segunda-feira, abril 25, 2016

"Há qualquer coisa no ar..."

"Há qualquer coisa no ar, qualquer coisa que está a renascer, um certo espírito de abril" - disse há pouco Manuel Alegre, ao receber um prémio das mãos do presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

Alegre tem razão. Podemos estar todos equivocados, isto pode não passar de uma ilusão passageira, mas que a nova magistratura presidencial está a induzir algo de novo no país, essa é uma realidade iniludível. São escassas as vezes em que se vê gente rotinada na desesperança a olhar para um chefe de Estado com uma expetativa tão positiva. Marcelo Rebelo de Sousa tem uma imensa responsabilidade, porque lhe está a ser dado um crédito de confiança muito pouco comum.

Há semanas, perguntei a um amigo, professor universitário em Chicago, ligado ao mercado americano de capitais, como é que esses meios estavam a avaliar a situação económica portuguesa, agora que um governo de esquerda estava a seguir uma orientação bem diferente daquela que eles tinham "acarinhado". Esse amigo, que detesta a solução governativa portuguesa, disse-me uma frase que me surpreendeu: "Agora, a avaliação está a ser bem melhor". Fiquei intrigado. Ele esclareceu-me: "Desde que foi eleito um presidente de da República de direita, houve uma evidente acalmia na perceção negativa sobre a situação global portuguesa". 

O curioso é que eu, e creio que muitos portugueses, não identificamos necessariamente Marcelo Rebelo de Sousa com a imagem de "um presidente de direita". Hoje, ao ouvir Paula Teixeira da Cruz na sua ressabiada intervenção no parlamento, fiquei com a sensação de que, também ela, concorda comigo. E só espero que, nos próximos cinco anos, ela esteja certa.

13 comentários:

Anónimo disse...

Embaixador, concordo inteiramente com o seu post. Marcelo também poderá estar a usufruir da comparação com Cavaco, que como todos sabemos foi uma lástima. Cavaco é do tipo conservador/beato. O que para um ateu como eu é execrável. Esperemos que não venham ai os dogmáticos da treta, quer os falsos esquerda, tipo Freitas, Manuel Silva, Reys, quer os beatos da direita, tipo Breyner.

Anónimo disse...

A Paula T da Cruz é mais uma da esquerdalha de ideologia livresca: Quando não sabem dizer mais, apelidam quem não lhes agrada de salazarento bafiento, o eterno "bombo da festa". A minha mulher diz aqui que ela lhe parece estar sempre "chumbada". Não sei o que quer dizer, nem pergunto. Coisas de mulheres certamente...
Quanto ao Marcelo, lá continua, cantando e rindo!... A distribuir cumprimentos e sefies, em especial na ala esquerda da via... Mas as desiguldades entre Lisboa e a "paisagem" lá vão aumentando tal como ele contribuiu quando se opôs à regionalização ou se calou quando "reverteram" serviços económicos públicos que se encontravam no interior. E o dinheirinho da Sr. Merkel vem exatamente para fazer o contrário. Como ele/s sabem bem!
A costumeira encenação de fachada? Parece que sim! Tomara estar enganado!

Anónimo disse...

E já agora, Assis/PS e companhia, oh anónimo das 20:58. Quanto ao Breyner concordo. O que esse monárquico-conservador-católico deve pensar disto, do que disse e fez hoje (pelo PR)!

arber disse...

A intervenção de Paula Teixeira da Cruz foi de uma tonalidade execrável.
O simbolismo daquele cravo que exibia ao peito não é compatível com o ódio que cuspia em cada frase que sibilava.

CORREIA DA SILVA disse...

É já agora, para aqueles que ignoram a génese do 25 Abril,
consultem o dec.leí 373/73- General Sá Viana Rebelo.

Um Alfa Bravo a todos os Capitães Milicianos.







Anónimo disse...

Caro Arber, discordo da tua posição. Aquele cravo na lapela cai mto bem na Paula T Cruz. é aquele cravo na lapela q nos permite discordar uns dos outros. Aquele cravo na lapela é o simbolismo da liberdade q Paula T Cruz usufrui p dizer o q diz no Parlamento.

Joaquim de Freitas disse...

Sejamos optimistas, Senhor Embaixador, mas é verdade que o que seria trágico para ele e para aqueles que esperam, confiantes, numa nova vida em Portugal, que os meios de criar uma nova vida, que não se obtêm só pela "empatia" do primeiro magistrado da Nação, venham a faltar, porque dependem doutros poderes estrangeiros ao país.
Nunca a felicidade dos povos esteve tão dependente do poder absoluto duma minoria sem nome, sem fé, e sem moral que campeia em total liberdade por esse mundo fora. E do qual os "Panamá Papers" são uma pequena amostra!

