terça-feira, abril 04, 2017

Referências

Um energúmeno, feito jogador de um clube qualquer, que aliás parece pertencer à estimável claque portista, agrediu barbaramente um árbitro no decurso de um jogo. Uma televisão "de referência" deu mesmo honras de entrevista à personagem, que, com ar manso, pretendeu "não se lembrar" dos factos. 

A Federação, como é de regra nestes momentos de escândalo público, lançou o "rigoroso inquérito" da praxe. Tem, aliás, grande autoridade para isso: dos seus quadros superiores faz parte João Pinto, antigo jogador, também "de referência", que um dia deu um murro num árbitro, à vista das imagens que correram o mundo. Em lugar de o irradiar eternamente do mundo do desporto, os federativos cooptaram-no para a sua direção. Estão bem uns para os outros.

Aliás, nesse desporto sobrevive também alguém que, se houvesse um mínimo de decência, estaria, desde há muito, higienicamente afastado do menor contacto com o futebol: Sá Pinto, que agrediu publicamente o selecionador de futebol da época. Mas, qual quê! É uma figura "de referência", neste caso do meu clube.

Este mundo dos futebóis, para armar ao sério, faz de conta que tem uma "justiça". Pois. A justiça desportiva está para a Justiça como a música militar está para a Música...

8 comentários:

netus disse...

Boa tarde.
Concordo com quase tudo o que escreveu a propósito de mais uma deplorável cena de um desporto que, cá dentro é, muitas vezes, uma sequência de treinos de pancadaria e desrespeito por adversários e árbitros. Aprecio muito música erudita, que escuto em casa e, periodicamente, nas boas salas do país.
Dada a sua referência a música militar, deixo-lhe a sugestão para ouvir com atenção, por exemplo, a Banda da Armada. Talvez melhore a sua percepção.
António Cabral

Francisco Seixas da Costa disse...

Limitei-me a adaptar a velha frase de George Clemenceau: "Military justice is to justice what military music is to music". Mas nota-se que as claves de sol castrenses têm uma falta de humor à flor da pele. É pena!

Anónimo disse...

esses maniqueísmos que se vislumbram nas suas "perspicazes" considerações, são, em primeiro grau, a razão desta agressividade que campeia. Aqui no futebol, é apenas um pretexto para as boas consciências fazerem o seu "regular" acto de contrição.
E o adepto portista tem mimetismos no seu clube, e nos vizinhos. E até em doses mais substanciais. Ou não fossem 6 milhões...

Anónimo disse...

Nunca percebi o "football". No tempo da "outra senhora" era para satifazer ou não os adeptos. Neste tempo deve ser para fazer sair o pior da conducta humana. Enfim de um tempo ao outro pensei que se tivesse construido algo de novo. Este regime ainda tem de dar muito circo e o menos pão que puder para se manter..... mas é uma vergonha.
P.S. Enquanto se ocupar o tempo em comentários do jogo não se comenta o comportamento da política.

Anónimo disse...

Tenha do' senhor embaixador

é bem sabido que os elementos das FA tem um dom especial para a musica... como tem para as emergencias médicas.... veja la o tipo dos comandos....

"Military justice is to justice what military music is to music"

Espera-se que o inglês do Clemenceau fosse melhor que o do Hollande, que digamos soa tao bem como a banda do exercito...

(nao quero ferir as susceptibilidades do nosso capitao-tenente...)

Siga a marinha!

Anónimo disse...

Faltou referir o mais importante. O que fez o Secretário de Estado? E o Ministro? Estão calados como convém. Se não há investimento na escola não admira que situações como esta aconteçam. Não estou com isto a legitimar a agressão, que naturalmente não tem desculpa. Mas o mais fácil é apontar o culpado sem ver que há décadas ninguém responsável a nível governamental faz nada pelo desporto. Até pode vir a acontecer que o capitão desta equipa de seu nome o "macaco" venha a ser o responsável pela claque de apoio à selecção nacional. O que diz o Ministro e o Secretário de Estado. Estão calados como convém. Estes e os anteriores dos diversos partidos. Qual foi a posição dos muitos "opinadores" sobre o constante desinvestimento na educação desportiva. Assobiar para o lado e sempre que há situações como esta o mais fácil é crucificar o agressor.
António José Serôdio

Anónimo disse...

E o que é que esperam das claques dos clubes?
E não bastará olhar para a cara (e para o físico) daqueles trogloditas para não se poder esperar outra coisa dos seus comportamentos?
E o que é que se pode esperar daqueles bandos de rufias que necessitam de ser escoltados para irem assistir a um jogo de futebol?
E o que é que se podia esperar de uma equipa, o Canelas, contra a qual a maior parte das outras equipas já se recusava a jogar, sem que a associação de futebol do porto (com minúsculas, claro) se incomodasse e sem que a federação (com minúscula, claro) tugisse ou mugisse.
E ninguém quer perceber ou levar a sério os que dizem os que têm a coragem de dizer alguma coisa (de cara tapada, à cautela…) sobre as pressões e ameaças daquelas bestas?
E não se estranha que haja tantas reações "mansas" àquela bestialidade?
E tem toda a razão o senhor embaixador quando dá os exemplos que dá...
E, claro, peço o anonimato, por óbvias razões.
Um habitante da Invicta.


Joaquim de Freitas disse...

Estes incidentes levam à reflexão de que as causas da violência nos estádios de futebol não têm sido atacadas na sua raiz. E na raiz estão os indivíduos, a sua educação, o seu civismo. A relação entre violência e futebol é bastante complexa com maior visibilidade ao futebol em razão da sua dimensão e importância como um dos principias fenómenos socioculturais do século XXI.
O que é certo é que os vândalos retiram toda a riqueza que existe no futebol?

Claro que não são todos. São pequenas parcelas de vândalos e delinquentes, dentro das “claques”.
É incoerente ir ao estádio de futebol, onde se juntam homens, mulheres e crianças e encontrar atitudes animalescas e inconcebíveis para um espaço de prazer e diversão.

Mas não resisto à tentação de sublinhar o facto que frequentemente os governos ou os regimes políticos beneficiam de e utilizam o futebol como tubo de escape da sociedade.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...