domingo, março 23, 2014

Patrões

Este fim-de-semana trouxe a novidade de uma carta de antigos presidentes da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) em que é contestada a adesão do atual titular do cargo ao "manifesto" sobre a reestruturação da dívida pública portuguesa.

Este dissídio entre "patrões dos patrões" é uma novidade, mas não é uma surpresa. Com efeito, já se suspeitava que a linha seguida por António Saraiva, com origens muito diferentes das de todos os seus predecessores, não fazia a unanimidade destes, nomeadamente pelo seu comportamento no quadro da concertação social ao longo dos últimos anos. O "manifesto" deve ter sido a gota de água que fez transbordar o copo.

Quaisquer que venham a ser as consequências deste conflito para o movimento patronal - e não é de excluir que isto possa prenunciar uma qualquer "revolta" interna -, trata-se de algo bastante curioso, num meio pouco dado à exibição de clivagens.  

10 comentários:

Anónimo disse...

Sempre me admirei que o Senhor Saraiva tenha ocupado este cargo. Não o conheço pessoalmente, conheço sim, o seu Pai, um modesto eletricista, agora na reforma...
Este sempre foi um cargo para os senhores patrões dos patrões...

Anónimo disse...

O interessante é que a profecia que aqui deixei era bem verdadeira: Portugal ao andar ufanamente a conceder vistos gold colocou-se ao lado de países com comportamentos duvidosos na matéria como Letónia e Malta. Quando a UE acaba de reconhecer que o actual regime de vistos é lento, ineficaz, burocrático e não é friendly business Portugal continua mergulhado numa manta de pesadas rotinas para a concessão de vistos ao comum dos mortais. Se o Vice-Primeiro-Ministro conseguisse agilizar, pelo menos, a concessão de vistos, no espaço da CPLP, poderia cantar vitória e assinalar um feito. Se não, as atoardas do secretário de estado Lomba sobre a necessidade de atrairmos mais imigrantes não passarão disso mesmo.

Sine die disse...

O anónimo das 14:25 também se admira que o filho de um modesto guarda prisional seja presidente do PS?

Anónimo disse...

Para a anónima das 16:21
Não tenho pretensões de saber tudo...como a senhora.

Sine die disse...

As minhas desculpas, Senhor Embaixador, não é presidente do PS, mas Secretário-Geral que deveria ter escrito.

patricio branco disse...

sem duvida, vamos esperar para ver...

Anónimo disse...

António Saraiva teve a coragem e a frontalidade de assinar o Manifesto. E teve ocasião de explicar essa sua atitude num programa de TV (creio que na Sic), face a um João Proença, essa triste e patética figura de “sindicalista”. Ver, posteriormente, os seus antecessores da CIP a escrever e assinarem aquilo que escreveram e assinaram, só os desprestigia.
Como (pequeno/médio) empresário, só tenho de aplaudir António Saraiva.
Tantas vezes nos confrontamos com situações extremas, de acesso ao crédito, de negociação de financiamentos junto dos Bancos, sabendo que temos, enquanto empresários, capacidade de manter a empresa, os postos de trabalho, se pudesemos beneficiar de uma extensão de prazos de pagamento dos empréstimos e nesse sentido com uma taxa de juro mais baixa. Ora bem, o país, de algum modo, é comparável. Só assim não pensa quem não quer e não quer salvar o país.
E, ao que vejo, ainda hoje existe uma certa “gente”, passados 40 anos depois do 25 de Abril, que mantem preconceitos de classe.
A ir por aí, muito grande empresário, político, professor universitário, intelectual e tantos outros e outras ilustres e respeitáveis figuras não teriam chegado onde chegaram nas suas carreiras profissionais e públicas.



olhá mála, oh parolo! disse...

mais um preconceito reaccionário disfarçado de ironia diplomática.

Anónimo disse...

Poiares Maduro que é um homem inteligente e com valor erra e é falacioso ao dizer que o discurso do BE sobre a perversidade dos vistos gold é próximo da xenofobia. O problema de Portugal é precisamente o de usar dois pesos e duas medidas para com os imigrantes e de os tratar bem ou mal no que toca à concessão de vistos dependendo de serem ricos ou não. A prática permissiva de Portugal só tem paralelo na Letónia, Chipre e Malta onde se pode comprar a cidadania por um módico de 650.000 euros. Era bom que o PS no poder se distinga destas práticas aberrantes e fale um bocadinho mais alto.

ignatz disse...

afinal era isto que fazia comichão
http://expresso.sapo.pt/depois-da-polemica-saraiva-vence-cip-com-81-dos-votos=f862843

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...