Ao passar, hoje à tarde, por um "bistrot" francês de esquina, cheio de movimento e barulho, veio-me à memória este fantástico quadro de Edward Hopper - "Nighthawks".
(Tal como uma amiga que hoje me escreveu, também eu fiquei um dia "pregado" ao chão, por largos minutos, no "The Art Institute of Chicago", ao ver este quadro).
Com Rothko e com o "nosso" Hogan, Hopper faz parte do trio dos pintores cujas obras me tentam à ruína.
(Tal como uma amiga que hoje me escreveu, também eu fiquei um dia "pregado" ao chão, por largos minutos, no "The Art Institute of Chicago", ao ver este quadro).
Com Rothko e com o "nosso" Hogan, Hopper faz parte do trio dos pintores cujas obras me tentam à ruína.
Em tempo: ao passar por aqui, vejo que houve mais quem hoje lembrasse Hopper.
6 comentários:
Senhor Embaixador
Há umas semanas usei, num blogue, essa mesma imagem em conjunto com um poema de Juan Ramón Jimenez: YO NO VOLVERÉ. O poema do grande andaluz pertence a uma fase de juventude, talvez menos considerada pelos especialistas. E contudo...
É bom ler o seu blogue, que ajuda a combater o frio do norte.
...e foi por um triz que este mesmo quadro não adensou a trama (o embalo propiciava-o).
Hesitei, e bem; como que se o 'cedesse' a um merecido destaque.
Este.
"Night Hawks" foi o primeiro Hopper da minha vida, apreciado longamente numa velhíssima 'Reader's Digest' há mais tempo do que o que gostaria de recordar.
Aliás, 'recordar' poderia ser um tríptico depurado em tons polidos e linhas definidas, à la Hopper; por isso...
Em tempo: merci.
Uma belíssima obra (provavelmente a mais conhecida dele), pintada por um Hopper já mais maduro (em 42), no estilo que o viria a identificar mais marcadamente. É curioso comparar-se o seu estilo do princípio do Século XX com aquele das suas últimas duas décadas e meia. É visível a diferença entre, por exemplo, “soir bleu” (de 28) e este do “Nighthawks” (em 42). Apesar de manter contacto com a pintura da época, é possível que o facto de a partir de 1910, quando regressou à América, não voltando a sair, o tenha levado a criar e desenvolver, gradualmente, este seu estilo (realista) muito próprio, que o viria a notabilizar. Indiscutivelmente um dos grandes pintores norte-americanos do século XX e do “modernismo clássico”.
P.Rufino
PS: é curioso a Margarida mencionar a “Reader’s Digest”. Fico igualmente a pensar se não teria já visto algo dele ali, nessas revistas. Mas, enfim, era uma outra altura da minha vida, muito mais jovem, em que Hopper pouco ou nada me dizia.
...mas 'P.', eu também era uma miúda com olhos nos eucaliptos desenhados nas vidraças e ouvidos no Jazz que o meu pai gastava noite fora.
Olhos que absorviam a luz daquelas imagens em folhas quase Bíblia, manuseadas mil vezes, únicas, vitais.
Se fechar os olhos e recuar, lembrar-se-á - foi (também) através da Reader's Digest que me apaixonei irremediavelmente pela América (e quem sabe, nasceram anti corpos em si);) -
Hopper foi uma varanda sobre esse mundo novo.
Luminosíssima.
E adoro as suas prelecções sobre as belas artes !... ;)
Senhor Embaixador
Eu, ao contrário destes ilustres comentadores, levei tempo a "engraçar" com Hopper, pese embora a pressão cultural aqui em casa. Preferia, veja lá, o meu/nosso Hogan...
Pancadas nacionalistas que o tempo acaba por resolver. Hoje gosto, mas continuo a preferir o velho Hogan que, em certos quadros, acho mesmo soberbo!
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