Ontem, em Alcobaça, estive na grande festa que foi o 4° aniversário da CNN Portugal. Desta vez, fui em representação de uma das empresas que "sponsorizavam" o evento, mas devo confessar que tive um imenso gosto em reencontrar por ali muita gente com quem partilhei, em novembro de 2021, o privilégio de integrar, como comentador internacional, o grupo inicial de colaboradores do novo canal.
Entre 2020 e 2021, por sugestão de Luís Tomé, tinha mantido com ele e com Carlos Gaspar, na TVI 24, um programa de debate semanal sobre temas internacionais chamado "Observare" - nome do centro de investigação sobre relações internacionais a que pertencíamos, existente na Universidade Autónoma de Lisboa, que os três continuamos a integrar. Por parte da TVI 24, os nossos interlocutores foram sucessivamente Pedro Pinto, Filipe Caetano e Pedro Bello Moraes. Deu-me muito prazer fazer esse programa.
A certa altura de 2021, foi anunciado que a TVI 24 ia ser substituída pela CNN Portugal. Interrogámo-nos sobre se o nosso programa ia continuar no novo canal. Isso, contudo, não iria acontecer. Essa nossa aventura de um ano acabou, como não podia deixar de ser, com uma almoçarada conjunta em minha casa. O Pedro, o Filipe e o Pedro tiveram, depois, seu percurso profissional próprio, mas ficaram nossos amigos para sempre.
Um dia, o diretor da CNN Portugal, Nuno Santos, convidou-me para comentador internacional do novo canal. Seria uma tarefa bastante mais exigente, em termos de ocupação de tempo. Por essa época, o mundo já não estava muito "quieto", mas a Rússia ainda não tinha invadido a Ucrânia, o Médio Oriente estava a viver um dos seus ciclos de "paz podre". Comparados com os dias de hoje, eram tempos de "business as usual".
Fiz então as contas às minhas horas disponíveis e decidi aceitar. E por ali estive 33 meses consecutivos. Foi um período empolgante em que as guerras revelaram imensos novos comentadores, desde militares a especialistas de ciência política, alguns com uma excelente qualidade.
Pude então constatar, por parte da CNN Portugal, duas coisas notórias: um imenso e rigoroso profissionalismo e uma atenção e delicadeza para quem, como eu, tinha de adaptar as aparições em antena às exigências de uma vida profissional complicada, que frequentemente me levavam fora de Lisboa.
Um dia, até porque já "não vou para novo", cansei-me. Cansei- me das deslocações regulares a Queluz de Baixo, dos diretos dos estúdios do Porto, da intervenções à distância do Rio de Janeiro, do Algarve, de Varsóvia, do Gerês, de Bogotá, de Vila Real, de Luanda, de Viana do Castelo e sei lá bem de quantos quartos de hotel por aí fora. Apeteceu-me então, de forma irresistível, não ter de abandonar a meio jantares e concertos na Gulbenkian, poder passar fins de semana sem ter de ler sites e jornais, sem a obrigatoriedade de me atualizar a todo o instante. E saí.
Saí da CNN Portugal "a bem", deixei lá muitos amigos, excelentes profissionais, alguns que ontem voltei a encontrar em Alcobaça, na festa onde se comemoraram os quatro anos de uma casa que continuo a olhar como sendo ainda um pouco minha. E onde às vezes regresso, com grande gosto, como hoje à noite irá acontecer.

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