1. Luís Marques Mendes anunciou que vai apresentar a sua candidatura. O PSD vai apoiá-la, pressentindo que necessita de tentar segurar o seu eleitorado, de onde sabe que está a fugir muita gente para ir atrás do almirante. É injusto para Marques Mendes que o apoio do seu partido seja feito "faute de mieux". É um homem sério, será um candidato competente e, se acaso fosse eleito, estou certo de que teria um comportamento à altura do sentido de Estado que se exige a um presidente. Mas acho que, nesta fase, ele próprio tem plena consciência de que esta é uma candidatura sem a menor hipótese de sucesso.
2. A candidatura de António José Seguro está muito longe de poder vir a mobilizar o Partido Socialista, isto é, mobiliza apenas aqueles que, dentro do PS, vivem ainda numa espécie de vingança virtual face a António Costa - tal como acontece com o próprio Seguro. Da mesma forma que Marques Mendes, Seguro é uma pessoa íntegra e que sempre revelou um sentido de Estado que, a meu ver, não colidiria, em tese, com o perfil necessário para o exercício da função presidencial, embora o que há semanas disse a propósito de o OGE não necessitar de aprovação parlamentar tivesse revelado uma estranha pulsão propositiva, que se aproximou de alguma irresponsabilidade. As suas hipóteses de ser eleito são próximas de zero, por muito que algumas sondagens ainda o promovam. Diria mesmo mais, algo que julgo não ser necessário explicar: a maioria das pessoas que, num outro circunstancialismo, se poderiam sentir motivadas a votar em António José Seguro já se decidiram pelo almirante.
3. A meu ver, sem mais reflexões que escondem hesitações, o Partido Socialista tem, muito rapidamente, de "fechar" o seu apoio em torno de uma candidatura de António Vitorino. A larga distância de outros potenciais candidatos oriundos da mesma área - e eu votaria, sem a menor dificuldade, em Augusto Santos Silva, Mário Centeno ou Elisa Ferreira -, António Vitorino, embora tendo por ora um evidente défice de notoriedade, dado ter estado afastado do país muitos anos, é, no plano substantivo que importa para o perfil de um chefe de Estado, uma personalidade com preparação e conhecimentos que só António Guterres suplantaria. Vitorino seria um excelente presidente da República. Possui uma experiência internacional que o qualifica como aquele que, a grande distância, melhor representaria Portugal pelo mundo. Quem o conhece, nomeadamente o mundo partidário fora do PS e os setores económicos e sociais, sabe que a sua capacidade de diálogo seria uma garantia de o país poder vir a ter em Belém uma figura moderada e moderadora. O que Portugal bem precisa, nos tempos que se avizinham.
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