terça-feira, dezembro 17, 2013

Draghi e nós

Mario Draghi disse aquilo que toda a gente já sabia mas que alguns, que acham que os mercados "nasceram ontem", teimavam em não querer assumir: Portugal vai ter de passar por um programa de ajuda externa, depois da saída da "troika". Não é uma boa notícia, mas está longe de ser uma surpresa e é uma realidade que vamos ter à nossa frente. E é igualmente a prova provada que o processo de ajustamento, da forma que foi planeado ou no modo como foi desenvolvido, não atingiu aquele que era um dos seus objetivos centrais: fazer regressar o país ao mercado de financiamento internacional, a taxas comportáveis, por forma a sustentar o pagamento do nosso serviço de dívida, que tem um impacto substancial sobre o défice, e a progressiva atenuação da própria dívida que exceda os 60% do PIB. Resta-me, porém, um mistério sobre o qual, até hoje, nunca ouvi uma palavra de quem subscreveu, por parte de Portugal, o "tratado orçamental": como é que o país conseguirá cumprir as determinantes constrangentes desse mesmo tratado, não apenas em matéria de dívida mas, essencialmente, em termos de limites para o défice estrutural?

8 comentários:

Anónimo disse...

Ora bem. Porque é que se vai pagar, isso é que eu não sei.
José Barros

Anónimo disse...

Afinal o que o Tribunal Constitucional vier a resolver é indiferente: se não se baixar o déficit por um lado, baixa-se por outro, e os mercados querem saber das capacidades reais de recuperação da economia portuguesa e não do bom cumprimento pelos portugueses das ordens contraditórias de uma troika sem rei nem roque. Estarei a ver mal?

a) Henrique de Menezes Vasconcellos (Vinhais)

PS - Viva El Rei!

Mônica disse...


Francisco
E tao complicado politica quanto economia. E em Portugal ambas as coisas precisam ser bem estudadas.
com carinho Monica

Anónimo disse...

Á sua atenção. Nasceu o movimento 3D.

Penso ser só o tipo de formato do "filme" e não o conteúdo.


Alexandre

São disse...

De economia , não entendo grande coisa.

E quando ouvi Passos afirmar que "a única maneira de sair desta situação, é o país empobrecer" ainda fiquei a perceber menos!!

Só sei que os números e as estatísticas "se forem torturados, dirão o que nós quisermos".

Quanto a política, de que gosto e tenho alguma informação, também não consigo entender como é que a Direita se entende, mesmo com traições e demissões irrevogáveis e a Esquerda se fragmenta cada vez mais.

Desejo-lhe uma noite sem pesadelos, que é o que esta situação portuguesa provoca .

Anónimo disse...

Pagamos? Não pagamos? Mas sera mesmo que o objectivo é o défice? Acho que não. Enquanto não houver umas empresas em franca e farta... laboração, com mão de obra "baratinha"... E, porque não nos dizem as verdades, que nem são tão complicadas de se perceber. Quem andou (alguns dos nossos experimentados ex-governantes andaram) nos Novos Territorios de Hongkong e pelo Sul da China, passando as Portas do Cerco viu bem com se trabalhava sem parar por aquelas bandas. Os paises aonde ainda ha uma classe média feliz nesta Europa "democratica" que se cuidem... os "pigs" portugueses caminham a "passos largos" para servirem de bitola. Assim, por "baixo", e, por este andar, desta vez" vamos mesmo no pelotão da frente................

Defreitas disse...

Reduzir os défices corresponde essencialmente a pagar os detentores de bons do tesouro, isto é os bancos, companhias de seguros, investidores estrangeiros e pequenos portadores.

Quando um pais como Portugal é obrigado a fazer strip-tease perante os mercados e os seus parceiros europeus, obrigado a vender o seu património, fazer recuar os direitos fundamentais dos seus cidadãos, é que existe um problema muito sério de soberania. Mas pior ainda, quando tudo isto é defendido, aprovado e encorajado pelos governantes eleitos para defenderem os cidadãos, é que a Democracia está gravemente doente.

Ao mistério que o Sr. Embaixador ainda não compreendeu, eu acrescento um outro: Ou a divida é realmente "sem risco", e neste caso o pagamento dum "prémio" de risco é ilegítimo. Ou a divida soberana seria "arriscada", e então é lógico que os investidores arquem com as perdas eventuais. Não ?

O mercados não podem ter " a manteiga e o dinheiro da manteiga", neste caso rendas confortáveis e sem risco. Noutros termos, que se faça tudo para equilibrar as contas públicas, mas os investidores devem participar também ao esforço de guerra, renunciando a uma parte dos seus rendimentos ( não falo do capital). E isto não é só uma boa ideia: é o requisito necessário a toda reforma deste pais porque se trata duma questão de justiça social. Porque é injusto de fazer suportar o esforço principal sempre aos mesmos.
Vê-se bem: as reformas e planos de austeridade não levam a lado nenhum hoje senão ao aumento do desemprego e da miséria. A precipitação só faz exacerbar os ressentimentos entre os povos e entre os cidadãos: estamos a enfiar direitinhos na goela do lobo do fascismo.

A menos que nos precipitem na revolução antes, bastaria que os governantes dignos desse nome, batam o pé, ameacem, sejam insuportáveis, para que os mandões aceitem de reestruturar a dívida. Mas para isso é preciso muito carácter, do género da Margareth Thatcher que batia o pé à Europa e gritava : " I want my check"! E obteve-o!
Porque enfim : Como é possível justificar que o BCE empreste aos bancos privados somas monstruosas aos juros mais baixos do mercado, enquanto recusam ao mesmo tempo a mesma coisa aos Estados? E são estes mesmos tristes indivíduos que nos dizem que é preciso "armar os estados perante os mercados e a especulação" !! Como se diz em bom francês : " On ne nous prendraient pas pour des c... par hasard?

Como muito bem escreve o Sr. Embaixador : O problema apresenta-se em poucas palavras: Para pagar o serviço da dívida é preciso sobretudo crescimento económico, o que seria melhor que pedir mais dinheiro emprestado aos especuladores, mesmo a "taxas comportáveis", senão continuamos a alimentar a ...dívida!

Mas é aqui que estou preocupado: Como é possível obter o crescimento económico num pais que tem uma indústria insuficiente, que não tem pesquisa e desenvolvimento para criar novas industrias, destruiu certas actividades de base como a pesca e a agricultura, que viu sectores industriais desaparecerem, como o têxtil, e assiste ao êxodo da sua juventude para o estrangeiro por essas razoes? Sem falar da evasão fiscal que priva o pais de margens de manobra indispensáveis ao investimento. A economia virtual destrói a economia real e a Nação.

Anónimo disse...

Engraçado, na foto por si publicada, em 2º plano está uma das maiores competências de supervisão bancária em Portugal, que deu tantos frutos no caso BPN já não mencionando as trocas de adminstração do BCP.


Alexandre

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...