quinta-feira, maio 15, 2014

Monarquia

Os monárquicos portugueses comemoram, na data de hoje, o nascimento daquele que consideram o herdeiro legítimo da antiga coroa. Trata-se de um homem simpático, cordial e patriota, que acarreta consigo o sonho da restauração desse regime que a nova República derrubou em 5 de outubro de 1910.
 
Talvez valha a pena recordar que a diplomacia portuguesa está ligada ao nascimento, em 15 de maio de 1945, dessa criança, a quem a família decidiu dar o nome de Duarte (o nome completo é Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael de Bragança!). Com efeito, foi na Legação portuguesa em Berna, na Suíça, que esse nascimento teve lugar. E a curiosidade maior advém do facto de, sob os pés da cama onde o parto ocorreu, terem sidos colocados pedaços de terra idos expressamente de Portugal, para melhor marcar o "solo português" onde o acontecimento tinha lugar.
 
Não tenho mais pormenores - embora já os tenha lido algures - sobre a conjuntura que permitiu a utilização da nossa residência diplomática para esse fim. Com efeito, os herdeiros da "casa de Bragança", que aliás não derivam em linha direta do último rei, só cinco anos mais tarde foram autorizados a viver em Portugal, prevalecendo até então o banimento que a Constituição salazarista de 1933 havia acolhido da sua antecessora de 1911.
 
Com a tolerância que a minha República permite, deixo aqui a imagem da velha bandeira que vigorou até 1910, a qual, aliás, considero até esteticamente mais bonita que aquela a República introduziu. Mas que não reste a mais leve dúvida: a bandeira introduzida pela República é, para mim e para sempre, a única bandeira de Portugal.  

17 comentários:

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Senhor Embaixador

Dá-me licença que corrija?

Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael de Bragança é o nome completo de SAR o Senhor Dom Duarte.

O que o Senhor Embaixador colocou é o nome completo do Pai dele

Obrigado pela homenagem e pelo destaque no dia de hoje

Ésse Gê (sectário-geral) disse...

69 aninhos!
Parabéns a sua real alteza!

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

"PORTUGUESES:
Sempre meus Avós vos anunciaram o nascimento de seus Filhos — e sempre essa notícia encheu de contentamento e certeza todos os lares portugueses.

Para a Nação, nas Instituições que represento, o nascimento dum Príncipe ou duma Princesa confirmava a continuidade da vida nacional, unida no mesmo amor.

Sejam quais forem os tempos, de longe ou de perto, vós sois para mim o mesmo que fostes para os meus Antepassados: o Povo querido e glorioso que melhor serviu a Deus e à sua Terra e mais amou os seus Reis.

Por isso vos anuncio, como Eles anunciavam, o nascimento de meu Filho, oferecendo a sua vida ao bem de Portugal com o mesmo fervor com que há muito consagrei a minha.

Herdeiro de deveres imprescritíveis, acima de interesses pessoais e de partidarismos, dou-vos nesta hora de interrogações e ansiedades que oprimem, a certeza de que não findará no meu Lar a consciência das responsabilidades que me prendem a Portugal e à felicidade de todos os Portugueses.

De todos vós, sou o único a quem as circunstâncias não permitem viver nessa terra bendita que meus Avós tanto dilataram. Quero-lhe, porém, dobradamente e ao seu Povo, na saudade constante a que a separação me força.

O vosso coração deve compreender isto. E compreender também que, quanto tenho sofrido no exílio, só me faz desejar que nenhum de vós o sofra.

Unamo-nos todos. Temos de favorecer a harmonia, a ordem de que a Nação precisa. Mas igualmente vos digo que não renuncio nem fujo a nenhuma das minhas responsabilidades históricas. E espero que a vossa consciência colectiva vos mostre, num profundo instinto acordado, que só na Monarquia reencontrará as garantias, direitos e liberdades derivadas dum Poder que, por ser legítimo e natural, não depende de divisões nem de egoísmos.

Antes de tudo, preocupa-me a existência dos pobres, dos necessitados, dos trabalhadores; e, num aumento geral de riqueza, o conjunto de providências que a todos devem levar pão e alegria. Penso, do mesmo modo, no nosso lugar no mundo e no completo resgate da civilização que Portugal tão largamente difundiu e tantos males e experiências têm ameaçado. Estas preocupações e os sentimentos de justiça que as determinam, derivam dos fundamentos morais dos princípios que sustento, da própria ética cristã que os formou, sem necessidade de outras razões.

