quinta-feira, outubro 31, 2013

Moçambique

Há semanas, acabei de ler "De todos se faz um país", uma memória assinada por Óscar Monteiro, uma figura importante da história política de Moçambique, lutador pela independência, negociador da transição e com papel determinante na vida governativa do novo país. Com um prefácio de Artur Santos Silva, seu amigo dos tempos de Coimbra, o livro é o roteiro de um percurso pessoal dentro dessa geração de rutura, que passou por vários exílios até chegar à sua desejada pátria. Humanista, homem de cultura e com uma aproximação serena às emoções da nossa história comum, Óscar Monteiro ajuda-nos a compreender melhor, nesse seu texto, o que foi a saga da descolonização.

Hoje, à hora de almoço, numa rua de Lisboa, cruzei-me com Óscar Monteiro. Falámos do seu Moçambique, dos problemas que atravessam o país e da necessidade de ser encontrada uma solução que permita superar as atuais tensões que por lá emergiram. No fundo, parece-me que o título do seu livro encerra a resposta para todas essas questões.

2 comentários:

Helena Sacadura Cabral disse...

Fará?!
Cada vez acredito menos que "todos" seja palavra que "alguns" que governam saibam entender...

Defreitas disse...

A mesma politica praticada em Angola será praticada em Moçambique. As grandes multinacionais já estão à manobra: o que lhes interessa - as reservas de carvão fenomenais, os jazigos minerais, a enorme reserva de gás - , vai enriquecer os mesmos. A exploração de todas estas riquezas , que necessitará especialistas qualificados, obrigatoriamente europeus ou americanos, não criará empregos susceptíveis de serem ocupados pela imensa mão de obra não especializada disponível e pobre.
A imensa pobreza moçambicana será visível nos subúrbios das grandes cidades como hoje em Angola.
O maná não descerá até ao povo. O crescimento económico actual de 8% não trouxe melhores condições àqueles que vivem na miséria. As elites , as que estão nos postos de comando e as outras, que também querem participar ao festim, vão encher primeiro os bolsos e depois se verá. Ainda passarà muita agua no Limpopo antes que "todos façam um" !

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...