Reproduzo hoje aqui, porque há novas razões para o fazer, um post que publiquei no dia 5 de junho de 2011:
"A nossa imprensa é sempre muito lesta quando lhe cheira a qualquer esturro que possa ligar-se negativamente à imagem da diplomacia lusa.
"A nossa imprensa é sempre muito lesta quando lhe cheira a qualquer esturro que possa ligar-se negativamente à imagem da diplomacia lusa.
Há meses, um "cônsul honorário"
na Alemanha apareceu envolvido em maroscas financeiras. De imediato, os
títulos e os textos apontavam para "diplomata recebe luvas em negócio"
ou "diplomata acusado de corrupção".
Há dias, um "vice-cônsul" no
Brasil, uma categoria administrativa em má hora recém-renascida, que
alguns, premonitoriamente, advertiram que poderia vir a redundar em
"vício-consulados", foi acusado de desvio de fundos. Como era
expectável, a comunicação social logo trouxe títulos como "diplomata
roubou" e coisas do mesmo jaez.
Vamos a ver se nos entendemos:
ambos os cavalheiros envolvidos no que parece serem atividades
criminosas* não são diplomatas - eu diria mesmo, estão mesmo muito longe
de o serem. A qualidade de "cônsul honorário" ou de "vice-cônsul", que,
por todo o mundo, é exercida por pessoas geralmente muito estimáveis e
de impecável honestidade, não confere a ninguém a qualidade de
"diplomata", categoria profissional que tem requisitos de formação,
recrutamento e responsabilidade muito específicos. Repito: um "cônsul
honorário" ou um "vice-cônsul" são categorias funcionais que nada têm a
ver com a carreira diplomática, salvo na circunstância de exercerem uma
atividade na dependência desta.
Por essa razão, é completamente
abusivo utilizar o termo "diplomata" para qualificar quem o não é,
fazendo recair sobre uma profissão os "salpicos" de eventual falta de
ética de quantos, noutra qualidade, agem em nome do Estado português no
exterior.
Só lamento** que a entidade
representativa dos diplomatas portugueses (que, por alguma razão, se não
chama "sindicato dos diplomatas e ofícios correlativos"...) não tenha
saído a terreiro em todos os casos, pondo "os pontos nos is",
denunciando a difamação e ensinando, por uma vez, aos plumitivos de
serviço aquilo que a sua profissão, pelos vistos, não lhes soube
ensinar."
*Em tempo: o vice-cônsul na Alemanha foi já condenado. O vice-cônsul no Brasil está fugido
**Em 1.2.02, a Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses veio a público clarificar este assunto. Fico satisfeito.
*Em tempo: o vice-cônsul na Alemanha foi já condenado. O vice-cônsul no Brasil está fugido
**Em 1.2.02, a Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses veio a público clarificar este assunto. Fico satisfeito.