Desejo ainda notar a circunstância feliz do meu Herdeiro ter nascido nas primeiras horas de paz no Ocidente e da vitória da nossa aliada, a Grã-Bretanha, a quem nos prende, e ao seu Rei, uma amizade muitas vezes secular, sem esquecer outras nações a nós ligadas pelo sangue, pelo espírito e pela afinidade de interesses europeus ou universais.

E podeis acreditar que, em meu Filho, continuará a dedicação com que vos acompanho, pensando só no bem de todos vós e na grandeza da Pátria.
Duque de Bragança

Anónimo disse...

Retomando um artigo recente do Senhor Embaixador... Aspas a mais ou a menos?

A Casa de Bragança existe real e fisicamente, graças ao seu Património, reconhecido pela República. Não julgo que mereça aspas.

Já «herdeiros» sim. Pois o salto dado, em termos de legitimação, é um pouco longínquo e rebuscado, como aliás defende o senhor embaixador. As aspas deixariam a liberdade, a alguns, de lerem usurpadores (acrescentando-lhe, ou não, o epíteto de miguelistas - conhecida a história de Carlota Joaquina, a quem o próprio marido tratava por «p...», é realmente difícil de acreditar que tenha sangue real, português, pelo menos).

Defreitas disse...

O Senhor Mello Breyner dá-me licença que corrija ? : Não vejo diferença entre os dois nomes!

E Viva a Republica.

Anónimo disse...

Bastaria tirar a coroa e colocar a esfera armilar. Teríamos toda a simbologia (mais expressiva até) e manteríamos a estética.
Mas como as revoluções são as formas violentas de tudo ficar na mesma, alteramos as cores…
Eu também gosto da nossa bandeira atual. Mas não a vejo como símbolo de um regime mas do Pais, e era incapaz de a desrespeitar, em qualquer situação (muito menos na questão estética).
antónio pa

Anónimo disse...

Caro Defreitas: fui eu que corrigi

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Antonio pa: de facto, teria sido mais fácil tirar a coroa, mas não podemos imaginar hoje o debate que então houve.

Anónimo disse...

Safa, "Defreitas"! Quando vi o seu "nome" ainda pensei que viesse aí a História da República em dez volumes. Afinal, foi só um "pregão".

Defreitas disse...

Bonito discurso do pretendente ao trono de Portugal. Gostei muito do paragrafo seguinte: " Antes de tudo, preocupa-me a existência dos pobres, dos necessitados, dos trabalhadores; e, num aumento geral de riqueza, o conjunto de providências que a todos devem levar pão e alegria."

Numa Europa actual, sofrendo duma crise identitária, sofrendo da perda do seu leadership e da sua exemplaridade à escala universal, existem ainda pessoas que se agarram a nostalgias do passado, como bóias de salvação, que evocam um passado glorioso. E , curiosamente, nos discursos de hoje, abordam temas sociais como o que cito acima. As palavras estão bem ajustadas. Mas falta saber se existe por trás das palavras a noção do mundo globalizado que é o nosso. Onde os reis e os ministros da república têm menos poder que o inventor da Microsoft ou Warren Buffet !

A. Gomes disse...

Cidadão sempre! Súbdito, nunca!

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Senhor DeFreitas

Não vê nenhuma diferença entre os dois nomes pois entretanto o Senhor Embaixador alterou, tendo porém o cuidado de deixar a alteração em itálico

Um abraço também para si

Defreitas disse...

Senhor Mello Breyner , muito obrigado pelo esclarecimento e pelo abraço que retribuo.

Anónimo disse...

Existe algum país chamado Portugal? O nome não foi alterado para "República Portuguesa"..

Se ao menos fosse república de Portugal ainda faria algum sentido, mas esta ânsia internacionalista nunca nos calhou bem...

Pedro Lemos disse...

Portugal sempre me será lembrado na figura da esfera armilar, e com bons olhos vejo um instrumento da ciência caracterizar um povo.

