segunda-feira, julho 24, 2017

"No-go areas"


Lisboa, como todas (repito, todas) as cidades do mundo, tem as suas áreas complicadas. São bairros onde, dependendo das horas do dia, é mais ou menos arriscado passar a pé ou deixar um carro. Praticamente, não há cidades que as não tenham.

Com os anos e com as viagens, julgo ter aprendido algumas regras comportamentais neste domínio, mas não excluo que, um dia destes, erre e possa ser vítima de um juízo menos prudente.

Hoje, fui almoçar a uma "no go area" (como dizem os anglo-saxínicos) da periferia de Lisboa. Um bairro "problemático", como dizem os políticos. Encontrei um lugar para estacionar e, hesitante, perguntei a alguém que passava o caminho mais curto para o restaurante, que sabia ser perto.

"Fez bem em estacionar ali. Em princípio, não vai ter problemas", disse o homem, dando depois as indicações. Instintivamente, olhei para as placas de trânsito, para ver se era alguma zona interdita, exceto a moradores. Nada, não havia placas. Foi então que "caí na real", como se diz no Brasil. O que o simpático "popular" (como na fala das estagiárias, nas entrevistas nos incêndios) queria dizer-me é que, na sua avaliação circunstancial, havia uma boa probabilidade do meu carro não ser assaltado ou desaparecer, enquanto eu almoçasse. E não foi.

1 comentário:

Anónimo disse...

"No go areas"?! Isso é racismo!!!

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...