Há dias, ao ver falar na televisão uma determinada figura, dei comigo a lembrar-me de um velho embaixador que tinha um hábito que sempre me irritou. Num dia, afirmava, com uma inabalável segurança, uma determinada ideia ou orientação, derrotando qualquer proposta em contrário que se lhe pudesse contrapor. Alguns dias passados, porque a realidade entretanto mudara, afirmava posições que eram em tudo divergentes das anteriores, talvez pensando que eramos esquecidos ou parvos. Se acaso lhe lembrávamos que a sua opinião mudara, arranjava argumentos, por mais bizarros que fossem, para tentar explicar que não havia a mínima dissonância entre uma posição e a outra e que, antes pelo contrário, a segunda decorria "logicamente" da primeira. Uma única coisa nunca lhe ocorria: dizer que se tinha enganado.
10 comentários:
A figura a que se refere deve ser o sósia de Sócrates (dado agora estar no Brasil como consultor duma farmacêutica de prestigio) ou talvez algum seguidor das sucessivas ideias luminosas que tanto melhoraram Portugal.
Alexandre
Ora aí está um embaixador com queda para ministro e/ou presidente de clube de futebol.
n371111
Ora , decerto um vencedor, conseguindo desde logo a plasticidade de campanha vulgo eleição, talvez em contexto político se torne autêntico e logo previsivel em simultãneo, ou seja com manifestação imediata do sindrome da coerência à incoerência sem nos infligir o suspense duvidoso do periodo de incubação...
O meu chefe!
O Sr.Embaixador deve recordar-se dum antigo ministro francês, Edgar Faure, que, quando "mudava" de opiniao sobre determinado assunto, o que era frequente, respondia aos seus dectractores que o apelidavam de "catavento", que nao era o catavento que mudava de direcçao, mas sim o vento !
J. de Freitas
Muito bom! Brilhante mesmo!
Nada de mais actual, e certeiro, utilizando um episódio passado como mote.
Brilhante mais uma vez.
Parabéns
Ai, Senhor Embaixador, todas as noites verá que os nossos mestres cambiantes têm muito pouco para o esclarecer. Ainda tem a sorte de a qualquer hora ver uma fita de cinema, mais ou menos clássica ou uma boa ópera para o fortalecer para o dia seguinte. Pena tenho eu que nem todos os que labutam no nosso país possam fazer o mesmo!
Pois eu já vi o meu patrão fazer muito melhor: mudar de opinião a meio de uma (longa) frase.
casos do dia a dia: ou frase separada do contexto; fui mal percebido (defeito dos burros que não entendem, não do esperto que falou); era isto o que queria dizer...
Senhor Embaixador:como ontem "faltei" só hoje vi o post.
Muito prosaicamente apetece-me,simplesmente, dizer que essas vedetas do comentário não tem vergonha!
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