Já recordei várias vezes, no modo como esse tempo me marcou, o meu dia 11 de setembro, há 15 anos, em Nova Iorque, quando aí era Representante Permanente de Portugal junto das Nações Unidas (o relato mais completo está aqui).
Mas creio que não referi o que respondi a um jornalista de uma televisão portuguesa que me fez, no final de uma entrevista, poucos minutos antes de perdermos as comunicações telefónicas com Lisboa, uma pergunta desnecessária:
- A data de 11 de setembro vai ficar marcada na sua memória para sempre?
A minha resposta foi sincera e, até hoje, nunca decidi se a devia ter dado ou não:
- O 11 de setembro já era uma data triste para mim, agora é mais. É que foi em 11 de setembro que as tropas de Pinochet derrubaram Salvador Allende, no Chile.
Vários amigos, nos meses seguintes, viriam a acusar-me de "imprudência" e até de "falta de sensibilidade". Posso perceber essa atitude. Mas, como digo, fui totalmente sincero.
5 comentários:
No ambito do politicamente correcto a sua resposta foi incorrecta.
No ambito do correcto foi uma resposta simples e correcta.
Chicamigo
Dei também essa resposta no i Congresso dos Jornalistas. Houve quem me olha de viés, mas eu estive-me nas tintas. Isto tudo porque dissera o que vira a cidade depois de quatro dias dos criminosos atentados, respondendo também a uma pergunta estupidíssima; tão burra que nem aqui revelo também há os que se intitulam jornalistas com carteira profissional - mas que são burros até dizer que basta... ou que são bosta.
Bjs da Raquel e abç do Leãozão muito fanado...
Neum era de esperar outra coisa de si.
Pinochet foi um ditador de direita (estupído) e Allende , na senda dos amanhãs "gloriosos"seria outro, mais cínico nos seus objectivos com qualquer estalinista da velha guarda.
A resposta devia ser 11 de Setembro de 2001, não precisa de explicador para esta resposta.
Bela resposta! Parabéns!
O 11 de Setembro que recordo - com mágoa - é o de 1973.
Quando o Presidente Salvador Allende e o seu legítimo governo, legitimação essa decorrente de eleições democráticas,foi derrubado pela clique fascista liderada pelo facínora de Augusto Pinochet, financiado pela CIA (EUA). Como aqui diz e bem, corajosamente, Seixas da Costa.
Francisco M.
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