sábado, abril 22, 2017

Pão e circo

É preciso dizer as coisas bem alto, as vezes que forem necessárias: são as televisões, todas elas, os principais culpados - repito, culpados - pelo ambiente de violência acéfala que hoje atravessa o futebol português.

Horas e horas a encharcar-nos com comentários clubistas, com declarações extremadas, com o alimentar de polémicas sobre lances, não revelando o menor sentido de responsabilidade na hierarquização das notícias - tudo isto mostra um mundo televisivo onde o jornalismo é hoje comandado da sala de contabilidade.

O mais irónico é que essas mesmas televisões, que acicatam os confrontos pela criação de um ambiente explosivo ao menor rastilho, são depois os aproveitadores, oportunistas e compulsivos, dos efeitos da violência, das agressões, das proclamações inflamadas, dos desejos de vingança.

O crime compensa?

11 comentários:

Anónimo disse...

O circo de que fala foi realmente criado e "alimentado" pelos canais televisivos , provocando ainda mais a ileteracia/boçalidade em Portugal.

Até no cabo a praga aumenta, a única hipótese de ver programas sem ouvir as provocações e os atiçamentos mútuos.

Arranjaram uma "válvula de escape" para o "desespero", que seria mais útil se fossem obrigados a servirem o País, civilmente, nas horas dos jogos.....

Anónimo disse...

A ERC, existe exatamente para quê?

Isabel Seixas disse...

De facto...
É assustador esta espécie de imprensa rosa centralizada no desfolhar malmequer...

Anónimo disse...

Senhor Embaixador

Absolutamente de acordo com o que escreveu.

As televisões não são o único culpado do que acontece no mundo do futebol. Mas contam-se entre os principais culpados.

José Neto

Anónimo disse...

Mas o circo e o pão só pode ser dado ou [tolerado] pelo regime em vigor. Vá-se lá saber porquê. Será isto a que chamavam no antigamente um terrorismo de Estado.
Eu hoje estou pior do que o costume. Desculpem-me estas audácias de ignorante.

Anónimo disse...

Muito bem ! Completamente de acordo.

Anónimo disse...

Cá pom mim fechava as claques duas a duas nos estádios, sem policiamento, trancavas portas e enquanto houvesse barulho lá dentro não se abriam. Eles merecem-se uns aos outros. E com os dirigentes podiam fazer o mesmo.
Já não há paciência.
JC

Anónimo disse...

O futebol é cada vez mais um mundo de burgessos. Uma alienação absolutamente cabotina!

Reaça disse...

Era tão bom no tempo de fátima/futebol e fado que faz de uma pessoa, hoje, ser um grande reaccionário/revolucionário.

Como era bom um domingo à tarde de "paz", mesmo podre, ir à bola ou uma suecada na taberna a ouvir o relato.

Também bom e tranquilo, era ir a uma matiné ou soiré em Lisboa ou Porto, ver um filme ao Domingo, mesmo censurado, e regressar a casa a qualquer hora da noite, sem ser atropelado por qualquer assaltante.

No dia 13 de Maio vou a Santa Comba.

Anónimo disse...

Há uns anos quando numa paragem remota o meu Embaixador me disse que não via televisão portuguesa fiquei chocado. Hoje choca me que ainda haja quem veja televisão portuguesa.

Anónimo disse...

Já há uns bons anos [talvez 8] que não tenho aparelho de televisão.
Foi uma decisão arriscada. Pensei perder muito. Poderia ficar um "outsider"? Hoje cada vez percebo melhor que apenas ganhei.
Aqui fala-se de "football" ou seja do circo.
Aquilo que mais me chocava eram as entrevistas em directo sobre assuntos correntes onde se detectava o baixo nível intelectual da população.
Envergonhava-me.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...