Há semanas, acabei de ler "De todos se faz um país", uma memória assinada por Óscar Monteiro, uma figura importante da história política de Moçambique, lutador pela independência, negociador da transição e com papel determinante na vida governativa do novo país. Com um prefácio de Artur Santos Silva, seu amigo dos tempos de Coimbra, o livro é o roteiro de um percurso pessoal dentro dessa geração de rutura, que passou por vários exílios até chegar à sua desejada pátria. Humanista, homem de cultura e com uma aproximação serena às emoções da nossa história comum, Óscar Monteiro ajuda-nos a compreender melhor, nesse seu texto, o que foi a saga da descolonização.
Hoje, à hora de almoço, numa rua de Lisboa, cruzei-me com Óscar Monteiro. Falámos do seu Moçambique, dos problemas que atravessam o país e da necessidade de ser encontrada uma solução que permita superar as atuais tensões que por lá emergiram. No fundo, parece-me que o título do seu livro encerra a resposta para todas essas questões.
2 comentários:
Fará?!
Cada vez acredito menos que "todos" seja palavra que "alguns" que governam saibam entender...
A mesma politica praticada em Angola será praticada em Moçambique. As grandes multinacionais já estão à manobra: o que lhes interessa - as reservas de carvão fenomenais, os jazigos minerais, a enorme reserva de gás - , vai enriquecer os mesmos. A exploração de todas estas riquezas , que necessitará especialistas qualificados, obrigatoriamente europeus ou americanos, não criará empregos susceptíveis de serem ocupados pela imensa mão de obra não especializada disponível e pobre.
A imensa pobreza moçambicana será visível nos subúrbios das grandes cidades como hoje em Angola.
O maná não descerá até ao povo. O crescimento económico actual de 8% não trouxe melhores condições àqueles que vivem na miséria. As elites , as que estão nos postos de comando e as outras, que também querem participar ao festim, vão encher primeiro os bolsos e depois se verá. Ainda passarà muita agua no Limpopo antes que "todos façam um" !
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