Vitor Constâncio acaba de ser escolhido para vice-presidente do Banco Central Europeu.
Esta é uma nomeação que começa por honrar o próprio, porque representa o reconhecimento internacional do seu elevado prestígio e das suas qualificações.
Mas esta ascensão de Vitor Constâncio é, do mesmo modo, algo de que Portugal se deve orgulhar, por ver um seu antigo ministro das Finanças e governador do seu banco central selecionado entre diversas personalidades da "fina flor" da banca europeia, para aquele que é o "board" decisivo para a gestão da moeda única.
Fugindo um pouco a regras que impus a mim mesmo neste blogue, devo dizer que acho tristes, mesquinhos, lamentáveis e sectários alguns comentários negativos que se ouviram, e ouvem, na pátria de Vitor Constâncio, tanto agora como no período que antecedeu esta sua eleição. Como já achei o mesmo no tocante à nomeação de Durão Barroso para a presidência da Comissão Europeia, não obstante a aberta posição contrária de alguns amigos meus.
Julgo que não será por acaso que a última palavra do poema que melhor nos caracteriza, Os Lusíadas, é "inveja".
14 comentários:
Completamente de acordo.
Sobretudo em "tempos" complexos como os de agora, é de enobrecer, serem reconhecidas internacionalmente as competencias,a personalidade adequada e a motivação , de cidadãos oriundos da terra que nos viu nascer.
Ilustram o nosso país.
Senhor Embaixador,
Comungo a sua satisfação pela nomeação de Victor Constâncio à vice-presidência do BCE pelas mesmas razões que invoca.
En revanche, estou perfeitamente de acordo com os seus amigos que reprovaram a (re)eleição do presidente da Comissão Europeia. Neste caso, penso, sinceramente, que não se trata, unicamente, de uma questão de inveja.
Felicito e desejo a Victor Constâncio perseverança e "bon vent".
Este Carlos falcao e um saudosista!
Senhor Embaixador
Como qualquer português, gosto de ver reconhecida no exterior, a competência dos meus compatriotas. Servi - e gosto de usar esta expressão da qual me orgulho, ao contrário de muitos - vários governadores no Banco de Portugal. De extrema competência. E que dirigiram o Banco Central em períodos dificílimos.
Nesta altura gostaria de lembrar Jacinto Nunes e Silva Lopes a quem o país tanto deve e de quem, injustamente, se fala pouco.
Quanto ao Dr Durão Barroso milito no grupo da nossa Helena Oneto...
Subscrevo.
Isabel seixas
Caras Amigas: Por mais do que óbvias razões, deveria concordar convosco. Mas não concordo.
Obviamente que a nomeação prestigia Portugal, e desejo a melhor sorte a Victor Constâncio. No entanto,e sem inveja, enquanto cidadã pagadora de impostos, acho que não esteve bem na trapalhada dos bancos, e muito menos nos esclarecimentos que deu.
Senhor Embaixador,
O seu comentário é mais que politicamente correcto!
Não duvido -em nada- da sua sinceridade. As suas "óbvias razões" talvez não sejam propriamente as "nossas" nem as de muitos outros "de notre camp et d'ailleurs". Talvez um dia, se valer a pena, possamos trocar algumas "impressões".
