terça-feira, abril 14, 2009

Hubert Védrine

Hubert Védrine foi ministro dos Negócios Estrangeiros de França, durante o governo Jospin. Antes, havia sido íntimo colaborador de François Mitterrand, em torno de cuja figura fez um livro que considero essencial para melhor se perceber o antigo presidente - "Les Mondes de François Mitterrand".

É um homem sereno, que pensa a política externa com grande cuidado, sublinhando as vantagens de olhar os tempos em perspectiva, evitando juízos radicais ou moralistas, mas não caindo nunca num relativismo de "realpolitik".

Conheci-o bem quando, ao tempo em que ele era homólogo de Jaime Gama, nos cruzámos em dezenas de horas de reuniões, nos idos de 90, e, em especial, no processo de sucessão das presidências portuguesa e francesa, em 2000. Foram tempos complexos, em que nem sempre estivemos de acordo, antes pelo contrário. Mas guardámos uma excelente relação pessoal, que prolongámos em encontros em Nova Iorque.

Tivemos um almoço, há dias. Védrine, que há uns anos criou o termo "hiperpotência" para designar os EUA, tem hoje uma leitura expectante, mas não deslumbrada, de Obama, do novo estilo de liderança americana que alguém, por aqui, qualificou há dias de "modéstia tranquila". Tem também uma reflexão interessante sobre a inquietante não homologia entre a multipolaridade do G20 e o mundo multilateral. E incita a que observemos, com prioridade, a evolução da China e a hipótese de, a prazo, se vir a criar um irónico "G2" (EUA e China), com a Europa a ver navios...

2 comentários:

Helena Sacadura Cabral disse...

E, a seu tempo, a India...

Paulo Correia disse...

Não colocar de lado também o Brasil e a Rússia... O tal BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China)...

Poder é isto...

Na 4ª feira, em "A Arte da Guerra", o podcast semanal que desde há quatro anos faço no Jornal Económico com o jornalista António F...