quinta-feira, novembro 13, 2025

Dez anos


Faz esta noite dez anos. A sala estava bem cheia na Casa do Brasil, em Santarém, naquela noite de 13 de novembro de 2015, onde tinha sido convidado para falar sobre a conjuntura política internacional, por uma simpática associação local. 

A certo passo da minha intervenção, comecei a dizer algo sobre o terrorismo internacional, dando algumas notas genéricas sobre os riscos que a Europa corria nesse domínio, pelas metástases do Estado Islâmico. Nesse instante, sentado ao meu lado, o presidente da Câmara da cidade, em silêncio, colocou à minha frente, na mesa, o seu telemóvel. Li: "Ataque terrorista em Paris". 

Travei o que estava a dizer e, obviamente sem saber pormenores, anunciei que o tema da conversa tinha tido uma expressão prática na cidade onde eu vivera até dois anos antes. Toda a gente agarrou os seus telemóveis, apressei o fim da palestra e passou-se à discussão com a assistência, onde o tema terrorismo se tornou central. 

Paris é uma cidade que tem um considerável e triste histórico de atentados terroristas. Meses antes, tinha sido o Charlie Hebdo. Imagino que, nessa noite de Santarém, terei lembrado também as bombas no armazém Tati e na rue des Rosiers, para além da estação de metro de St. Michel, dos explosivos na rue Marbeuf e no drugstore Publicis - que são os que agora me vêm à memória, sem ir ao Google e sem conseguir pôr datas na maioria.

Nessa noite, foi o horror no Bataclan. Esse terrível atentado teve um impacto muito forte em França, onde viria a ter ainda outros ecos. Muito do que se tem passado na vida política francesa, na última década, em termos da subida da extrema-direita e da radicalização securitária da direita republicana tem o impacto público desse atentado como claro pano de fundo.

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