De há uns anos para cá, em especial com a intensidade contemporânea dos fluxos de informação, muitos nos sentimos envolvidos nos processos eleitorais dos principais países do mundo. Se a isso somarmos as nossas naturais preferências ideológicas, acabamos por ter nesses sufrágios os nossos favoritos, declarados ou não.
Na política francesa, que sigo com bastante pormenor desde os anos 60, soube sempre "o que queria". Nunca hesitei. Cheguei a ir de propósito a França só para "ver eleições". E, este ano, lá irei de novo, entre as duas voltas. Repetindo Benjamin Franklin: "tout homme a deux patries: la sienne et puis la France".
Nas eleições presidenciais francesas que aí vêm, e pela primeira vez, não tenho o "meu" candidato. O que me interessa é que um determinado candidato perca, e que qualquer um - qualquer um! - dos outros ganhe. Ou melhor, intimamente, "torcerei" pelo candidato que tiver, à partida, mais condições de vencer aquele que eu quero ver derrotado.
É uma sensação estranha, mas muito verdadeira.
9 comentários:
Quando a escolha é entre Le Pen e Melenchon apenas se pode contorser de dor, a dor que deveras se sente.
Nós somos pioneiros!
Aqui o que queremos é derrotar! ganhe quem ganhar...
E então, derrotar o nosso vizinho dá-nos um gozo indescritível...
Também sigo com atenção a política francesa e estou convencido que qualquer dos candidatos que for à segunda volta contra quem queremos que perca tem todas as condições para vencer.
Li há algumas semanas um artigo no The economist que demonstrava aritmeticamente a impossibilidade da candidata que queremos que perca poder ganhar as eleições.
Pode parecer arriscado fazer tais afirmações depois do Brexit e de Trump mas não hesito em fazê-las.
Caro Embaixador,
Também penso que estas serão as piores eleições da 5a República, a avaliar pelos candidatos presentes. Nestas condições, vamos ser obrigados a votar contra os piores candidatos. Receia-se naturalmente uma taxa de abstenção enorme.
Atenciosamente
Eu, ao contrário, tenho três candidatos: o primeiro, quero que perca (Le Pen); o segundo, quero que ganhe (Emmanuel Macron) e o terceiro, um qualquer que supere Le Pen ( se Macron lá não chegar). Mas, alto lá, quero que Le Pen tenha uma votação suficientemente expressiva para obrigar os partidos do centro (à direira e à esquerda) na Europa a repensar seriamente a forma como lida e integra a imigração islâmica. O multiculturalismo e a política de "portas abertas" já mostrou a sua completa falência. Entre esta visão idealista e a xenofobia há, seguramente, espaço para uma outra política que afirme, por lado, os valores europeus e, por outro, evite a islamização da Europa que não está aí à porta (claro, claro,claro), mas cuja forma embrionária, se não for contida (integrando-a – no sentido de ser aborvida pelos nossos valores democráticos), está dentro de portas.
Não sigo a política francesa mas vi a excelente entrevista de Macron a Paulo Dentinho. É um candidato formidável! Se ganhar ficaremos concerteza mil vezes melhor do que até aqui.
João Vieira
Estou de acordo consigo, caro msampayo,
so nao sei é se ha inteligencia para tal no pais que insiste em chamar aos mas pobres "classes populaires", como se nao fossem elas, mas sim a burguesia parisiense e os meninos das grandes escolas, que fizessem a essencia do pais. (ha mais França para além destas duas, évidement). A ver vamos.
cumprimentos
É como dizem os franceses: "C'est l'ambarras du choix".
Serão isto verdadeiras eleições democráticas ou apenas uma total confusão emocional?
Mais pragmatismo é necessário até para aqueles que escolhem os candidatos a apresentar. Enfim aonde chegou a França de que tanto gostei até pelo seu racionalismo.
Sem dúvida Macron, pela Europa!
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