Tive uma amiga que foi jornalista. Tinha nome e mundo, as portas abertas, a graça do verbo ágil, a questão felina e inventiva, mas sempre cordial. Cresceu na sua carreira, em notoriedade e também na escrita. Nunca escondeu onde o seu coração pertencia, na vida como na opção cívica. Em ambas, cultou os seus heróis, viveu deles as saudades, por eles enlevou-se em entusiasmos, caiu em alguns "trompe l'oeil". Na profissão, o viés parecia equilibrado pelo desejo de compreender o outro, de se colocar na sua pele, de sempre o respeitar. E, assim, também foi respeitada. Um dia - terá data? - mudou. Crispou o verbo, acidulou o comentário, verrinou a crítica. Encandeou-se então com fogos fátuos, perdeu-se pelo facciosismo, tornou-se pena oficiosa da obsessão. Para tal, patriotou a sua escrita ao absurdo, lateralizou o olhar, deixou de ver, de vez, a paisagem do mundo. Hoje, essa amiga que tive e que foi jornalista está reduzida a mera observadora, contemplativa deslumbrada, não do sol, mas da lua, cujo brilho, como se sabe, é emprestado. E, mesmo esse, antes do eclipse que aí virá.
17 comentários:
Ena!
Belo texto. O mais fantástico é rever nessas palavras, às quais não falta um toque de nostalgia (isso me parece), tantas pessoas que passaram pelos meus dias e que cederam aos mais diversos deslumbramentos.
Que bonito Senhor Embaixador o texto em prosa poética.
"felina e inventiva
tinha nome e mundo
mudou
Crispou o verbo,
encandeou-se então com fogos fátuos,
pena (...)
eclipse que aí virá..."
In FSC
É lá, Embaixador! Belo texto. Nem sei se a dita merece texto tão bem tecido. É observadora, diz, e eu acrescentaria que nem isso embora por lá paire. É apenas uma caricatura.
Mas, olhe, inspirou este seu belo texto e isso não é pouco.
será esta ?
observador.pt/opiniao/cara-ha-e-coroa/
Pois é senhor embaixador.
É que com a idade deixamos de ser mais tolerantes. Por mim vejo. E não há tolerância para tanta incompetência e "outras coisas".
Dantes ainda tinha algum tento na língua, hoje já não e despejo tudo na cara.
Ela também.
Habituem-se, como dizia o outro.
Mas o seu texto é brilhante mesmo não concordando com ele.
o texto é muito bom (só podia ser dum diplomata). não interessa saber quem é, parece simples de perceber. acontece com frequencia qd não se consegue perceber o tal mundo e afinal verifica-se que aquilo que parecia capacidade era apenas personagem.
O senhor embaixador tinha uma amiga e deixou de ter uma amiga. E assim vai o mundo. Parece que é um belo texto, muito bem escrito, e que, ainda por cima, nos entretém como charada.
Anónimo das 05.23.Quando acabei de ler o grande texto do Embaixador, ocorreu-me imediatamente essa pessoa, mas, pensei, não, não pode ser tal personagem, porque este texto, é Bom de mais, para a Srª.
Como eu o compreendo, caro Francisco!
Um abraço
JPGarcia
Pois é! Para bons entendedores meio "texto" dá...
Belo texto. a dita "jornalista" já faz parte do passado onde pululam actualmente os que.não-evoluem.
A ler no Observador, uma jornalista:
António Costa existe mesmo?
Maria João Marques
A Maria João Marques é uma escriba inqualificável. Aquilo que escreve chega a ser sórdido. E ainda há quem lhe pague por aquele fel político que espalha com a sua escrita.
João Ferreira
Muito bom.
Catártico?.
Vale também pelo que de universal tem.
Obrigado.
É um comentário vergonhoso e despeitado que mostra a pesporrência e a arrogância de quem acha que verdade vive no Largo dos Ratos e de quem acha que quem não se verga à retórica e ao revisionismo da história recente que de lá emana, e não se curva aos seus inventados Messias cujo passado é revelador do que será o nosso futuro, deixou de reunir as qualidades óbvias que ainda tem. É certamente uma voz incómoda para o Embaixador e aquilo que defende e representa, mas de si, de um Embaixador, mesmo socialista esperava-se no mínimo um conceito de democracia mas lato!
PS: Vamos ver se o meu comentário passa por esse estreito conceito de democracia!
Como vê, "Miguel Cardoso", foi publicado. Era o que mais faltava não dar espaço ao desespero...
Maria João Marques!? Não. Falta-lhe, além do mais e de tudo, charme para ter sido amiga do embaixador. Creio,mas isso pouco importa, ser uma outra Maria João...
Não me surpreenderia que M.J.Marques ainda viesse a cair num qualquer gabinete governamental actual, dado "os serviços que tem vindo a prestar".
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