sexta-feira, dezembro 20, 2013

Os novos "camaradas"

Ouvir Pacheco Pereira, como há pouco ouvi, considerar que o Partido Socialista não deveria ter-se associado ao modelo final da reforma do IRC, mesmo após a aceitação de algumas das suas principais propostas, apenas porque isso favorece a estratégia política da maioria, só não é uma surpresa porque os últimos meses fizeram emergir na política portuguesa um estranho fenómeno. Esse fenómeno é a sedução que a oposição tem pelo discurso, às vezes bem radical, de figuras que, sendo originárias desta maioria, alimentam hoje um discurso fortemente crítico do atual poder. Ironicamente, parece que os mesmos argumentos, quando assumidos por figuras próximas dos partidos conservadores, têm "mais encanto" e acabam mesmo por ter uma maior credibilidade. Não duvido que tenha sido a genuinidade da razão política que levou essas pessoas a mudar de ideias, confrontando assim as posições atuais dos partidos de que estiveram próximas. Mas, em alguns casos particulares, como que deteto na atitude desses novos "camaradas" da esquerda uma espécie de revanchismo que, não diminuindo a sua "utilidade" para a estratégia da oposição, não deixa de ser um tanto estranha. A mim, pelo menos, o fenómeno causa-me alguma incomodidade, devo confessar. Mas, se calhar, sou eu que estou a ser demasiado preciosista... 

17 comentários:

Anónimo disse...

Não é, não senhor, meu caro Francisco. Preciosismo q.b. é importante, desde que não seja em exagero. E não é o seu caso; posso dizê-lo porque o conheço bastante bem.

Mas essas "viagens políticas" estão cada vez mais na "moda" e conferem aos "viajantes" um estatuto especial que se assemelha da dualidade: hoje um, amanhã dois, depois de amanhã, três. E por aí fora.

Lembram-me as pombinhas da Cat'rina que andaram de mão em mão. Se calhar sou eu também preciosista...

Anónimo disse...

A realidade é uma bocadinho mais forte do que as nossas preferências partidárias e previsões de prováveis coligações. Onde e quando a realidade vai estoirar com a lógica política não sei e nem auguro que isso venha a ser para nós uma festa. Mas vai acontecer, gostemos ou não do resultado, que pode bem vir a ser muito pouco seguro, longe das nossas costas e dos nossos rios. À bon entendeur, salut. E, mais uma vez, Bonnes Fêtes e… les copains d'abord!

Anónimo disse...

Sobretudo o que me chama a atenção é o ambiente de impunidade que grassa na Comissão Europeia, em Lisboa. o Tribunal Constitucional chumbou, e bem, o pacote de pensões que a reporter Política da Delegação em Lisboa dizia - mal- poder introduzir " desastibilização" num dos seus relatórios pouco sábios e pouco avisados. Se estivesse em Berlim em função homóloga não se permitiria, obviamente, esse topete e seria mais cuidadosa e parcimoniosa nas suas profecias...
Um Estado soberano é um Estado soberano, mesmo que intervencionado e mesmo que Assunção Esteves deixe - mal- os arautos da troika serem filmados a entrar no Parlamento, quais conquistadores entrando em arras do foro de Espanha...

Defreitas disse...

Très intéressant!

Honestidade e autenticidade, é o que nos faz falta aos homens políticos para realizar a felicidade que nos prometem e que ambicionamos como finalidade.

O terreiro politico é o terreno fértil dos compromissos e da razão. Sob a etiqueta da flexibilidade, muitos políticos pretendem posicionar-se sempre no melhor ângulo. "Tant pis" se a moralidade sofre!
Creio que é o grande mal da classe política actual. Mas na realidade creio que foram sempre assim. Pessoalmente qualifico esses políticos de cata-ventos.

Mentirosos e manipuladores são também excelentes qualificativos. De facto o que faz a maioria dos políticos é de falar dos dois lados da boca! Carreiristas, devem "agradar sempre a toda a gente" para serem eleitos.
As convicções são maleáveis, e podem ser facilmente atraiçoadas se a necessidade o impõe.

Como tenho tempo livre, assisto frequentemente às duas sessões semanais de "Questões ao Governo" na Assembleia Nacional Francesa. Chega a ser cómico às vezes quando um deputado da oposição critica tal proposta de lei da maioria de hoje, esquecendo que o seu grupo tinha apresentado exactamente a mesma e votado no mandato anterior quando estavam no poder.

