Decididamente, o país mudou. Durante estes últimos três anos, a conversa entre amigos passava-se entre a "heróica" minoria que defendia a chamada maioria (as eleições provaram que a maioria "já vai" em 28%) e os que não gostavam de Passos Coelho, Paulo Portas "y sus muchachos" - sendo que, dentre estes últimos, tenho amigos e familiares que oscilam entre os que acham que "isto só lá vai à bomba" e alguns, os mais complacentes, que estão apenas "descontentes". Parte destes, não querendo votar socialista ou na atomização anti-governo, passaram-se para a cómoda abstenção.
Desde há duas semanas que o país discussante se alterou. Agora, parece que as pessoas alinham todas as suas opiniões em favor de Seguro ou de Costa. De súbito - terá sido efeito da possibilidade de voto aberta pelas "primárias"? - não há bicho careta, por mais "reaça" ou "comuna" que seja, que não se ache no direito de "amandar bocas" sobre a crise interna do PS, tomando "partido" ou, mais modestamente, alinhando palpites sobre o saldo que resultará do debate. Os mesmos que, há semanas, enchiam a boca com o "programa cautelar" ou a "saída limpa", já só falam, com uma desenvoltura "xuxa", sobre a importância de haver "congresso+diretas" ou as "primárias". E têm opinião!
Quase que comove ver o país tão preocupado com a escolha para o Rato. Receio apenas que isto possa acabar num relativo "esquecimento" de Passos Coelho. Seria uma injustiça se isso acontecesse.
7 comentários:
A mim parece-me que os amigos socialistas do embaixador mudaram de conversa. Tem agora a dificílima escolha de apoiar quem vai ganhar para se colocarem em boa posição. Os não socialistas ou a maioria das pessoas não politizadas acham que isso é conversa de xaxa.
Será possível passar um enorme fim de semana entre gente instruída e politizada e não ouvir uma única opinião sobre a guerra fratricida? É, acabei de o passar.
João Vieira
Se me permite, Embaixador, acho que deveria pôr a sua diplomacia ao serviço deste PS que se enterra num pântano em vez de fazer oposição a sério. O País está entregue a quem apenas sabe fazer uma coisa: regredir social, económica, financeira e até civilizacionalmente este Portugal que parece que nunca encontra elites à sua altura.
O PS deveria ter um congresso e eleições directas o mais urgentemente possível para que, aos olhos do País, o PS não se confunda com um campo onde impera a luta fraticida e pimba que Seguro está a conduzir contra Costa.
O País não quer Seguro como Primeiro-Ministro e isso ficou patente nas eleições. Entre ele e Passos ainda há quem prefira Seguro (mais pela equipa de que ele se quis fazer rodear do que por ele) mas não são muitos.
Podemos fazer disto uma história infantil ('O Tozé fez o caminho das pedras, coitadinho, três anos a penar, etc e tal, e agora aparece o outro para ganhar, e tal e coiso) mas confundir a História com uma história infantil é como confundir o género humano com o Manuel Germano (já lá dizia Mário de Carvalho).
O Seguro fez oposição numa altura difícil (fê-la sem brilho e sem eficácia, diga-se, mas, enfim, talvez tenha feito o melhor que sabia) mas, como ele, por ele, não o percebe, agora está na hora de alguém o fazer perceber que chegou ao fim o seu (pequeno) papel na História do País.
Conto consigo, Embaixador.
Senhor Embaixador: tem toda a razão; na verdade o PS tornou-se, de repente um partido muito querido para certa gente que passou a preocupar-se bastante com a instabilidade do - como eles dizem- "maior partido da oposição".
Ainda há dias fiquei comovido com as palavras dessa grande figura da nossa´politica que dá pelo de Marco António Costa.
E mos "media" também abundam.
Partilho preocupação quanto ao risco de o país se esquecer de Passos Coelho mas tenho esperença que os portugueses,pessoas que geralmente reconhecem quem lhes faz bem, não cometerão tal injustiça e darão ao senhor Primeiro Ministro o lugar que lhe cabe e lhe agradecerão a forma como tem desempenhado a sua patriotica missão.
A profusão de opiniões mostra que somos definitivamente levantinos.
A severidade com que os políticos são regularmente julgados nas redes sociais mostra que Salazar está bem presente e ainda não saíu das nossas cabeças.
Em todo o caso prefiro ser português a outras coisas.
Do "Observador" extracto" de entrevista Luis Campos e Cunha:
Que análise faz à situação atual do PS?
Julgo que as pessoas acreditam que António José Seguro é uma pessoa honesta e parece ser uma pessoa de bem. Conheço-o mal, mas não tenho dúvidas quanto a isto. Tinha uma tarefa dura, muito difícil, porque tinha uma herança que vinha do tempo de Sócrates, que era muito pesada e constituía uma responsabilidade para o PS.
O PS soube assumir essa herança ou varreu-a para o lado?
Acho que, provavelmente, a estratégia foi mais a de assobiar para o lado e menos a de enfrentar essa responsabilidade de forma clara. Agora, a responsabilidade também não era só do PS. Outros partidos, nomeadamente os que estão mais à esquerda, de cada vez que houve tentativas de introduzir alguma restrição e contenção orçamental sempre se opuseram e sempre criaram um ambiente político pouco propício. Em 2005, a situação era perfeitamente controlável, mas, em 2008, entrou-se no desastre com a descida do IVA e depois com o laxismo e o excesso de voluntarismo que estamos a pagar muito caro. Esta herança era muito difícil de gerir para o atual secretário-geral do PS.
Qual é a sua opinião sobre António Costa?
António Costa é um excelente presidente da Câmara de Lisboa. Se ele assumir a liderança do PS, provavelmente vou ter saudades de o ter como autarca. É um homem muito inteligente, capaz, muito determinado, confiante e em quem podemos também confiar. Espero é que o PS consiga resolver o problema rapidamente. É essencial à democracia uma oposição consistente e séria e o maior partido da oposição está neste momento paralisado por razões que são conhecidas. Isto não é bom para o funcionamento da democracia. É urgente que haja uma solução.
Assumindo que António Costa chega à liderança, vai colocar-se novamente o problema do socratismo. Vai colocar-se a questão de saber como é que ele vai lidar com os socratistas e com essa herança, que é uma herança pesada, e que vai estar na mesa dos debates nas próximas eleições legislativas. Ele arrisca-se a ganhar o partido e a perder o país. Ele é que terá de decidir, mas seria importante ter um PS sem amarras em relação a alguns aspetos do passado recente e mais orgulhoso do seu percurso na defesa da democracia."
Alexandre
Acordando da dormência em que se tem mantido, a 'velha senhora' ditou-me um sonetilho para o caro Alexandre e um sexteto para a sua caríssima Um Jeito Manso:
1.
alexandre, o citador!
porque cita o comentista
qualquer blogue direitista
que a todos nos quer impor?
agora até a entrevista
em que o novo ''observador'
nos chateia sem pudor
co'a treta anti-socratista!
se outros blogues quiser ler,
cabe-me a mim escolher.
aqui, venho ler o autor,
meu querido embaixador.
alexandre, seja magno,
deixe-me escolher, carago!
2.
co'a jeito manso eu alinho:
que sábias observações!
bebo uns copos de alvarinho:
são libações-orações
pra que um ps de esquerda
nos salve em breve da m----
Cara "Velha Senhora": tem toda a razão. Vou estar mais atento, mas evitar o "free ryders"
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