domingo, abril 02, 2017

O que diz Vicente


Na sua coluna na última página do "Público" dos domingos, Vicente Jorge Silva - que, para sempre, acarretará consigo a honrosa "culpa" de ter sido o criador dessa primeira marca do novo jornalismo quotidiano português - zurze hoje, embora moderadamente, o meu nome e o de José Pacheco Pereira por termos ousado referir o nome de Alberto João Jardim, no contexto da atribuição do nome de Cristiano Ronaldo ao aeroporto de Santa Catarina, na Madeira (e a igreja católica não se ofendeu com a retirada do nome da santa da placa toponímica?).

O que diz Vicente? "Mas existem pessoas altamente estimáveis, como Seixas da Costa ou Pacheco Pereira que, eventualmente por preconceito antifutebolístico primário, preferiam ver no aeroporto o nome de Alberto João Jardim".

Ó Vicente! Eu escrevi: "que me chocaria muito menos que o nome de AJJ fosse dado ao aeroporto da Madeira, em lugar do de Cristiano Ronaldo". Noto: chocar-me-ia que o aeroporto tivesse o nome de AJJ. Isto é, chocar-me-ia na mesma, embora "muito menos" do que o de CR. Só isso!

"Preconceito futebolístico primário"?! Eu que adoro futebol, que, depois de ter sido "blaugrana" com Figo, passei a adepto "de carteirinha" (como dizem os brasileiros) do Real de Madrid por causa de Ronaldo?! Eu que, todos os fins de semana, "torço" pelos "merengues", pelas "performances" e recordes de Ronaldo e faço figas contra Messi?! Eu que acho que CR (detesto, confesso, as simplificações como CR7 e coisas de "merchandising" assim) é um homem inteligente, simples, bem mais modesto do que eu seria se tivesse o seu sucesso e todo o "pequename" do mundo aos pés, como ele tem?! Eu que tenho uma admiração (profunda e sincera) pela pessoa humana de Cristiano Ronaldo, pela sua maturidade com trinta e poucos anos, pelo seu amor à família e aos amigos? 

Dito isto, continuo um profundo opositor à ideia - na minha opinião, oportunista e ridícula - de dar o seu nome ao aeroporto da Madeira, como disse e reafirmo. Uma saloiíce que nada tem a ver com ele mas apenas com o facto do PSD Madeira conviver mal com o seu próprio passado, usando Ronaldo como uma arma populista de arremesso político interno, com (todos) os poderes de Lisboa a sorrirem amareladamente perante o que sabem ser peso da opinião pública.

Espero, Vicente, que amanhã, como é nosso hábito às segundas-feiras (tenho sido um tanto relapso, penitencio-me), naquele mesa longa de Campo de Ourique, onde sob a "direção artística" do Manuel Costa Cabral e a tutela pictórica do Jorge Martins, com a prevalência esmagadora das amigas que nos abafam a igualdade de género, trocamos graças e amizade, possamos pôr "a conversa em noite". E, enfim, resolver "the relevant Ronaldo question"...

8 comentários:

Jaime Santos disse...

Amor com amor se paga, Sr. Embaixador. Só é pena não existirem mais Portugueses apreciadores da boa ironia, como o Senhor e VJS...

Anónimo disse...

Em Portugal estimagtizam se as pessoas com grande rapidez e não andamos longe das execuções sumárias. A minha experiência de contactos internacionais mostrou me que Alberto João gozava de grande prestígio e que a sua imagem externa nada tinha que ver com a virulência da sua imagem de marca interna. Se não exerceu mais cargos de elevada projecção foi porque não quis, apesar da insistência da Alemanha. O parlamento europeu teria sido outra oportunidade interessante. Tempo de em Portugal serenar os ânimos e a polarização. Mas alguma vez deixaremos de ser latinos e Provincianos? Já agora, tenho cartão de militante do PS, quotas não em dia e 51 anos de idade.

Anónimo disse...

" Já agora, tenho cartão de militante do PS, quotas não em dia e 51 anos de idade."

O melhor exemplo de provincianismo: a frase acima !

Há cada anónimo das 20:09 !.....

Anónimo disse...

Tout à fait mon chère anonyme, tout à fait...
Je dirais même plus...

Anónimo disse...

O que diz Barroso, Alfredo: que é preciso mudar a Europa e tirá-la do sono. Mas o conflito entre elites e o povão sempre existiu desde o início. O problema vem da taxa de abstenção muito alta e do voto em massa em partidos de direita que nos impõe políticas de austeridade a seguir. Tenho simpatia pela pluma de Alfredo Barroso, não tenho pelas suas posições excessivas de há 10 anos para cá. Quando se foi Chefe da Casa Civil do PR preferível não acabar nem como Barroso nem como Claude Guéant.

Anónimo disse...

Sr. Embaixador, deixe-me acrescentar uma virtude ao Cristiano Ronaldo: é extremamente generoso com desconhecidos que precisam de cirurgias urgentes e é o desportista que mais dinheiro doa a instituições de solidariedade.

Mariana

dor em baixa disse...

Cristiano Ronaldo também já foi solidário perante calamidades madeirenses naturais. Para alguém que apenas aprendeu com o futebol e a vida fico estupefacto perante o nível a que se alcandorou como profissional e como cidadão. Sinceramente, quando o via ferozmente egocêntrico não imaginava que evoluísse da forma como o fez. Tiro-lhe o chapéu.
Sendo ele a figura portuguesa mais apreciada no mundo (o futebol conta, como conta a cultura, a política, a ciência e a técnica, a riqueza material, os feitos heroicos), atribuir o seu nome ao aeroporto da região onde nasceu e é considerado herói (talvez o seja a nível nacional), parece-me muito bem.
Mas ele é novo e a sua vida pode levar uma volta, nunca se sabe. E em resultado disso a sua imagem, de muito positiva pode passar a negativa. Nessa altura a designação do aeroporto será considerada imprópria. Mas a decisão de a atribuir não pode ser alterada por uma decisão de a retirar? Pois se já se fez com comendas que haviam sido concedidas.

Anónimo disse...

Sr. Embaixador, eu que sou Madeirense de gema, fiquei horrorizada com o nome que deram ao nosso aeroporto. Pergunto, não existe mais ninguém na nossa terra que mereça essa homenagem? Ate parece que a Madeira é CR. E NÂO È MESMO!
(Eu ao contrario do Sr. odeio futebol, mas não é por isso que acho o nome do dito desportista inadequado).
Achava maia apropriado colocar o nome de Alberto João Jardim, pessoa que lutou pela nossa terra, contra tudo e todos.
Também não gostei que dessem o nome de Pavilhão Rosa Mota ao Palacio de Cristal no Porto. Embora gostasse de Sá Carneiro também não achei bem que dessem o seu nome ao aeroporto.
Acho que, no presente caso faltou bom senso.
anonima

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...