quarta-feira, dezembro 18, 2013

Notícias da esquerda

Há dias, o deputado europeu Rui Tavares, anunciou a criação de um novo partido na esquerda do espetro político nacional, do qual ainda não se viu muito. Dias depois, soube-se que o antigo bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, vai liderar uma lista nesse mesmo setor, em nome de um partido que, como outros, apenas emerge nos períodos eleitorais. Ontem, um grupo significativo de personalidades, também de esquerda, veio dizer da sua vontade de também concorrer às eleições europeias, com listas próprias, embora com uma, por ora insondável, mensagem de "unidade". À medida que nos aproximarmos das eleições europeias de maio (é verdade, este ano é mais cedo) surgirão por aí os MRPP's e o resto dos egos progressistas, desde o centro-esquerda aos "verdadeiros" esquerdistas, para quem os tempos de sufrágio são um regular momento de Lázaro. Claro que também veremos o PCP, agora inchado de amanhãs que cantam ruas cheias de CGTP's, acompanhado por essa força de larga expressão que são "Os verdes", subir, impante, à tribuna do descontentamento. O Bloco de Esquerda, ou o que dele então restar - com a pluralidade das suas componentes de ex-PCP's, maoístas, trotskistas e católicos progressistas - também irá tentar dar o ar possível da sua graça. Finalmente, "last but not least", o PS, sem o qual a restante esquerda bem pode entrar toda no mesmo caldeirão mas nunca conseguirá fazer a poção mágica de vitória, lá terá a sua lista, fruto de laboriosos arranjos entre as suas "sensibilidades". Sobra mais alguma coisa? Quantos sorrisos na S. Caetano e no Caldas não haverá...

10 comentários:

Anónimo disse...

sorrisos bem por culpa do ps...

a ver quando é que costa se decide a afastar inseguro
esperemos que nao falte muito

Anónimo disse...

Escolha de voto não vai faltar. Faltará, como aliás tem acontecido, é vontade de votar.
Eu só tenho duas mãos para empurrar a coragem mas creio que vou conseguir. Por aqui, Paris, a comunidade portuguesa lançou a campanha para o voto sob a palavra: "quem vota conta". Mas mesmo assim, votando, tenho cá uma desconfiança séria se o meu voto contará, de facto, para aquilo que quero...
José Barros

Um Jeito Manso disse...

Bom dia Embaixador,

Ontem à noite, antes de me atirar à cultura (geral), também dissertei sobre o tema da cogumelização da esquerda que, justamente, deve estar a deixar radiantes os verdadeiros artistas da política e das cassetes piratas da direita.

http://umjeitomanso.blogspot.pt/2013/12/manifesto-3d-do-daniel-oliveira.html

Que coisa esta, não é?

Desejo-lhe um belo dia, Embaixador.

LUIS MIGUEL CORREIA disse...

Ando há décadas a ver estes filmes eleitorais, desde as eleições de 1969, as primeiras em que me deixaram propaganda na caixa do correio. Muitos dos protagonistas já não serão os mesmos, os desafios também são outros, mas o folclore é parecido e não saímos disto. Em 1910, pelo que vou lendo, não foi melhor, com a particularidade de os revolucionários prenderem os grevistas, perseguirem a igreja católica e raparem as cabeças aos religiosos - pelo menos não se usava a guilhotina...
No final das festas pagamos todos... E algumas contas têm custado muito a pagar... E ainda temos que gramar os tempos de antena dados aos ilustres governantes, muitos doutorzinhos ainda jovens, réplicas de gloriosos conselheiros Acácios, tão vaidosos como cinzentos, para já não falar da tríade dos credores que nos visita amorosamente. Claro que apesar do cansaço e desanimo geral muita gente se esquece de quanto Portugal mudou nos últimos 50 anos, e gosto de exercitar a imaginação e adivinhar o muito mais que se poderia ter feito se tivéssemos conseguido ser mais organizados e sensatos... Agora que Portugal é uma terra fantástica para se viver, mesmo nas circunstâncias actuais, não tenho dúvidas... Pelo menos a mim ninguém me tira daqui...

Defreitas disse...

Seguindo a reflexão do Sr. José Barros:

Sim, é realmente difícil, hoje, de escolher a via que respeita as nossas convicções. As sirenes são legião. Falta saber o que procuram ou que vão fazer com o nosso voto.

