ieltsin, a Rússia foi cooptada para o clube, que passou a G8. Após a invasão russa da Crimeia, Moscovo foi "castigado" e a Rússia foi afastada do grupo, que regressou aos sete membros - Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Reino Unido, França, Japão, Itália e, como "supranumerário", a União Europeia.

As razões que levaram ao termo do convite a Vladimir Putin não desapareceram, talvez antes pelo contrário. O que se tem passado nas últimas semanas nas zonas em conflito na Ucrânia não ajuda à reversão da decisão, pelo que a "quarentena" ao líder russo vai continuar, presumo que por tempo indeterminado, porque não vejo jeitos da Rússia vir a abandonar alguma vez a russófila Crimeia. Por isso, a cimeira promete transformar-se, cada vez mais, num regular centro de coordenação e "afinação" das medidas anti-Rússia.

Percebe-se a lógica desta atitude. Pode aceitar-se que a Rússia não dá óbvios motivos para facilitar um diálogo com os seus companheiros das cimeiras do passado, aos quais desagradaria dar a Putin uma "photo opportunity", que seria vista como absolvedora das culpas que reparte na crise ucraniana. Compreeende-se que não haja condições políticas para um ambiente de camaradagem em vestuário "casual", entre sorrisos com o líder moscovita. Pode ser que os "sete" tenham as suas razões, mas de uma coisa também estou certo: seria muito mais eficaz ter todo o mundo à volta de uma mesa a "dar na cabeça" a Putin do que continuar a mantê-lo à distância, dando-lhe o importante estatuto de único adversário do grupo. 

8 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Perfeitamente, Senhor Embaixador. Só uma visão a curto prazo, "étriquée" como se diz por cá, pode levar a agir como age o G7.

Quando se vê o resultado da política destas coligações , constituídas por caniches e um ou dois mestres , na Líbia, agora entregue às milícias islamistas, às intervenções no Afeganistão, no Iraque, na África ou nos países árabes que é globalmente negativo, mesmo quando apresentadas moralmente justificadas, mas desastrosas do ponto de vista estratégico, que confiança podemos ter neste grupo G7.

Para utilizar uma linguagem que já esqueci há muito : "Estamos entregues à bicharada"!

Joaquim de Freitas disse...

Ainda a propósito da Ucrânia: Por vezes penso o que teria feito em 1801, no momento oportuno, um "Putine" Português, se Portugal tivesse a mesma força que a Rússia, quando Manuel Godoy invadiu Portugal e ocupou Olivença, integrando-a à Espanha.

Em 1840, a Espanha também proibiu a língua portuguesa à população e nas igrejas. Como o regime fascista de Kiev quis impor aos russofilos do Dombass!

patricio branco disse...

russia àparte, no g7 deveriam figurar a espanha e a austrália.
quanto à russia tem uma mentalidade que não enquadra actualmente no g7 e será mais fácil a conversa dos 7 sem ela.
e um grupo ou clube tem todo o direito de desenhar a sua composição. a russia que forme um grupo com membros afins.
as coisas estão assim e o mundo não melhora nem piora por isso.

Abraham Studebaker disse...

Esta coisa de bloqueios é um hábito difícil de perder. Em especial para quem bloqueia um vizinho "indefeso" cinquenta e tal anos seguidos e acaba dizendo:vamos esquecer isso! Grandes democratas também cometem grandes erros e não lhes ficaria nada mal um acto de contrição. Ou não?

Unknown disse...

A situação no mar da China se os EUA seguirem a politica como usual vai ajudar a que outros G7 se formem. E aí quem vai perder mais e sair mais prejudicado vai ser a UE; como de resto na Ucrania pode ainda acontecer, ou nos caos da Siria e Libia já esta a acontecer.Diplomacia as usual

Anónimo disse...

os russos sao os maus por causa da ucrania

as monarquias do golfo sao umas criaturas doceis a quem o ocidente tudo cede

...

Graça José disse...

Concordo com tudo e com todos os bloguistas, o que deve significar que estamos a ver mal o mundo, ou que, na Europa a coisa está a ser mal analisada pelos seus dirigentes...

Luís Lavoura disse...

O que se tem passado nas últimas semanas nas zonas em conflito na Ucrânia não ajuda

O que é que, exatamente, se tem passado nas últimas semanas no leste da Ucrània?

A guerra reacendeu-se, sim, mas por culpa de quem?

Não são os EUA quem está a rearmar a Ucrânia e a treinar os seus soldados, estimulando-a a reacender a guerra?

A Europa de que eles gostam

Ora aqui está um conselho do patusco do Musk que, se bem os conheço, vai encontrar apoio nuns maluquinhos raivosos que também temos por cá. ...