Ao final da tarde de ontem, dei-me conta de que haviam passado precisamente 18 anos desde que estivera a falar naquele mesmo auditório da faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. À época, a conversa foi com o Francisco Sarsfield Cabral (que é feito de si, Francisco?). Agora, fui palestrante único, tendo o professor João Salgueiro para o diálogo final.
Algumas outras diferenças marcaram as ocasiões. Em ambas, a Europa foi o tema, mas a Europa de que falei já muito pouco tem a ver com a Europa desses tempos. O que agora disse foi centrado nas questões económico-financeiras, ao passo que, na outra vez, recordo que quase só se falou de instituições. Dei-me conta que tinha mais perguntas do que respostas para elas, mas é de boa regra os "governantes" terem sempre mais certezas. Desta vez, quer a palestra quer o debate que se lhe seguiu foram em inglês, porque é essa a língua de trabalho do curso de Economia, frequentado por gente que vai do Médio Oriente a uma muito variada Europa. Os tempos mudaram bastante. Mas continuam muito interessantes.
4 comentários:
a europa já não é o que era, verdade, como mudou, viamo la como uma contrução simpatica então...
Lido mal, do ponto de vista de ausência sentida como constrangimento, com postes sem comentários.
Ainda por cima este que implicitamente dá pano para mangas.
Como a casa está arrumada e o almoço destinado e o sol já dá indícios da "mazisse" dos ultravioletas UVA... Vamos a isso,
"não sei que deu ao comentador avalizado de serviço para comentar estes temas o já meu amigo Defreitas, se calhar não lhe apeteceu"
Estou a imaginar uma palestra em inglês per si uau que êxtase, a fazer crescer naqueles estudantes/alunos? uma auto estima inflacionada compatível como os arquétipos sociais que "merecem" pelo poder que já detêm e vão deter pela importância economicista da economia...
Agora o que me enerva
(será despeito não excluo a possibilidade)
é o senhor Embaixador a par de uma nostalgia interessante, mas ainda com uma dimensão de embaixador de Portugal aceitar isso como normal e ainda dar a ideia de um normal com indicadores positivos, isso até é mau agoiro era só o que nos faltava deixar o português em detrimento do inglês, aceitando de mão beijada e animo leve um futuro de adesão incondicional a uma supremacia linguística convencionada, transformando a diferença em desigualdade mais do que já está...
Mais lógico, pela constatação dos futuros mercados de trabalho ,seria nas Escolas de Enfermagem as aulas serem ministradas exclusivamente em inglês e francês...
Já para os economistas não seria melhor alemão?!...
Ai, vou então ao destino que me cozinharam como por direito e dever , vou assar robalo/lubina à galega com batatinha assada e salada mista, leite creme torrado e fruta laminada para desenjoar, estão todos convidados a salivar claro, a não ser que andem pelas redondezas de Chaves...
Ah, Chère Amie, pois que assim me permitiu este tratamento mais acima, o que me lisonjeia, posso confessar que , ao "postar" (cá estão as "aspas" para um termo desengraçado! ) o meu comentário no "post" seguinte, relativo à "saída higiénica" das garras da Troika, triunfantemente anunciado pelo PM , hesitei entre postà-lo lá ou aqui.
Na realidade, tinha a intenção de comentar também o tema da palestra do Senhor Embaixador na Universidade Nova de Lisboa. O qual vai seguir após o passeio duma hora em Chartreuse para o qual me apresso agora. Até breve.
PS) Claro que a ementa me fez salivar! Há já muitos anos que não conheço essa sensação. Depois do desaparecimento da minha Mãe, que foi a ultima a cozinhar português cá na família exilada. C'est la vie.
Me revoilà!
Não tive o privilégio de ouvir o Senhor Embaixador mas imagino o tema discutido. A Europa vai estar "sur la selette" dentro de dias, pois que vamos votar.
Se utilizo o termo "sur la selette" é que estou certo que o Senhor Embaixador conhece a origem do termo : Outrora, a "selette" era uma cadeira, ou um banquinho, sobre o qual se sentava o acusado para ser interrogado longamente. Era uma cadeira baixinha para que os juízes do tribunal pudessem dominar o acusado. Abolida após a Revolução, o termo ficou e significa " ser exposto à critica, ao julgamento".
Segundo as ultimas sondagens, o resultado destas eleições pode muito bem ser um desastre para a Europa. Particularmente em França, onde só 35% dos franceses contam ir votar.
Quando se questionam os seus dois amigos, Jean-Claude Juncker, e Martin Schulz, as respostas aos principais problemas que afectam os Europeus são idênticas. Bonnet blanc e blanc bonnet . A linha imposta por Angela Merckel é sagrada para o Luxemburguês, que defende o seu paraíso fiscal, e para o Alemão, que pertence a um partido de governo, o SPD, agora aliado a A.Merckel, a qual pode aceitar um e recusar o outro para Bruxelas. E eu creio que a nacionalidade de um, não é suficiente para Merckel, se estiver convencida que Juncker será mais útil à direita europeia que Schultz.
Resta que, a Europa deriva cada vez mais cada dia que passa. Se fosse só a economia!
Como Europeu, protesto contra o deslize flagrante da politica estrangeira europeia para um papel de súbdito dos EUA. Na confrontação actual entre a Rússia e o Ocidente sobre a crise ucraniana, a imagem da guerra fria vem inevitavelmente ao espírito e os media são evidentemente gulosos.
Curiosamente , uma nova "cortina de ferro" desenha-se pouco a pouco, levando os tanques da NATO a 120 km. de São Petersburgo . Há quem se admire da reacção do urso russo, como se Kennedy não tivesse reagido da mesma maneira quando os mísseis balísticos russos se colocaram a 100 km da Florida!
Não basta a cortina de ferro separando os países devedores dos países credores, entre o Norte e o Sul, entre as antigas potências e os países emergentes , o mundo de antes e mundo de depois. E isto na esperança louca de preservar o "American way of life" e a influência dos EUA no "seu" campo, incapaz de poder impô-lo ao mundo inteiro. Noutros termos, naufragar com o maior numero possível de "compagnons de route" para ter a impressão que não naufraga sozinho.
A Europa é arrastada pelos interesses US que não são os seus, nem em termos de política, nem de geopolítica, nem de comércio. Enquanto os BRICS escolheram uma via oposta e procuram fugir à influência US, a Europa é para o momento a vítima (o "dindon de la farce"! ). Um exemplo: A Bélgica, acaba de comprar 130 mil milhões de dólares de títulos do tesouro americano em três meses!
E quando o tratado de comércio - TTIP- em discussão for assinado entre os EUA e a Europa então compreenderemos melhor o desastre que nos preparam.
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