segunda-feira, novembro 03, 2014

Poder e encenação

 Dia 4 de novembro | 19 horas |  Salão Nobre | Entrada Livre
com Eduardo Lourenço (escritor e ensaísta) e Francisco Seixas da Costa (Embaixador)
Moderador: António José Teixeira (Diretor da SIC Notícias)
 
Desde sempre o poder se encenou, sobretudo o poder político. Em todos os sistemas ao longo da História, com a ajuda de técnicas próximas das do teatro, têm sido ensaiadas diferentes formas de encenação, em função da estrutura das sociedades e da especificidade da conjuntura histórica. Como é que os sistemas políticos se apresentam? Que instrumentos e meios de comunicação utilizam os detentores de poder político e os grupos de interesses para influenciarem a opinião pública relativamente aos seus objetivos? Todos os sistemas desenvolvem as suas próprias iconografias, as revoluções também. As ditaduras do século XX constituem claros exemplos de encenação política com o objetivo de manipular a opinião pública. Atualmente a legitimidade da política passa cada vez mais por processos de comunicação, pelo que a política se torna cada vez mais suscetível de encenação, levando à marginalização da realidade fora dos media. Mesmo em democracia, é o poder das imagens que impera, não o dos cidadãos.
 

Margarida Gouveia Fernandes
(Programadora dos Encontros Garrett)

2 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Há as encenações dos homens, dos ditadores, e não só, e dos regimes.

Desculpe, Senhor Embaixador que lhe dê algumas ideias das melhores encenações que conheci.

Prémio dos Ditadores:

Em 1940, ao pé do Castelo medieval de Guimarães, aos ombros do meu Pai,vi um senhor que falava nos degraus de acesso ao Castelo, enquadrado por dezenas de legionários da Legião Portuguesa e moços da Mocidade Portuguesa, um grande discurso comemorativo do centenário da Nacionalidade Portuguesa , e que dizia:

" Portugal pode ser se nos quisermos, uma Grande e Próspera Nação". Chamava-se António Oliveira Salazar.

Em 1934, desfile monstro Nazi em Nuremberga, promovida por Hitler capital ideológica do Terceiro Reich, prefigurando o Holocausto ( Arbeit Macht Frei) e os 60 milhões de mortos da segunda guerra mundial. Grande espectáculo para lançar o mais horrível regime concebido na pátria de Goethe e Beethoven.

Em 2003, na ONU, a exibição dos frasquinhos de Colin Powell para convencer o mundo da existência das armas de destruição maciça no Iraque de Hussein. Bela encenação com os representantes do mundo inteiro com a boca aberta!

Em 2007, em Paris, Kadhafi e a sua corte de 400 pessoas, transportada em 5 aviões, e a sua camela preferida (para o leite do pequeno almoço) instalados numa tenda extraordinária nos jardins do hotel de Marigny. Acolhido por Brice Hortefeux, , ministro da Imigração e da Identidade Nacional, "inventado" por Sarkozy para acolher os estrangeiros. Pouco tempo mais tarde, Sarkozy enviará os aviões Rafale , com a NATO, sem visto de entrada , pôr a Líbia sem concerto entregue aos islamistas.

Ah, e o Assad, da Síria, convidado por Sarkozy à festa da liberdade, do 14 de Julho, Avenida dos Campos Elísios ! A "Amizade" franco-siria! Hoje nem se sabe se é amigo ou inimigo!

Enfim, o aniversário de JF Kennedy, em Washington, celebrado pelo "Parabéns a Você" (Happy Birthday to you, Mister President) cantado pela Marilyn Monroe, transparente , sob o manto diáfano da fantasia...

Em 1968, no Vietname, os americanos despiam uma garota vietnamita com o sopro das bombas e destruíam completamente a sua aldeia e os seus habitantes : 514 civis, mortos. A foto da menina, completamente nua, correndo na rua da aldeia, foi vista no mundo inteiro e pesa na consciência da América. Encenação digna de Hollywood.

Cada vez que penso às encenações da diplomacia das nações, vêm-me à memoria as palavras de Napoleão a Talleyrand ! O Senhor conhece-as de certeza!

Anónimo disse...

Logo à hora do Glorioso-Mónaco? Os programadores ainda não detectaram certas coisas primárias? Claro que vou à Luz. Também gostaria de ter ido a Guimarães, mas é a vida. Não fui.

A Europa de que eles gostam

Ora aqui está um conselho do patusco do Musk que, se bem os conheço, vai encontrar apoio nuns maluquinhos raivosos que também temos por cá. ...