Vemos um movimento de revisionismo histórico da monarquia brasileira, com a superveniência de obras a corrigir da caricatura pintada pela república. Delas se conclui, em suma, que o Brasil trocou um imperador liberal, inteligente e com projetos excelentes pra nação, por uma república autoritária formada ora por estúpidos maçons (desculpe a redundância), ora por ditadores, e sempre por corruptos, gente geopoliticamente ingênua e sem nenhum senso de ridículo, que não mediram esforços para sabotar a nação, única competência que têm demonstrado até hoje. Em seus dez primeiros anos, o governo republicano matou mais brasileiros do que todo o período monárquico, sem falar na censura e perda de representatividade regional. E tais fantasmas, um bando de bunda-mole, hoje dá nome a ruas, institutos, enfim.

Claro que o liame entre a atual 'casa imperial brasileira' e aquela a que me refiro foi definitivamente cortado: basta ver que as palavras do que seria hoje o nosso 'imperador' trariam vergonha a seu tataravô.

Qual a moral disso? A que devemos nos atentar mais aos fatos do que aos discursos, e mais à inteligência do que à ideologia, independente da forma de governo.

Anónimo disse...

Brasil em 1889, Portugal em 1910.
Caíram na mesma esparrela republicana. Quem te viu e quem te vê triste republica, de que adianta "cidadão sempre????" aviltado e esbulhado, nomenclatura não muda nada.

Defreitas disse...

De facto, o Brasil continua sendo o pais do amanhã que nunca chega! Foi assim com todos os países criados e colonizados pelos europeus , onde , mesmo depois de lhes conceder a independência , a mesma classe que domina é aquela que tomou conta da terra e a desenvolveu graças à escravatura. O México e os outros países latino americanos não variam.

O Brasil foi o primeiro pais da América Latina onde a escravatura foi instaurada, e o último pais a aboli-la, ao termo de 350 anos.

A abolição da escravatura foi a pedra angular do desacordo entre a família real e a burguesia rica do Brasil. Esta tinha-se habituado ao trabalho gratuito. Metade da população brasileira era composta de escravos.

No Brasil, a escravatura não foi totalmente abolida em 1888; ela continuou durante anos, ilegalmente.

Nos Estados Unidos da América, a mesma decisão custou 500 000 mortos : a guerra de Secessão, ou a guerra civil entre o sul esclavagista e o norte.

Se a Suécia a aboliu em 1335, definitivamente, Napoleão Bonaparte reintroduziu-a fora do solo de França em 1802 (Haiti).

A escravatura era fonte de lucro e mão de obra fácil. Já Darius o Grande tinha agido assim no VI século AC, quando a reintroduziu na Pérsia para ...a colheita dos pistachos.

A Independência, a República e a Abolição tinham um denominador comum : a forma pacifica como foram implementados. A maneira brasileira. Mas a procura de mão de obra gratuita permanece no Brasil.

O Senhor Lemos tem razão nos adjectivos utilizados para qualificar os descendentes do Grito do Ipiranga. Mas tenho a certeza que muitos deles nem sabem o que isso significa. O Brasil é o pais da àrvore das patacas. Mais nada. Conheço alguns.

Noutros termos: o Brasil é o pais onde os mais pobres dispõem NUM ANO das mesmas rendas que os mais ricos em ONZE DIAS.

Ou melhor: 50% da renda disponível duma família vai para os 10% mais ricos, enquanto que os 50% mais pobres partilham 10% .

68% dos Brasileiros que não terminaram os seus primeiros quatro anos de estudos são POBRES, contra 15% daqueles que têm mais de oito anos ( e 1,9% acima de doze anos).

Claro, houve alguns tranfers sociais nestes últimos anos , que serviram para melhorar o "retrato" do Brasil.
Mas não importa: 5 milhões de pessoas têm entre 1 e 70 reais (0 e 27 euros) por mês e por pessoa, para viver, segundo a IBGE .

Apesar de tudo, o orgulho de ser brasileiro ainda existe. Mas tudo isso não deve fazer esquecer estas desigualdades terríveis e as derivas que o Senhor Lemos denuncia. E, sobretudo, não fazer do capitalismo desabrido e selvagem o único horizonte deste novo gigante.

Fora da História

Seria melhor um governo constituído por alguns nomes que foram aventados nos últimos dias mas que, afinal, acabaram por não integrar as esco...