Houve recentemente uma, a da instalação de pórticos de controlo (SCUT ?) nas estradas francesas para os transportes nacionais e estrangeiros , particularmente estes últimos, que degradam as estruturas e não paga nada para a sua manutenção. Os alemães e os europeus de leste, por esta razao, aproveitam o facto que não custa nada deste lado do Reno, e em Estrasburgo abandonam as estradas alemãs que, elas, comportam portagens deste género.

A maioria e a oposição da época, no mandato Sarkozy,votaram ambos esta lei, mas no momento de a implementarem no terreno, a oposição associou-se aos movimentos "revolucionários" na Bretanha contra os "SCUT", que foram , alguns, destruídos. A lei fica suspensa para o momento, mas isto demonstra a capacidade de certos políticos a virar de bordo quando lhes convêm.

Lá como cá, a política é um "show" de tele- realidade alimentada por políticos mais "bulshitteux" uns que outros, travando batalhas de popularidade. Prontos a gostar de tudo e enfiar tudo e não importa quê , mesmo barretes a toda a gente, para obterem a "cota" elevada!

Creio que há lugar actualmente em Portugal, para alguém de bem intencionado, com grande experiência politica no interior como no exterior, vindo do pais profundo, capaz de criar um partido da mudança, do qual ele seria o chefe autêntico fiel às suas convicções.

Seria uma "démarche" mais constructiva que tentar remodelar um partido cada vez que alguém levanta uma objecção.

Anónimo disse...

Dizia o Padre Felicidade Alves, justificando mudanças de opinião que é legítimo ter-se, que "ninguém pode meter a inteligência no frigorífico". É verdade. Mas há muitas maneiras e motivos para que isso possa acontecer. E, no caso ou casos a que o Senhor Embaixador se refere, nota-se um claro sentimento de revanchismo que não é bom conselheiro e que põe em dúvida a credibilidade, a respeitabilidade e a autenticidade dos sentimentos e das razões desses "convertidos". Por isso, concordo inteiramente consigo quanto à estranha sensação que causa ver agora surgirem tão aguerridos apóstolos de opiniões que sempre combateram. E não se dê como exemplo justificativo de tais reviravoltas a, essa sim autêntica, conversão de São Paulo na Estrada de Damasco, que ele pagaria com o cárcere e com a vida.

patricio branco disse...

bastante confuso o que disse ontem pacheco pereira mesmo com os esquemas desenhados e o dinheirinho sobre a mesa, penso que ele quiz dizer que há 2as intencões em tudo aquilo, não genuinas e de bondade, oportunismos eleitorais já, etc, mas confuso sem duvida, mázinhas as intervenções ontem de pp, ou fraquitas, dos 3 o ac foi afinal o mais equilibrado e sensato, e como pode dizer o 3º que o irc não entra no que respeita à justiça social ou injustiça, etc

Anónimo disse...

Não percebi nada daquele boneco deitado com uns dinheiros nas pernas que pretendia “diagramar” a economia à portuguesa. Resquícios de doutrinações maoistas…
Mas também não percebi as explicações para justificar o acordo do PS: Então a redução do IRC não é mais lucro para o acionista? Que desculpa de mau pagador! Viu-se mesmo que acordaram a “pedido”, tal como no futebol quando se levantam os braços para o árbitro por em off side o adversário.
Não é que não concorde que a medida até pode ser positiva, mas é mais uma avulso nesta governação em cabotagem…mas sempre só a olhar para “estibordo”…
antonio pa

Anónimo disse...

"incomodidade" é uma maneira muito complicada de dizer "incómodo"

Anónimo disse...

Pacheco Pereira está "reencarnado" por Cunhal.

De tanta biografia que escreveu sobre o dito, "absorveu" os tiques as "ideias", claro num tom soft "wireless" para tablets e quejandos.

Aconselhava um ano sabático na Coreia do Norte.


Alexandre

Anónimo disse...

