Há dois dias, a propósito da reação que suscitou um comentário tido por anti-semita de um responsável político regional, teve lugar num canal de televisão um aceso debate sobre o tema da liberdade de opinião em França.
Para a generalidade dos comentadores, a sociedade francesa de hoje é bastante mais aberta do que o era há algumas décadas. O agravamento dos choques geracionais, a vitória de algumas ideologias e um conjunto de outros fatores vieram derrubar tabus e permitir a emergência de uma sociedade menos controlada. A exceção mais notória, identificada por um dos participantes, é a apologia das ideologias racistas, perante a qual existe já uma proteção legal que, no passado, não era considerada essencial. Neste quadrante limitativo, o anti-semitismo apresenta-se hoje como o desvio que provoca uma mais forte reação, por virtude da assunção do Holocausto como uma memória histórica que deve merecer uma atenção particular.
Esta temática prende-se também com o "politicamente correto", o padrão que o pensamento convencional considera dever prevalecer, nas palavras e nos atos, relativamente a certas questões de sociedade. Estão neste caso temas raciais, de género e, em escala menor, questões religiosas e de discriminação social - os que agora me ocorrem. Não há total consenso sobre este catálogo de "contrainte sociale", que se estende de coisas de mero bom-senso (proteção ambiental, proteção das crianças) até áreas mais divisivas (tabaco, grau de defesa dos animais).
O percurso das ideias, neste domínio, tem sido muito grande, embora com regressões significativas. Recordo apenas como o sacrossanto princípio de impedir o "racial profiling", que marcava o quotidiano dos EUA desde os anos 70, se esboroou, de um dia para o outro, depois do 11 de Setembro.
1 comentário:
É um fenómeno interessante a tentação de tomar a parte pelo todo...
Da mesma forma nesse contexto todas as generalizações são perigosas, inclusive esta.
Estou convencida que há sempre alguém que aufere de conotações positivas das generalizações...
Ex: As Suecas são mais bonitas que as portuguesas.
Assim como alguém é apanhado na redução da parte...
Ex:Não ando nesse avião "aquele que faz o trajecto Vila Real Lisboa em 1 hora"é muito frágil,prefiro andar de carro porque corro menos risco de acidente letal...
Ocorreu um assalto, de certeza que foram indivíduos de Etnia...
Pois.
Acho que tem Razão.
Isabel Seixas
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