Ontem, falei aqui de "retsina", um vinho branco grego.
Há quase quatro décadas, fui pela primeira vez a Atenas. Ia de Benghazi, na Líbia, onde tinha estado em trabalho. Recordo-me que era novembro, o tempo não esteve muito pelos ajustes e, no termo da minha breve escapada turística no fim de semana, a capital grega foi atingida por uma forte tempestade, com algumas vítimas na cidade. Mas a primeira noite ainda havia dado para um jantar na "Plaka", o "Bairro Alto" ateniense.
Para acompanhar a refeição, o empregado do restaurante, a quem eu solicitara meia garrafa de vinho branco, perguntou-me se eu queria experimentar "retsina". Quando a garrafa veio, depois de provar, queixei-me que o vinho não estava em condições. Ele levou a garrafa e trouxe outra. Voltei a provar e voltei a queixar-me. Nessa altura, o rapaz inquiriu se eu já antes tinha provado "retsina". Disse que não. Ao que ele me explicou que "aquele" era o sabor de "retsina"... Para quem não conhece, trata-se de um cheiro e paladar intenso, com similitude com resina. Há quem goste, claro!
Voltei à Grécia várias vezes. Cuidei sempre em evitar a "retsina". Numa dessas vezes, numa taberna de Corfu, Georgios Papandreou (um bom amigo e também um dos mais impopulares políticos gregos, nos tempos que hoje correm), a quem confessei a minha fobia, insistiu que eu experimentasse de novo a bebida. Creio que foi a acompanhar uma salada de queijo "feta". E, há que convir, não me soube tão mal como da primeira vez. Mas não o suficiente para tentar uma terceira... Há bons vinhos brancos na Grécia!
9 comentários:
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~ Num dia em que sinto-me de semi-luto,
com a minha aposentação mutilada e sem
esperança de reposição à vista...
O Sr Embaixador lembra-se de dissertar
sobre retsina...
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Em Atenas, passei pela mesma "degustação", já lá vão vinte e muitos anos.
Repetir? Jamais!
Há uns vinte anos, entrei numa loja de bebidas em Atenas e, verificando que era português, a dona, muito simpática e faladora, tentou vender-me um vinho do porto... grego. Não comprei, porque o espaço na bagagem não era muito e optei antes por comprar só uma garrafita de ouzo, o licor deles, que era o que ia comprar mesmo. Ainda nem o abri, está lá em casa como recordação.
Há uma coisa que me ficou na memória, da Grécia (entre tantas outras): a cordialidade com que era atendido nos cafés e restaurantes, com a oferta de um copinho de água fresca logo que pedia um café ou qualquer outra coisa, e o cuidado na decoração. Eu, às vezes, leio relatos de viajantes que falam da agressividade dos gregos para com os estrangeiros, a má educação, etc. Fico tão espantado como quando me falam da antipatia dos franceses, uma coisa quase mitológica que eu também nunca experimentei, em várias viagens a França.
A Grécia já começa a ter excelentes vinhos, sobretudo brancos, muito bem cotados, deixando para trás a imagem de produtores de vinho resinado. Por exemplo, o presidente da câmara de Salónica, o Boutaris, um tipo muito interessante, é produtor de excelentes vinhos.
Pedro
Quem tem "escapadas" são os espanhóis.
Os portugueses têm "escapadelas"!!!
Pode definir, por favor, o que entende por: " tipo muito interessante" ?
Essa foi de "cabo de esquadra" - rejeitar um vinho, alegando não estar em condições de ser servido, sem sequer conhecer as suas naturais características. Embaixadorices...
Ao Anónimo das 11:11
Os portugueses têm "escapadinhas" cada vez com menos dias.
Braulio
Retsina tem mesmo resina! Já na Antiguidade os gregos acrescentavam resina ao vinho na tentativa de evitar que envinagrasse.
Retsina é muito bom, é o vinho que bebiam há 2000 anos e a resina substitui os sulfitos. São os Portugueses que têm uma mente gastronómica e enófila bastante fechada. No verão é muito fresco e não provoca dores de cabeça.
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