sexta-feira, julho 07, 2017

Política externa

Há pouco, ao olhar as presenças na reunião do G20, lembrei-me de um episódio do género daqueles que a diplomacia guarda no chamado "segredo das chancelarias": o dia em que Portugal, país cuja dimensão económica o exclui naturalmente de uma presença nas reuniões do G20, foi aproximado por um certo Estado, que à partida estava com dificuldades para ser cooptado para a primeira reunião do grupo (em que merecia estar, diga-se). O objetivo era que "metessemos uma cunha" ao presidente Lula, figura então poderosa no cenário internacional, à luz da nossa particular relação com o Brasil, para ele ajudar a esse objetivo. Fizemo-lo discretamente, da forma e com a argumentação que entendemos mais adequada, Lula interveio, esse país acedeu ao grupo e, há momentos, lá vislumbrei o respetivo líder na reunião do G20. Chama-se a isto ter uma política externa global e ser respeitado internacionalmente pelos outros (por quem pede e por quem aceita o pedido). Poucos países com a nossa dimensão se podem orgulhar disto.

4 comentários:

Anónimo disse...

La esteve Sergei Lavrov um Diplomata de primeirissima categoria como muito poucos os há. Comuns muitos mas do calibre dele muito poucos.

Anónimo disse...

Dá gosto termos um bom n. 2 do governo Santos Silva que não se chama Portas nem ache te. Está muitos furos acima.

Joaquim de Freitas disse...

Senhor Embaixador : O Estado que ajudou a “repescar” e todos os outros países do G20, quaisquer que eles sejam, não podem representar os 170 e tal países restantes – onde vivem as principais vítimas das turbulências actuais que os mais poderosos criaram e continuam a criar.
Aliás é isso que os corajosos que desafiam a polícia de Merckel exprimem nas ruas de Hamburgo.

Até onde estamos enterrados no inferno de Dante? Era ver ontem, Porte de la Chapelle, a multidão de desgraçados que escaparam à morte no Mediterrâneo, e os milhares que mesmo assim chegaram às costas da Europa esta semana.

Como é possível construir uma sociedade sem solidariedade e sem cooperação, ser privada do sentimento profundo que exprime a Carta dos Direitos do Homem da ONU, que somos todos iguais e, por isso, irmãos?

Para um tipo de sociedade que escolheu de transformar tudo em mercadoria – Terra, natureza, água e a vida ela mesma, que coloca o lucro e o consumo como ideal supremo acima de todo outro valor, acima dos direitos humanos, da democra
cia e do respeito do ambiente, a presença de Trump no G20 é mais que revoltante.

Mas está lá por que é o mais poderoso do G20, mesmo se o “establishement” americano foi obrigado a enviar dois esbirros para o controlar, não vá ele dizer disparates “diplomáticos” irreparáveis. Privado de discussions "tête-à-tête" com os outros libers mundiais...
Quando 40 000 psiquiatras americanos assinam um documento para avisar do perigo que corre o mundo com a presença no G20 dum homem que não possui todas as suas faculdades mentais… Para onde vamos?

Este G20 é o sucessor daqueles países que no século precedente massacraram alegremente milhões de humanos, em guerras desumanas, dos quais milhões de escravos nas fábricas de armamento durante a guerra de 39-45.
Massacram civis nas guerras furtivas do 21° século, utilizando armamento cada vez mais sofisticado para pôr o pé nos territórios ricos e pobres dos países “em via de desenvolvimento”.

Desviam fundos enormes na prática do “livre-échange”concedido aos conglomerados, espécie de tubarões da Terra, numa visão estreita duma economia falsificada, mobilizando e desmobilizando a mão de obra dos países segundo as necessidades do capital no tempo e no espaço.

Açambarcam riquezas (energia, metais) que pertencem aos países pobres ou ricos, pela teoria virtuosa do mundialismo.

Vendem armas aos terroristas utilizando as armas contra os cidadãos do seu próprio país.
Responsáveis da crise de 2008, do endividamento, da destruição pelos assassinos económicos dos países pela manipulação hipócrita.

Desflorestação (vejamos o que fazem no Brasil e na Indonésia). Monocultura.

Destruição ecológica sem limite. Etc. (Defendo os mineiros da Pensilvânia e não o Tratado de Paris, dixit Trump ! Portanto vamos poluir à vontade com o nosso carvão…Como os Chineses… E não é o G20 que nos vai dar lições…

Devemos interrogar-nos sobre a qualidade humana e moral deste tipo de sociedade, que o G20 pretende representar. Ela representa simplesmente um insulto a tudo o que a humanidade apregoou e procurou viver ao longo destes séculos.

Se ela está em crise é que existe uma razão, uma crise mais que económica e financeira. Ela representa o pior do que há em nós, o nosso lado demente. Ela mostrou-se indefensável mesmo financeiramente, precisamente neste ponto que lhe é central.
Este tipo de civilização não merece nenhum futuro.

Anónimo disse...

E já cobrámos o favor?

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...