Conheci-o há cerca de uma década, em Nova Iorque.
João Crisóstomo é uma personalidade que tem dedicado grande parte da sua vida a dar a conhecer a figura de Aristides Sousa Mendes, o cônsul em Bordéus que, durante a segunda guerra mundial, emitiu, contra a vontade do governo salazarista, vistos de entrada em Portugal que permitiram salvar a vida a milhares de judeus e pessoas que fugiam à invasão nazi da França.
Sousa Mendes, por esse ato de desobediência cívica, foi perseguido pelo regime ditatorial, demitido da função pública, tendo acabado a sua vida em muito precárias condições financeiras. Ironicamente, em certos documentos internacionais, o regime salazarista chegou a ser elogiado por ter "permitido" esse acolhimento de refugiados, pelo qual puniu um seu servidor. E, para cúmulo, por esse mesmo motivo, Salazar chegou mesmo a ser proposto para a dignidade de "justo entre os justos"...
Há dias, tive o gosto de receber João Crisóstomo em Paris. Com o entusiasmo de sempre, falou-me dos seus projetos. Perguntei-lhe por que razão a casa de Aristides Sousa Mendes em Cabanas de Viriato, que Jaime Gama tanto se empenhou em colocar à disposição da respetiva Fundação, permanece em ruínas. Muitos estrangeiros que aí rumam, numa peregrinação de homenagem a essa figura ética, vão-me dando conta da sua desagradável surpresa em verem o edifício cada vez mais degradado, fruto de um incompreensível desleixo. E não deixam, de forma muitas vezes inquisitiva, de apontar o dedo às autoridades portuguesas - que não têm, na metéria, a menor responsabilidade.
O modo discreto como João Crisóstomo se referiu ao assunto, procurando não acicatar feridas mas sem resposta concreta para a questão colocada, suscitou-me alguma inquietação. Neste tempo em que as fundações são sujeitas a um escrutínio mais apertado, talvez não viesse mal ao mundo, bem pelo contrário!, se se pudesse "pôr em pratos" limpos o que se passa com a Fundação Aristides Sousa Mendes.
O modo discreto como João Crisóstomo se referiu ao assunto, procurando não acicatar feridas mas sem resposta concreta para a questão colocada, suscitou-me alguma inquietação. Neste tempo em que as fundações são sujeitas a um escrutínio mais apertado, talvez não viesse mal ao mundo, bem pelo contrário!, se se pudesse "pôr em pratos" limpos o que se passa com a Fundação Aristides Sousa Mendes.