Fui apresentado a Robert Badinter, há quase dois anos, aqui em Paris. Disse-lhe então do prazer que tinha em conhecê-lo pessoalmente, pelo profundo respeito que a sua figura de retidão ética me inspirava, desde há muito. E, devo confessar, não há muitas pessoas a quem eu me sentisse tentado a dizer o mesmo.
Robert Badinter foi, durante quatro anos, ministro da Justiça de François Mitterrand e proponente da medida legislativa que, em outubro de 1981, proibiu a pena de morte em França. Tinha na minha memória a campanha de vilificação de que então foi alvo, com acusações miseráveis, que o qualificaram como "o advogado dos assassinos".
Num tempo em que, um pouco por todo o lado, a política imediatista tende a esconder os princípios por detrás do populismo, vale a pena relembrar que Badinter soube conduzir a França para a linha da frente da defesa das liberdades - abolição dos tribunais militares, supressão do delito da homosexualidade, sujeição ao Tribunal europeu dos direitos do Homem, etc.
Num tempo em que, um pouco por todo o lado, a política imediatista tende a esconder os princípios por detrás do populismo, vale a pena relembrar que Badinter soube conduzir a França para a linha da frente da defesa das liberdades - abolição dos tribunais militares, supressão do delito da homosexualidade, sujeição ao Tribunal europeu dos direitos do Homem, etc.
Badinter acaba de publicar uma memória desse tempo de honra para a vida pública francesa, sugestivamente intitulado "Les épines et les roses". Lê-se de um trago, como retrato que é de uma bem sucedida mas complexa experiência política. Nele, Badinter não deixa de notar que a democracia está longe de ser a reprodução mecanicista do sentimento popular: quase 2/3 dos franceses eram favoráveis à manutenção da pena de morte, no momento em que ela foi abolida. Liderar, politicamente, é também ter a coragem de tomar medidas impopulares, quando se entende que o bem público as justifica.