Deparei, na imprensa portuguesa, com uma recolha de fundos para a família de José Torres, o antigo jogador do Benfica, hoje atingido pela doença de Alzheimer, em grandes dificuldades de vida.
As novas gerações talvez não entendam o que representou, para o nosso imaginário de adeptos do futebol, aquela serena e alta figura, de extrema correcção desportiva, com um passo desengonçado, que voava com eficácia sobre os centrais.
Não deixa de ser chocante, num tempo de transferências hipermilionárias de futebol, confrontarmo-nos com situações como esta. Chocante e triste, para a imagem que Portugal projecta de si mesmo.
As novas gerações talvez não entendam o que representou, para o nosso imaginário de adeptos do futebol, aquela serena e alta figura, de extrema correcção desportiva, com um passo desengonçado, que voava com eficácia sobre os centrais.
Não deixa de ser chocante, num tempo de transferências hipermilionárias de futebol, confrontarmo-nos com situações como esta. Chocante e triste, para a imagem que Portugal projecta de si mesmo.
3 comentários:
Ainda me recordo dele. Num tempo em que o futebol tinha ética. Essa frase, “…de extrema correcção desportiva”, é sublimar. Alguém se lembra de ver Eusébio, Torres, Simão, Coluna, etc, a terem comportamentos menos recomendáveis no relvado? Não. E atitudes mediáticas, com exposição da sua privada? Também não. Eram gente exemplar neste capítulo (noutros). Na altura assistia-se a um desporto que, correctamente, dava pelo nome de Futebol. Hoje, assiste-se a outra coisa, bem diferente, a um espectáculo com contornos semelhantes, mas em tudo diferente do outro. No comportamento dos jogadores (ávidos de exposição mediática e social, embriagados por riqueza rápidas e quiçá efémeras, cheios de vaidade, por contraponto a certa humildade digna dos outros tempos), da arbitragem (onde cada vez se registam mais casos de corrupção), dos Clubes (ás voltas com casos de corrupção, tráfico de influências, manipulação de jogadores, fugas ao fisco, comportamentos agressivos e pouco elevados uns para com os outros), dos adeptos (em “orgias” de pancadaria e verborreia do mais baixo nível), das claques (com ligações a grupos criminosos), etc. Para além do futebol ter uma dimensão “apropriada”, que hoje não tem, lamentavelmente. O futebol é A Notícia hoje em dia, sobrepondo-se a tudo. À Cultura, à política, ao dia-a-dia, etc. A tudo o que nos deveria dizer respeito. É um negócio de televisões, de jornais, de publicidade, conversa e assunto geral de todos, ou quase. Perdeu no plano ético e cívico, aquilo que ganhou em público seguidor. Há muito que não me identifico com este futebol, por estas razões. Espectáculo por espectáculo, prefiro outros, que os há muito melhores e mais interessantes. Voltando a Torres, esse nobre representante de um tempo em que futebol se escrevia com maiúscula, tenho pena de ler essas notícias. E mais triste fico de saber que vive com dificuldades. Um bem haja a Torres, com muito carinho e respeito.
P.Rufino
Que diferença com os milhões de hoje...
Ainda bem que há um Embaixador colocado no exterior que não deixa de registar o que se passa na terrinha.
Cada vez gosto mais deste blogue, Senhor Embaixador!
Fica a certeza, mais que a convicção, que esta homenagem é per si uma recolha de memórias de valor incalculável, um tributo á dignidade profissional e pessoal em linhas de conduta que cristalizaram no respeito.
Isabel Seixas
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