Há coisas que convém deixar sublinhadas. Por serem verdade e por serem normalmente pouco explicadas. É, por exemplo, o que escreveu Nicolau Santos a propósito das exportações, "a única coisa que correu bem na economia real durante os três anos de ajustamento". Para além dos fantásticos êxitos conseguidos por empresários de alguns setores, em muitos casos com o positivo impulso de uma AICEP que funcionou bem (digo-o eu), há elementos que têm de ser melhor precisados. Assim, há vários pontos a ter em conta:
"O primeiro é que a maior fatia do acréscimo das exportações se deve aos combustíveis refinados (nota: que não produzimos, que importamos, refinamos e depois exportamos). Sem isso teriam crescido 14% em 2011, 4,2% em 2012 e 2,3% em 2013. O segundo é que, para exportar 100 euros de combustíveis refinados o país tem de importar 82 (contra, por exemplo, 38 euros nos têxteis). E o terceiro é que estamos a exportar mais do mesmo, embora estejamos a subir na cadeia de valor. Em qualquer caso, a dependência dos combustíveis e a anormal compressão das importações têm sido a base do sucesso do novo ajustamento externo. Convém não o esquecer, para não ficarmos surpreendidos quando o vento virar".
10 comentários:
igualmente convém não esquecer, como ontem disse Sevinate Pinto, que o vinho exporta como nunca exportou, o azeite exporta como nunca exportou, o calçado exporta como nunca exportou o têxtil está a crescer formidávelmente na exportação, a agricultura já cobre oitenta por cento das nossas necessidades e exporta frutas ... enfim... cada um realça o que lhe interessa e a Nicolau Santos interessa-lhe que as previsões completamente catastrofísticas e objectivamente falhadas que faz desde o primeiro minuto deste governo, se cumpram, isto é que tudo dê para o torto. A novidade é o embaixador também querer! mas nós exportamos petróleo porque foi feita uma nova refinaria com esse objectivo. É pois ... natural. Como é natural que um dia venha um ciclo diferente e então os Nicolaus e amigos fiquem todos contentes, porque eles sempre disseram que um dia morríamos. Por mim sonho com o dia em que os economistas metam as previsões no saco e que sejam todos corridos porque já está mais que provado que não acertam uma. Basta ver os relatórios do Banco Mundial, do PNUD etc e não é preciso ir buscar um determinado relatório, qualquer um serve para a prova.
João Vieira
pois eu gostava de saber o que é que o pedro reis fez para aumentar as exportações. andaram até agora a viver à custa do trabalho do basílio e a inaugurar ginásios na índia, para não falar daquilo que boicotaram, i.e. baterias nissan.
Senhor Embaixador: Nicolau Santos é,minha opinião,o único jornalista da area económica, que a par de conhecimentos, revela independencia nas análises que regularmente produz.
Sobretudo desmonta, de forma clara o monumental embuste que P.C. P.P. e companhia nos veem servindo diariamente.
Por mim estou cansado que com total desplante façam de mim parvo.
Caro João Vieira: olhe os números! Os esforços fantásticos dos nossos empresários situam-se em setores onde, infelizmente, os ganhos quantitativos são ainda muito relativos, face à dimensão global da nossa balança externa. O que escreveu o meu amigo Sevinate Pinto em nada contraria os factos que Nicolau Santos apontou. Serenidade e seriedade na análise é o que se recomenda.
"Tout va bien, Madame la Marquise !!!" O Senhor João Vieira já nos fez a "promoção", há dias, dos resultados "fantásticos" das exportações portuguesas! Com muitas vitórias assim, Portugal acabará arruinado!
Se é por puro patriotismo, ainda vá! Mas receio que é por falta de análise objectiva. .
O Senhor Embaixador pôs o dedo na ferida. Se, em 2012 ,o défice comercial foi reduzido a 10,7 mil milhões de euros (fora energia), esta tendência provém por mais de metade da contracção das importações e à ...austeridade, que esmaga as famílias e a propensão a economizar mais , quando se pode.
Infelizmente, se a contracção do mercado europeu continuar, por causa de ...austeridade nos países europeus, que absorvem 71% das exportações, em particular a Espanha, a Alemanha e a França, que representam mais de 50%.,será difícil de compensar a baixa da actividade económica da zona euro.
Quanto à parte da energia ( produtos refinados do petróleo) nas exportações, acho que é um pouco de areia lançado aos olhos dos Portugueses, pelos menos daqueles que não vêm que não é com este tipo de exportação que se criam postos de trabalho. E que a mais valia acrescentada é ínfima.
