E lá se foi Alain Resnais! Recordar-me-ei sempre da dificuldade de compreensão - que, ao tempo, me pareceu insuperável - que me assaltou quando vi "O ano passado em Marienbad", filme onde me encontrei, pela primeira vez mas para sempre, com Delphine Seyrig. Depois, embora anterior, "Hiroshima, mon amour" reconciliou-me mais com esse tipo de "escrita" fílmica não linear, embora Resnais nunca fosse - nem de longe! - um meu realizador de culto. Por essa razão, nunca acompanhei com muita atenção a sua restante obra. Olhando para a filmografia publicada, verifico que dele pouco mais vi do que "Muriel", "La guerre est finie", o medíocre "Je t'aime, je t'aime" e, depois, o magnífico "Providence". Depois disso, "Mon oncle d'Amérique" é talvez a sua derradeira obra que conheço.
Concedo que Resnais talvez devesse ter merecido um esforço maior da minha parte, mas cada um é como é e eu sou bastante mau cinéfilo, muito errático e incoerente nas minhas escolhas e, com os anos, cada vez mais incapaz de continuar além de um segundo bocejo ou de forçar a minha atenção face a "propostas" que me incomodem minimamente o quotidiano. Com esta minha teimosa e assumidamente "inculta" atitude, tenho "saído a meio" de imperdíveis obras-primas (no cinema, na literatura, na música, nas artes plásticas), mas tenho assim ganho tempo para fazer outras coisas que mais me divertem. É que só temos uma vida, sendo esta, aliás, a última.
7 comentários:
Totalmente em sintonia nessa forma "expontânea" ou "intuitiva" ou "muito própria" de amar as artes. Gostar ou não gostar, eis a questão ...
Basta a Delphine Seyrig para se gostar. Não é difícil.
o ano passado em marienbad que vi no cinema alvalade numa matiné quando da estreia, seria 1964, foi de facto um filme misterioso, labirintico, dificil. david mourão ferreira tinha ido a essa mesma sessão e ouvi o dizer no intervalo, ou ouviu quem ia comigo, algo como o segredo está nos diálogos, pois pode ser, gostaria de rever a pelicula para tirar a minha prova dos 9.
possivelmente não haverá nada a compreender no sentido de decifrar, deslindar, por as peças numa certa ordem, haverá apenas que gostar ou não do que vamos vendo...
delphine seyrig era de facto uma grande senhora do cinema, duma doçura na presença, na dicção do francês, no timbre da voz.
pois pouco mais vi desse cineasta, muriel, tambem com d seyrig (?) esse linear na sua historia e não sei se mais algum.
mas o cinema francês tinha outros, assim como a literatura, luc godard tambem era dificil de interpretar, muito do novo romance, etc.
Muito gostava no cinema do intervalo passado no foyer...
antonio pa
É que só temos uma vida sendo aliás esta a última. Nem Séneca.
Alain Resnais.Segurava os temas atores e técnica.
Hiroshima mon amour.
Guilherme.
Não está sózinho nas opções apesar de haver infinitas direcções.
Cumprimentos
"Nuit et Brouillard"foi uma das suas maiores obras primas do cinema. Pour les amoureux de la langue française: www.youtube.com/watch?v=S6qv2ZAjpSs
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