Visto de longe, tenho a impressão, que se ontem os governantes portugueses se ajoelhavam e rastejavam mesmo perante esses poderes, hoje, o novo comandante preferiu convidá-los à sua mesa logo no começo, afim de obter a tal benevolência sem a qual a sobrevivência seria impossível. Mas a servidão será idêntica.

disse...

A Paula Teixeira da Cruz limitou-se a constatar o óbvio. Em Portugal ser-se de direita é ser-se politicamente incorrecto. Em Portugal há bons e maus. Os políticos de esquerda falam todos inchados e pomposos da liberdade e dos valores de Abril, mas quando se trata de admitir posições contrárias às suas, aí está quieto. A liberdade de pensamento aplica-se obviamente ao pensamento de esquerda, não queiram é insultar a memória dos fundadores do regime com conversas sobre privatizações, cortes na função pública, ou finanças públicas equilibradas. Não foi para isso que a revolução se fez.

O Sr. Embaixador já aqui escreveu várias vezes que a direita tem tb de reclamar a revolução para si. Não sei se tem. Foi uma revolução que se fez com uma agenda ideológica abertamente hostil aos valores fundamentais da direita. Não quero com isto dizer que a direita deva fazer a apologia do estado novo, que não deve. Mas o 25 de Abril não foi a revolução que o país precisava e gerou imobilismos que impossibilitam ainda hoje o país de acompanhar com agilidade as transformações à escala global. Tenho pena que não tenha havido ninguém na AR com coragem suficiente para dizer isto.

Reaça disse...

Nunca pensei que Marcelo pegasse no cravo, mas a ele, qualquer trapinho lhe fica bem.

Também lhe ficou bem, ir a Santarém honrar a memória do militar que, desarmado, entrou no Carmo garantir ao padrinho Marcelo transporte na segurança de um Chaimite, a arma da Cavalaria.

Essa ida a Santarém deixou muita gente a coçar a cabeça.

CORREIA DA SILVA disse...

Míster Reaça:
Porque não se cala, e vai dar banho ao cão ?

Anónimo disse...

Para quem como o senhor embaixador fez campanha contra o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa fico contente verificar que ja navega de acordo com outros ventos!

Joaquim de Freitas disse...

Este presidente que os Portugueses escolheram em completa liberdade, aparece todos os dias com uma imagem engrandecida, mesmo pelas pessoas de esquerda que não votaram nele.
Resumo um pouco o que escreveu o Senhor Embaixador.

Tenho a impressão, que o presidente MRS não precisa de fazer grandes esforços para sobressair quando comparado ao precedente, que o Senhor Embaixador tinha muito bem descrito a partir mesmo do seu olhar.

Ir a Santarém homenagear o herói do 25 de Abril foi reparar uma injustiça flagrante do presidente precedente. E foi um excelente investimento, sem despesas, do actual. O povo tem memória , por vezes.

Tendo escrito isto, também penso que seria bom para Portugal que se instale um outro estado de espírito na classe política e não só. Mas não sei se será possível!

Mas também é preciso não esquecer que as "individualidades fortes " e influentes, mesmo se podem modificar certos acontecimentos, não podem mudar a orientação geral duma sociedade, que é determinada pela soma dum conjunto de forças e de relações sociais.

Nenhum homem, tão simpático e grande seja ele, não pode impor à sociedade inteira relações que não correspondem ao estado das suas forças ou não correspondem ainda a ele. Pode-se avançar inutilmente as agulhas dum relógio, que isso não aceleraria a marcha do tempo e poderia mesmo provocar um retorno atrás.

Há dirigentes que se encontram nos lugares onde ocupam porque foram levados para esse lugar por poderosas forças sociais, ou uma pequena maioria de votantes, e não pelas competências pessoais excepcionais, mesmo se estas tiveram um papel preponderante.

Por exemplo, foi a classe trabalhadora argentina que, no dia 17 de Outubro 1945, venceu a oligarquia e impôs mesmo Peron à sua cabeça, recusando de abandonar a Praça de Maio enquanto que o então Coronel não viesse à varanda falar ao povo. Mesmo se foi a esposa , Evita, que conservou o lugar mais forte no coração do povo trabalhador argentino.

O problema do culto do Chefe incomoda-me. Recordo, o discurso que ouvi, confortavelmente instalado nos ombros do meu Pai, um senhor que dizia , em frente do Castelo de Guimarães, em 1940 : " Portugal pode ser se nós quisermos, uma grande e próspera Nação"!

Mas também não quero dizer que o risco de Caudilhismo existe em MRS!

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

O Presidente Marcelo está a tentar agir como um Rei, embora, em minha opinião, fale um pouco demais.

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