Discordo inteiramente deste Post, embora respeite a opinião aqui expressa. No fim de contas, esta é a opinião de Seguro e da ala direita do PS, que o autor do Blogue apoia. Seguro/PS este que amanhã fará uma aliança com o CDS, ou o PSD, quando obtiver a sua maioria relativa. Opções que o autor deste Blogue apadrinha. Este governo já deveria ter sido demitido há algum tempo atrás e depois de mais um chumbo do TC o governo constitui uma provocação aos olhos dos eleitores e contribuintes. O Pingo Doce e a Mota Engil agradecem esta sua posição. Aquilo que Seguro concordou sobre o IRC não é grande solução, pergunte-se a quem é micro, pequena, ou mesmo alguns médios empresários. Seguro procurou dar um ar institucional, com um olho na direita, a tentar cativa-la. Passos, a partir de agora, sabe que pode contar com a subserviência relativa do rapaz Seguro. Amanhã se o PS, em coligação com um Partido de Direita (PSD, CDS) nos vier a governar, lá o veremos a integrar, quem sabe, esse governo, outro que optará por não beliscar os mercados e se assim o exigirem, irá voltar a extorquir aos bolsdos dos mais desfavorecidos.


Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Anónimo das 15.06: que me conste, o PS não podia demitir o governo. Por isso, "devesse" ou não ele ter sido demitido, que tem o PS a ver com isso? Gostava também de conhecer as suas opções de governo num futuro sem maioria PS.

Francisco Seixas da Costa disse...

Ó Feliciano! Não publico! Há quem leve tudo a sério!

opjj disse...

Concordo consigo,Pacheco Pereira é um caso de estudo. Por mim não será.
Faz-me lembrar um colega de Serpa (falecido). Dizia ele, " Os psiquiatras inventam problemas e depois vão estudar como resolvê-los".
Cumprimentos

Eduardo Saraiva disse...

Começo a acreditar que Pacheco Pereira regressou às suas origens "politico-doutrinárias".

Anónimo disse...

Caríssimos Francisco Seixas da Costa e Feliciano Mata

A 'velha senhora' diz que ficou roída de curiosidade e dirige-se aos dois, desesperada,
a ver se tira nabos da púcara (sem sorte nenhuma, imagino!):

ó camarada seixas eu fiquei aguada
porque falar não deixa o mata camarada?
se é sobre o pacheco não importa nada
se for sobre o amor ah isso sim me agrada

ó camarada mata eu cá fiquei aguada
conte lá prá malta o pacheco camarada
já deu tanto volteio a todos desgrada
quem o leve a sério não importa nada

Anónimo disse...

Parabéns pela capacidade de Obter comentários tão interessantes. Não há defeito que não tenha o PS de AJS. Andando por aí, mais do que certamente o Sr Embaixador não imagina o que se aprende, no insulto e na capacidade de distorcer/omitir declarações de AJS.
1- Limpinho, o governo não cai porque Seguro não quer.
2- É um nabo e deve demitir-se rápido para dar lugar a D. Sebastião.
3- Acordo IRC? Sem acordo não havia. Mais AJS devia descer já IRS, Iva, subir o SM.
4- Tantos partidos, movimentos à esquerda? Óptimo. Só assim vai haver convergência à esquerda e impedir coligações à direita.
5- Falso moralista, com a mania da transparência (esta vem de dentro, muito persistente).
Podia continuar..
Quanto ao Pacheco, dicidiu há muito quem seriam os SGs que ele patrocina para a coligação PS/PSD. Do lado do PSD pela amostra bem pode limpar as mãos
à parede. Quanto a críticas a Seguro, acompanhadas de jogos de sedução ao escolhido por ele para SG do PS, melhor fora que escolhesse um Social Democrata a sério no seu partido, se é que ainda encontra algum. Assim o que desejamos a AJS/liderança do PS, é coerência, determinação e nervos de aço, que os tempos estão perigosos. Boa sorte Bom Ano para si e regresse em força para os novos projectos que abraçou.
Maria

Defreitas disse...

O problema do PS é que, lá onde ele quer emendar ou remendar o sistema existente, é preciso sair deste , e voltar ao partido revolucionário, ao partido do povo, isto é, ao verdadeiro socialismo que rompe com as combinações partidárias e não se contenta de gerir como os sociais democratas. Afrontar as forças conservadoras que são os verdadeiros beneficiários do actual descalabro e da crise actual.

Estas forças só parecem grandes , porque estamos de joelhos.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...