Recomendo vivamente a leitura do livro "A identidade cultural europeia", de Vasco Graça Moura. Trata-se de um ensaio muito lúcido e informado sobre o processo europeu. É um texto realista, desencantado sem ser nostálgico, que coloca o sonho europeu no lugar que lhe deve competir, à luz da estratégia considerada adequada para um país como Portugal.
Vasco Graça Moura é uma personalidade maior da cultura portuguesa. Poeta, ensaísta e tradutor, é um intelectual com forte presença no espaço público. Não se esquiva a polémicas, não procura ser consensual, defende com desassombro ideias e pessoas, quando as entende dignas desse seu empenhamento. Nesta sua radiografia do projeto europeu, que não pretende subordinar-se ao "politicamente correto" do europeísmo oficioso, assume uma heterodoxia que nos ajuda a pensar fora dos quadros vulgares, chamando as coisas pelos nomes que entende próprios. Podemos não concordar com tudo o que escreve - a mim, isso aconteceu-me várias vezes, ao longo do texto - mas nunca nos deixa indiferentes. Essa é a qualidade que se exige a um intelectual.
13 comentários:
Livro para ler, certamente. A Europa ! A chamada "construção europeia" ultra-capitalista" acentuou consideravelmente o declínio da Europa, mas o movimento começou bem antes.
Não esqueçamos que a Europa construiu-se sobre a pilhagem dos povos das outras regiões do globo, e os Impérios coloniais derrocando, foi nesse momento que o seu declínio começou inexoravelmente.
Ainda não li o livro, mas no meu entender o destino que espera a Europa nos decénios futuros não poderá ser mais que o dum actor menor marginalizado e envolvido em dificuldades crescentes e , a prazo, um novo "terceiro mundo". Não nos enganemos: A Europa é uma estrela que se morre, para fazer uma analogia cosmológica.
A crise mundial revela a necessidade e a urgência de repensar o modelo económico dominante e de o reorientar em direcção do que faz realmente a riqueza. Mas o que é a riqueza? A questão merece de ser debatida. Para acabar com o PIB e para inventar novos indicadores de riqueza que permitirão de conduzir políticas capazes de garantir o bem estar das populações. Novos indicadores mas também novas moedas ( sociais e complementares) para novas trocas.
Se nada se fizer , os Belgas continuarão a pensar que a UE é uma extensão do seu próprio Estado, os Ingleses que a UE é intrusiva, os Franceses que a UE é a fonte de todos os seus males (esquecendo a PAC ) e os outros, mais pequeninos que a UE não faz que chegue e lhes pede muito.
Concordo plenamente com a sua opinião.É de facto um intelectual. Já li críticas que não são justificáveis.
Vou tentar ler o livro se não for muito caro.
Cumprimentos
A ler, http://www.ted.com/talks/view/lang/pt//id/652
Alexandre
Não li o livro mas vou ler.
Vasco Graça Moura é
1. Um amigo
2. Um estupendo poeta, ensaísta, tradutor.
3. Um homem de uma Cultura excepcional, que näo se limita à literatura.
4. Um "polémista polémico" mas respeitável pela sua convicções.
Foi, entre muitas outras coisas,
1. Um muito bom colega na Fundação Gulbenkian, com projectos fantásticos em Portugal e no estrangeiro.
2. Um dedicadíssimo deputado ao Parlamento Europeu.
3. Um grande líder da Comissão dos Descobrimentos.
JPGarcia
Também gostaria de saber o que Vasco Graça Moura pensa sobre o assunto. Mas não vou ler o livro, e tenho pena. A razão é não aceitar ler livros com erros ortográficos.
Serei intolerante mas... aprendi com ele.
José Neto
Boa, José Neto :)
Sr. Alexandre : Muito obrigado pelo "link . Extremamente interessante. O problema da cultura europeia está posto actualmente da mesma maneira nas negociações com os Americanos. O perigo da historia única, da cultura "produto" standard , apresenta-se já hoje devido ao poder dos Americanos nos média modernos : Internet, Twitter, Facebook, etc.
A opjj - 20:06
Ser intelectual, hoje, é cada vez mais difícil ! O intelectual põe problemas fundamentais. Mas também é verdade que os erros e ilusões nos quais caíram muitos intelectuais no século passado lhes cola à pele.
A Europa não consegue afirmar-se como uma comunidade de destino. Não consegue conceber a sua missão, que é de impedir as guerras de civilizações. Mas a acção de certos intelectuais dos tempos presentes vai por vezes no sentido contrário. Por exemplo, a acção de Bernard Henri-Levy (BHL) junto de Sarkozy no caso da Líbia é flagrante. Agiu como intelectual ou como Judeu? BHL agiu como internacionalista anti Islão. Como no Egipto e na Tunísia. Não sei se é a melhor maneira de aproximar as civilizações. Porque as religiões desempenham um papel importante na sociedade humana, esta acção porta nela uma tragédia potencial futura.
A interdependência fatal do anti judaísmo, do judaísmo, do anti-islamismo e do islamismo arrasta-nos para uma guerra de religiões que não diz o seu nome e à qual se acrescenta uma guerra de civilizações dramática.
Não estando especialmente motivado, de momento, para o tema, provavelmente não lerei o livro. Mas, lembro-me, que tive um certo acrescentado prazer quando li Camilo com uma ortografia antiga…
antonio pa
E que oportuno discutir agora a eleição que mais importancia tem para o nosso futuro e de onde vêm as directrizes que nos vão reger = O parlamento europeu.
O espiche é maior que o "espichado"...Porquê?
Caro Defreitas,
Não tenho acompanhado, nem de perto nem de longe, a actividade de Bernard Henry Levy. Mas parece-me que ele se deixou fotografar na década de 90 ao lado dos muçulmanos da Bósnia, para chamar a atenção para a causa. Fiquei pois agora surpreendido por o ver afirmar que BHL agiu recentemente como internacionalista anti-islao.
Cumprimentos
continuação do meu post anterior:
http://www.bernard-henri-levy.com/en/1992-1995-la-verite-de-la-bosnie-herzegovine-dite-a-travers-l’oeuvre-ecrite-et-publique-du-philosophe-et-ecrivain-francais-bernard-henri-levy-par-le-general-jovan-divjak-10779.html
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