terça-feira, julho 14, 2015

Retsina


Ontem, falei aqui de "retsina", um vinho branco grego.

Há quase quatro décadas, fui pela primeira vez a Atenas. Ia de Benghazi, na Líbia, onde tinha estado em trabalho. Recordo-me que era novembro, o tempo não esteve muito pelos ajustes e, no termo da minha breve escapada turística no fim de semana, a capital grega foi atingida por uma forte tempestade, com algumas vítimas na cidade. Mas a primeira noite ainda havia dado para um jantar na "Plaka", o "Bairro Alto" ateniense.

Para acompanhar a refeição, o empregado do restaurante, a quem eu solicitara meia garrafa de vinho branco, perguntou-me se eu queria experimentar "retsina". Quando a garrafa veio, depois de provar, queixei-me que o vinho não estava em condições. Ele levou a garrafa e trouxe outra. Voltei a provar e voltei a queixar-me. Nessa altura, o rapaz inquiriu se eu já antes tinha provado "retsina". Disse que não. Ao que ele me explicou que "aquele" era o sabor de "retsina"... Para quem não conhece, trata-se de um cheiro e paladar intenso, com similitude com resina. Há quem goste, claro!

Voltei à Grécia várias vezes. Cuidei sempre em evitar a "retsina". Numa dessas vezes, numa taberna de Corfu, Georgios Papandreou (um bom amigo e também um dos mais impopulares políticos gregos, nos tempos que hoje correm), a quem confessei a minha fobia, insistiu que eu experimentasse de novo a bebida. Creio que foi a acompanhar uma salada de queijo "feta". E, há que convir, não me soube tão mal como da primeira vez. Mas não o suficiente para tentar uma terceira... Há bons vinhos brancos na Grécia!

9 comentários:

Majo disse...

~~~
~ Num dia em que sinto-me de semi-luto,
com a minha aposentação mutilada e sem
esperança de reposição à vista...
O Sr Embaixador lembra-se de dissertar
sobre retsina...
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CORREIA DA SILVA disse...

Em Atenas, passei pela mesma "degustação", já lá vão vinte e muitos anos.
Repetir? Jamais!

Anónimo disse...

Há uns vinte anos, entrei numa loja de bebidas em Atenas e, verificando que era português, a dona, muito simpática e faladora, tentou vender-me um vinho do porto... grego. Não comprei, porque o espaço na bagagem não era muito e optei antes por comprar só uma garrafita de ouzo, o licor deles, que era o que ia comprar mesmo. Ainda nem o abri, está lá em casa como recordação.
Há uma coisa que me ficou na memória, da Grécia (entre tantas outras): a cordialidade com que era atendido nos cafés e restaurantes, com a oferta de um copinho de água fresca logo que pedia um café ou qualquer outra coisa, e o cuidado na decoração. Eu, às vezes, leio relatos de viajantes que falam da agressividade dos gregos para com os estrangeiros, a má educação, etc. Fico tão espantado como quando me falam da antipatia dos franceses, uma coisa quase mitológica que eu também nunca experimentei, em várias viagens a França.

A Grécia já começa a ter excelentes vinhos, sobretudo brancos, muito bem cotados, deixando para trás a imagem de produtores de vinho resinado. Por exemplo, o presidente da câmara de Salónica, o Boutaris, um tipo muito interessante, é produtor de excelentes vinhos.

Pedro

Anónimo disse...

Quem tem "escapadas" são os espanhóis.
Os portugueses têm "escapadelas"!!!

Anónimo disse...

Pode definir, por favor, o que entende por: " tipo muito interessante" ?

Bartolomeu disse...

Essa foi de "cabo de esquadra" - rejeitar um vinho, alegando não estar em condições de ser servido, sem sequer conhecer as suas naturais características. Embaixadorices...

Anónimo disse...

Ao Anónimo das 11:11

Os portugueses têm "escapadinhas" cada vez com menos dias.

Braulio

Anónimo disse...

Retsina tem mesmo resina! Já na Antiguidade os gregos acrescentavam resina ao vinho na tentativa de evitar que envinagrasse.

Unknown disse...

Retsina é muito bom, é o vinho que bebiam há 2000 anos e a resina substitui os sulfitos. São os Portugueses que têm uma mente gastronómica e enófila bastante fechada. No verão é muito fresco e não provoca dores de cabeça.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...