Carmona Rodrigues foi, há dias, absolvido. Alguém sabe de quê? Eu não sabia, mas desconfiava. Era de "prevaricação". Ninguém o acusou de ter metido indevidamente um tostão ao bolso, de ser corrupto, de ter beneficiado de bens públicos. Ninguém o acusou de ser desonesto e isto é o mais importante.
E, contudo, se se perguntar a muitos portugueses o que acham de Carmona Rodrigues, bastantes dirão algo como isto: "Foi acusado lá na Câmara da Lisboa. Questões de dinheiro, pela certa! Não há fumo sem fogo! E eles acabam todos absolvidos, já se sabe!"
Praticamente, não conheço Carmona Rodrigues. Creio que falei com ele uma única vez, num jantar, há muitos anos. Não faz parte da minha "família" política, não temos amigos comuns, não há nenhuma razão especial para eu estar aqui a escrever esta nota.
Ou melhor, há: é a raiva que sinto com o facto da justiça portuguesa, no vai-e-vem das suas sentenças contraditórias, da politização frequente dos seus procedimentos, na inimputabilidade dos atrasos dos seus magistrados e serviços, nos ter retirado (para sempre?) toda a confiança no sentido das suas decisões.
Num país decente, Carmona Rodrigues devia ser ressarcido, após a absolvição, do labéu que sobre si foi um dia lançado. Quem o acusou, indevidamente, deveria ser "condenado", pela comunicação social, por ter manchado o bom nome de um cidadão que, um dia, se dispôs a servir a causa pública.
Num país decente, Carmona Rodrigues devia ser ressarcido, após a absolvição, do labéu que sobre si foi um dia lançado. Quem o acusou, indevidamente, deveria ser "condenado", pela comunicação social, por ter manchado o bom nome de um cidadão que, um dia, se dispôs a servir a causa pública.
Por cá, as coisas não são assim. "Não há fumo sem fogo", é a frase canalha, da mesa do café ou da esquina da intriga, que corroi as instituições e revela a mentalidade "Correio da Manhã" do país em que hoje nos transformámos.
Um abraço solidário a Carmona Rodrigues, pessoa que não conheço.
























