Em princípio, não havia razão para preocupações, mas ser sujeita a uma operação stop na madrugada de Maputo é sempre algo que cria alguma ansiedade a uma cidadã estrangeira. Nunca se sabe bem o estado de espírito prevalecente, àquelas altas horas, no seio das forças policiais e, por essa razão, quando mais rapidamente pudesse sair dali melhor seria, pensava ela, intimamente. A condutora e os seus amigos aguardaram assim, com algum nervosismo, a chegada do agente encarregado da fiscalização do seu carro. O passaporte, conjuntamente com a carta de condução, foram passados para as mãos do polícia, que os olhou atentamente, com ar grave. Até que um largo sorriso se iluminou, deixando à vista os dentes bem brancos, na cara escura que a noite adensava:
- Então é do Sporting?!
A condutora ficou siderada. De facto, era do Sporting. Mas como é que, por aqueles documentos, ele tinha adivinhado?
- É simples! Está aqui escrito: nascida em Alvalade. Só pode ser do Sporting, não é? Eu também sou!
A condutora, sportinguista a sério, escusou-se a revelar que o "Alvalade" que estava no passaporte era a freguesia de Lisboa onde tinha nascido, por um acaso, numa clínica então na moda. Isso nada tinha a ver com o estádio José de Alvalade, local histórico da prestigiada agremiação pela qual partilhava, com o polícia maputense, o mesmo fervor clubista. Mas há momentos em que tudo isso é irrelevante e esse era um deles. O Sporting jogara nessa noite, ela revelou mesmo ao agente o resultado feliz do jogo e foi nessa alegria comum que a operação stop foi ultrapassada, sem mais perda de tempo.
7 comentários:
Vamos lá a ver: Nasce mais gente em Alvalade ou em Benfica?
a) Jaime Graça
Ainda bem que isso não se passou em Guimarães!
balha-me deus & associados.
Caro Embaixador, acabei de dar destaque a este seu post no blog És a nossa fé.
A prosperidade afasta as pessoas. A desgraça une-as.
Um abraço
Quem é que conhece Carnide?
Saudações.
Silva. O nome mais conhecido deste cantinho à beira-mar plantado.
A má qualidade do serviço policial aliado à má cultura dum povo. Ainda bem para a condutora!
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