Ninguém é perfeito. Nem Barroso (ao dar o seu aval político à invasão do Iraque, que não foi sancionada pelas Nações Unidas, que eu me recorde), nem Constâncio (ao falhar nas suas responsabilidades de “supervisão” a nível nacional, o que não o irá impedir de se ocupar de responsabilidades parecidas no BCE!), nem o autor deste Blogue, quando designou por “mesquinhos, lamentáveis e sectários e, por fim, invejosos” aqueles que criticaram a escolha do ainda Governador do BP para o lugar que irá ocupar no Banco Central Europeu. Com certeza que houve críticas que poderão ter pecado por algum sectarismo ideológico. Mas quem lê o Post fica com a sensação de que o seu autor quis meter todos os críticos, ou aqueles que manifestaram legitimamente reservas à eleição do Dr. Constâncio, no mesmo saco. Ora, quem criticou não tem necessariamente de estar possuído de inveja, ou sectarismo e muito menos de mesquinhez, ao contrário do que aqui se diz. Pode muito simplesmente entender que o Dr. Constâncio, por ter falhado no seu trabalho de supervisor ao nível nacional (o que é verdade) e por ter, posteriormente, adoptado uma atitude arrogante e de menos consideração para com a AR, quando foi ouvido na Comissão Parlamentar, o que em nada beneficiou a sua imagem pessoal e profissional, não deveria ter sido “premiado” com esta designação. Como português, sinto-me sempre honrado de ver um nacional a ocupar cargos de destaque em instâncias internacionais. Como sucede com Durão Barroso, António Guterres (que parece ter sido esquecido na comunicação social, pois não o ouvi ser mencionado a título de exemplo, quando a nomeação do Dr. Constâncio foi referida) e agora com Victor Constâncio. Mas, tal não nos deve impedir de tecer críticas (que não são nem mesquinhas, nem sectárias, nem possuídas de inveja), como foi o caso, na circunstância, ou seja, após ter sido conhecida a escolha do actual Governador do BP. Deste modo, creio ter havido alguma precipitação na forma como o autor deste magnífico Blogue escreveu este post. Fui e continuo a ser bastante crítico do Dr Constâncio pelas razões que aqui dei a entender e só por essas razões, mas, uma vez venha a ocupar o lugar que lhe foi destinado no BCE, desejo-lhe muito sinceramente as maiores felicidades. E acredito que irá ter um desempenho que nos irá prestigiar no seio daquela instituição bancária europeia.
Albano
Os drs. Constâncio, Barroso e Sampaio, bem como o engº Guterres, cometeram os seus erros e têm os seus defeitos. Uns mais do que outros. Quando é a sua ação passada que está em análise, devem ser criticados, claro está!
O que já me parece muito "português" (no mau sentido) é esta atitude auto-flagelatória de trazer à baila os eventuais erros passados dessas figuras quando elas são escolhidas no contexto internacional, com prestígio óbvio para Portugal, numa escolha que passou "por cima" desses mesmos erros - que o mundo não desconhece.
Foi esta segunda atitude que adjectivei, não a primeira.
Acham bonito ainda estar a pé a essas horas?!!!
Isabel Seixas
Senhor Embaixador, a sua resposta a estas suas fiéis amigas, deu-me uma enorme satisfação. É que há alturas em que a discordância é mais aliciante do que a concordância.
Mas Senhor Embaixador foi o próprio Dr Constâncio que, na televisão, explicou que a sua escolha não se devia a questões de competência, mas sim a questões diplomáticas. Eu vi e ouvi. Logo a questão está arrumada. Só se pode desejar que o futuro vice do Banco Europeu tenha, nas novas funções de ficalizador do sistema financeiro, as maiores felicidades.
Por último - e desculpe o abuso de tempo - agora sou eu que discordo. O nosso passado, para o bem ou para o mal, faz parte da nossa vida. Sem ele o Dr Constâncio não teria futuro. Nem nós!
Dra. Helena Sacadura Cabral: Acha que se o Dr. Constâncio fosse incompetente o teriam escolhido? O que ele quis dizer - e bem! - é que não foi apenas a sua (excecional) competência que o guindou ao lugar, mas o facto da sua nomeação servir interesses estratégicos alemães. O que não é mau nem bom, é um facto.
Os erros da regulação do BP (onde agora parece só haver um funcionário, chamado Constâncio) não devem ter sido tão grandes, ao exigentes olhos de Frankfurt, que impedissem esta nomeação. A menos que o BCE tenha considerado algo que só em Portugal se não viu: que, por todo o mundo, muitos bancos centrais falharam na regulação.
Não há nada como uma boa polémica!
Ó Senhor Embaixador, agora estamos de acordo. Falharam todos!
Pergunto-me porque teria sido que deu a todos o mesmo mal?!
Noutro ponto, ainda, estamos de acordo: só Constâncio é que apanha? Deve ser por aquele luso princípio de que é ao chefe que cabe aguentar...
E já agora será que alguém se lembra da CMVM? Fala-se de que o seu Presidente poderá ser o futuro governador do BdP.
Mais uma vez estou consigo: "nada como uma boa polémica!"
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