Independentemente deste aspecto comercial, estou ainda convencido que o maior risco futuro ainda é aquele que já foi frisado neste blogue, que é o da saída da assistência financeira sem precaução, que muitos economistas e o próprio Presidente da Republica acham delicada, quando se sabe que a dívida portuguesa é de 129% do PIB em 2013, contra 124% em 2012 e 108% em 2011., fazendo de Portugal o pais mais endividado da UE, depois da Grécia e da Irlanda.
Como parece claro cada um agarra-se aos seus números e ás suas perspectivas e para quem é militante ,não é o meu caso, mas nunca fui ideológicamente socialista, diga-se, os números que contam são os que lhes dão razão ou esperança. Eu sou um optimista e para mim o que conta não são propriamente os números porque durante a minha vida vida profissional fiquei careca de os ver manipular. O que me interessa são as tendências estatísticas assentes em números auditáveis e essas são completamente indesmentíveis. Não é sustentável? Mas quem sabe se é ou não? os economistas? essa gente que não para de se enganar? Talvez lembrar a frase de Churchil que disse mais ou menos o seguinte (tradução livre portanto): É facílimo fazer previsões, o que é dificílimo é explicar porque é que as nossas brilhantes previsões deram todas erradas!
João Vieira
PS para o sr Defreitas: Certamente que sou português, muito europeu, com muita pena da Inglaterra ser tão disparatada (na minha opinião) em matéria europeia e que por isso a Alemanha tenha muito mais força do que devia. Mas como sou um optimista penso que são fases, e que no fim tudo se comporá, para bem dos nossos descendentes, não do Seguro ou de outro qualquer para quem me estou nas tintas.
Senhor Joao Vieira:
Militar ou não militar num partido político não impede de reflectir na organização da sociedade. Um cidadão é em favor ou contra o sistema de governo sob o qual vive. Isto significa já, em si, uma escolha política.
A base económica duma sociedade determina as relações sociais entre os indivíduos, as estruturas politicas, jurídicas e ideológicas. Ninguém é absolutamente apolítico!
A ideologia só se manifesta quando existe uma alternativa que modifica profundamente as bases da sociedade. Por exemplo, sabemos que o que faz a força dos capitalistas, e que lhe permite de dominar a sociedade como classe social, de açambarcar as riquezas produzidas e de explorar o mundo do trabalho, é a propriedade privada dos meios de produção.
Se houver uma alternativa de transição do capitalismo ao socialismo , uma das medidas será , logicamente, a supressão da propriedade dos grandes meios de produção, de trocas, de transportes, bancárias e financeiras... que estão actualmente na mão ... dos capitalistas.
Resta a saber se o socialismo tal como o conhecemos na prática, hoje, corresponde a esta alternativa ou se é antes um modo de gestão diferente do capitalismo., com certas "nuances".
Sr Defreiras
Quem disse que militat ou não militar etc?
O que digo é que quem tem a baia partidária nomeadamente a canga comunista, perde a liberdade da análise isenta porque à "família" tudo se desculpa incluindo um crime ou outro em nome do hipotético futuro melhor.
João Vieira
PS : posso concordar naturalmente com a ideia de que não ter partido não significa ser apolítico ou ser contra os partidos: estou bem longe dessa posição.
Bom dia Senhor Joao Vieira
Reli o seu comentário. Quando escreve "....e para quem é militante ,não é o meu caso, mas nunca fui ideologicamente socialista, " levou-me à conclusão que compreendia que não militar não impede de reflectir politicamente. Mais nada.
Mas as restantes palavras do seu último comentário são realmente , pelo menos, agressivas . Porque, escrever que: "O que digo é que quem tem a baia partidária nomeadamente a canga comunista, perde a liberdade da análise isenta porque à "família" tudo se desculpa incluindo um crime ou outro em nome do hipotético futuro melhor.", o discurso vai longe!
Quer o Senhor João Vieira dizer que os milhões de militantes do PSD, do PS, do PC, enfim, de todos os partidos políticos devem ser acusados de caucionar os crimes eventualmente cometidos por alguém do partido?
Já pensou que os partidos são os motores da democracia, que permite aos cidadãos de optar por uma ou outra maneira de governar? E que sem eles é a ditadura que, ela, sim, comete crimes sem conta , impunemente? O que não quer dizer que em democracia não se cometem também crimes, mas onde existem alguns meios de, normalmente, os sancionar .
Caro Senhor João Vieira: Na impossibilidade de nos imunizar definitivamente contra as derivas do projecto democrático, existe uma parte de crédito que deve ser concedida ao homem. Se emprestarmos ao individuo só o equivalente do que ele possui ao chegar ao mundo, não lhe emprestaríamos nunca mais nada.
E o vento já virou..
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