Existe hoje, indubitavelmente uma inércia das consciências que se exprime por um conservadorismo exacerbado. E é compreensível. Mas nefasto. Lutar contra esta inércia não pode fazer-se por uma simples "contra propaganda", tão progressista seja ela... em tal jogo o sistema dominante é vencedor em todos os lanços.
Mas, tout de même, o "desbloqueamento" das consciências só se pode fazer que quando elas se transformam em actores do seu próprio destino...quando todas as suas dúvidas, as suas esperanças tomam forma por uma prática concreta.

Creio que foi Miguel Torga que escrevia :

" Fenómeno curioso. O pais ergue-se indignado, moureja o dia inteiro, come, bebe, diverte-se indignado, mas não passa disto. Falta-lhe o romantismo cívico da agressão.. Somos socialmente uma colectividade pacífica de revoltados ".

No que respeita os Portugueses creio que é verdade!

A escolha política é livre, sim senhor, como é livre o burro atrelado ao poço e que bombeia a água segundo o ritmo que lhe convém.. com a condição que a água suba.

O cidadão é perfeitamente dependente do sistema político...e portanto do sistema económico que este supõe. A sua única acção limita-se a designar aquelas e aqueles que gerarão o sistema. A sua dependência tem um lindo nome : respeito dos princípios "democráticos". Mas vamos lá exercê-lo porque o risco seria maior se o não fizermos.

Cunha Ribeiro disse...

A Esquerda é uma necessidade sempre adiada. Uma manta de farrapos que se rasga e cobre quem mais puxa por eles, os farrapos. O Grande (farrapo)- o do PS - por sua vez também é rasgado conforme os ventos que passam, e o resultado é esta vida esfarrapada que grande parte do povo (e classe média moribunda)são constrangidos a vivenciar.

fatima MP disse...

Também na esfera política, o céu é o limite ...! Haja Deus ...!!!

Defreitas disse...

Até aqui ainda o segui, Senhor Luis Miguel Correia. Mas a partir da frase : ". Agora que Portugal é uma terra fantástica para se viver, mesmo nas circunstâncias actuais, não tenho dúvidas.." !

Tudo depende como o Senhor Luis Miguel Correia considera o termo "viver".

Se viver é respirar, talvez. Mas quando a miséria aperta, Sr. Correia, a sua frase é algo provocante nos tempos que passam.

Viver ocupa muito tempo, Sr. Correia. Em princípio ...

Mas viver, para quê? Esta é a pergunta que fazem hoje muitos humanos.

Viver para assegurar a salvação no outro lado, como nos aconselha a religião?

Viver para um mundo mais justo? Mesmo esta resposta é um pouco curta: o progresso social não basta para dar um sentido aos destinos individuais.

Sobrevoando o resumo que faz, o Senhor. planta o decoro dos grandes movimentos do futuro. Portugal é um grande pais onde apesar de tudo se vive bem! Diz o Senhor. Mas vive quem? A grande miséria que nos assola jà um pouco mais todos os dias, irá buscar em todos os cantos os elos que existem entre as pessoas (os pobres e os pedintes que têm um grande futuro!) laminados pela economia de mercado depois pela economia mundializada, e aqueles que "vivem bem"!

Se em Portugal se continuar a "viver bem" , por um lado, e a viver na indigência, por outro lado, a proporção dos primeiros sendo inferior aos segundos, aposto que nos anos muito próximos, circular numa grande cilindragem alemã nas estradas nacionais será tão perigoso que viajar nos tempos da diligência ,ou nos tempos da fome dos séculos passados...
A caça aos bem providos vai abrir-se dentro em pouco se eles continuarem a empanturrar-se à custa dos três quartos da humanidade como fazem actualmente.


Vêem-me à memória estes versos de Victor Hugo:

" Je rêve de l'équité, la vérité profonde,
l'amour que veut l'espoir qui luit, la foi qui fonde
et le peuple éclairé plutôt que châtié.
Je rêve la douceur, la bonté, la pitié et le vaste pardon.
De là ma solitude.

Anónimo disse...

Tenho saudades do MDP-CDE! E o POUS, desses intermináveis Aires Rodrigues e Carmelinda Pereira?

patricio branco disse...

e de gentes e sensibilidades partidárias que quererão e sentem direito à sua quota parte das andanças entre estrasburgo bruxelas lisboa, pois não fizeram muito pelos seus partidos e não é assim e isto o direito à repartição e recolha das recompensas?
novos partidos situem se em que ponto cardinal se situem são benvindos, é preciso novidade, renovação, reduzir o monopólio dos 3, 4 ou 5 grandes, etc etc

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...