quinta-feira, agosto 03, 2017

Fácil, não é?


Era assim, naquele tempo. A embaixada portuguesa em Oslo publicava, antes do Dia de Portugal, um anúncio na principal imprensa norueguesa, convidando todos os emigrantes portugueses naquele país a escreverem um postal à embaixada e, dentre as respostas recebidas, far-se-ia um sorteio que dava direito a uma viagem paga a Portugal. Creio que era a TAP que patrocinava a iniciativa

Nesse início dos anos 80, os portugueses residentes na Noruega não chegavam às três centenas. Eu era responsável pela secção consular da nossa embaixada em Oslo, cidade onde funcionava a única associação de portugueses no país, o "Clube Português Amizade". Cabia-me a mim montar a "operação".

Nesse ano - 1980 ou 1981 -, feito o sorteio, verificou-se que o nosso compatriota vencedor residia em Vadsø, uma pequena e distante localidade bem acima do Círculo Polar Ártico, não longe da fronteira com a então União Soviética. Telefonei a informá-lo e a combinar a logística e, por curiosidade pessoal, perguntei-lhe como diabo fora parar àquele remotíssimo lugar, onde, até ao momento, não se sabia residirem portugueses.

"Não, não há cá mais nenhum português. Quer saber como vim? Olhe, eu estava a trabalhar numa fábrica no norte do Irão. Havia por lá um norueguês que me disse que aqui havia um trabalho bem pago, também numa fábrica. Ele fez o contacto e eu vim. Fácil, não é?"

É "fácil" esta fantástica aventura da nossa diáspora...

7 comentários:

Anónimo disse...

Os portugueses são as baratas da espécie humana: dão-se bem em qualquer lado ;)

Anónimo disse...

Mais difícil é a aventura da diáspora na Venezuela mas - que raio! -, essa nem uma linha merece aqui...

Reaça disse...

Os portugueses dão-se bem (desenrascam-se) em qualquer lado, mas dão-se melhor para sul do que a norte.
Pena, que quem não emigra tenha tão pouco juízo e não mantenha a linha.
Foi a 3 de Agosto, hoje, aniversário da cadeira que tombou.
Caiu quando ainda faltavam mais uns 40 anitos para a têmpera ficar no ponto.

Joaquim de Freitas disse...

O anónimo das 13 :45 parece desesperado que ninguém venha aqui dizer que a Venezuela é um perigo iminente para os EUA, como disse Obama.
Claro que devemos vir ao socorro de Trump, que não sabe como fazer calar este povo, apesar do bom trabalho dos seus esbirros, entre os quais Caprilles, que dizia há horas que “Pinochet foi um grande líder do Chile”
Caprilles, o chefe da oposição que quer governar com uma minoria de venezuelanos, com a ajuda dos “guarimbas” que assassinam nas ruas de Caracas.

Pena é que não possa ilustrar o meu comentário com a foto da repressão de Perez em 1989, em Caracas, dos oponentes à sua política, com armas de guerra com o resultado de 2 000 mortos…Isto é outra coisa que 110 mortos, dos quais uma dezena de vitimas da reacção policial de Maduro.

Na Venezuela, como algures, a diferença entre uma ditadura de direita e outra de esquerda, é que sob a ditadura de direita, como foi no Chile, os oponentes desaparecem, no mar ou algures. Na de esquerda, como em Caracas, os oponentes aparecem todas as noites na televisão de todos os media internacionais para denunciar a ditadura de Maduro.

Mas sabemos que as ditaduras de direita são macias na repressão. Ia falar da Arábia Saudita, que enforcou esta semana alguns jovens oponentes ao seu regime. Mas não é realmente uma ditadura: é um reino. E não é de direita mas teocrática.

O que me impressionou esta semana foi ver que raramente um governo terá dado provas de “retenue”, ou retenção perante as violências sistemáticas, violências que visam a “matar”, a fazer vítimas. E raramente as forças da ordem duma ditadura (instaurada ou em curso) terão tido nas suas próprias fileiras tantas vítimas sem uma reacção, digamos, “determinada”…

Que diferença com os milhares de mortos de Perez, ceifados à metralhadora. Repressão que abriu a via da eleição democrática que trouxe Chavez ao poder.

E quando penso que um governo como o da Colômbia, que fornece mercenários à Caprilles , considera Maduro como não frequentável, este governo colombiano que ainda não mostrou ao mundo as dezenas de valas comuns , algumas com mais de 2 000 cadáveres, sob o reino duma classe que ainda está no poder… Fariam melhor de calar-se , os dirigentes dos EUA à cabeça. Mais existem mais…
Enfim, o problema é que Exxon Móbil espera , impaciente, de poder regressar aos campos de petróleo do Orénoque…

Quanto à Diáspora, que era anti Chavez como foi anti Mandela, que se calme. Os Venezuelanos têm boa memoria.

Dalma disse...

O Sr. Anónimo das 13:45 é que é uma barata, (que sabemos ser um bicho nojento) falando assim dos muitos milhares de esforçados emigrantes portugueses!

Anónimo disse...

Dona Dalma, em primeiro lugar, a barata não é um bicho nojento, ao contrário do que dizem as más línguas. Respeito pela barata. Em segundo lugar, desconfio que sei mais de emigração, e da sua dureza, do que a senhora. Desde que o meu avô emigrou para o Brasil, já nos longínquos anos 50, vários outros se seguiram na minha família, alguns tendo conhecido o famoso bidonvile de Champigny. Apesar das dificuldades da vida lá longe, era gente bem disposta, com sentido de humor, coisa que a senhora, tão enxofrada, não tem.

patricio branco disse...

frio por lá, melhor ir para outros países, belgica, frança, angola mas esperar um pouco, não conheço a noruega, nunca esteve nos meus planos ir, nem a suécia, vendo bem pouco viagei, para noruega talvez um cruzeiro...

Poder é isto...

Na 4ª feira, em "A Arte da Guerra", o podcast semanal que desde há quatro anos faço no Jornal Económico com o jornalista António F...