A convite dos organizadores do colóquio "Economia portuguesa: uma economia com futuro", apresentei hoje na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, uma comunicação sobre "Portugal: a sua economia e a sua imagem".
O tema foi por mim escolhido pelo facto de considerar necessário que se encare, de frente, o modo como Portugal é hoje visto no exterior, em especial tendo em atenção a fragilidade, recentemente mais evidenciada, da sua situação económico-financeira. E sobre o modo de intervir nesse contexto.
Ao longo do dia, o colóquio deu origem a debates muito interessantes e animados sobre o estado de Portugal neste tempo de crise, mas também sobre o euro e a sobre as políticas da Europa. No painel em que intervim, dedicado a "Portugal no mundo", e como bem notou a moderadora Diana Andringa, o auditório foi mais crítico e pessimista que os membros do painel, cujas opiniões foram saudavelmente contraditadas.
A minha intervenção, para quem possa estar interessado, pode ser lida aqui.
10 comentários:
Extraordinário trabalho Sr. Embaixador, gostei imenso de ler o seu artigo
eu diria que o exemplo vem de cima, e que seria essencialmente importante que quem tem poder mostrasse que gosta do país e de quem cá vive, se não gostamos de nós próprios, os outros irão gostar?
não será tanto uma questão de dinheiro, senão não teria havido felicidade noutros séculos sem as facilidades de agora! mas importante será defender a cultura e a maneira de sermos não necessariamente igual aos outros. Assim cuidar principalmente nos nossos activos, ambiente, protecção da flora e da fauna, dos nossos monumentos, dos espaços públicos, de limpeza, se queremos turismo, quem nos visita tem o direito de ser recebido numa "casa" limpa
Claro que é sempre preciso dinheiro, e que se a economia não dá frutos, então tudo de torna mais díficil, mas entretanto haverá que continuar a limpar a casa em todos os sentidos, sem que seja necessário utilizar os meios mais sofisticados e caros para tal
Atentamente
2 ou 3 observaçoes e alguma consideraçao pessoal:
Interessante os diagnosticos contidos, p ex, no paragrafo que começa por basta entrar em qualquer livraria e o uso de ciclotimico para caracterizar o nosso tipo de desenvolvimento. Porque ha claras fraquezas estruturais de portugal que nunca corrigimos ou tentamos a serio mudar. Incluindo essa falta de pontualidade, etc.
O paragrafo imediatamente anterior tambem avança com correctas caracterizaçoes do que somos, compadrio, improviso, etc
Creio que a o facto de durao barroso ser pr da c e se deve mais a meritos pessoais que nacionais, para alem de ter sido uma terceira via de desempate.
Espantoso o episodio relatado do trabalho infantil nos anos 80 e a atitude do governo de ao pensar mais na maneira de esconder ou disfarçar o facto que em acabar efectivamente com isso.
Quanto ao epis´´odio da madeira, at´´e parece que veio a calhar para certos sectores, ali esta o culpado, aqui portamo-nos bem, ee ele que se porta mal. Mas a ilha ee tanto portugal como lisboa, algarve ou minho e o mal comportado ee portugal.
Enfim, o nosso grande problema esta bem diagnosticado no texto quando se aponta a nossa quase endémica incapacidade de promover um crescimento autónomo. Sao as razoes estruturais de que fala.
Pessoalmente, peso que tambem ha uma grande dose de individualismo e egoismo no nosso sector privado, que actua como se a crise e os remedios para ela fossem todos da responsabilidade unica dos governos.Onde esta a solidariedade, a sua quota de ajuda extraordinaria ao desenvolvimento, as suas contribuiçoes voluntarias, a filantropia? Num barco em que muitos se afundam, os que se manteem a flutuar nao estendem os braços aos outros.
Portugal vai ou nao fechar para obras? Sofrera mais com as curas que com a doença?
Li com muita atenção a intervenção do nosso Embaixador na Fundação Gulbenkian sobre economia e imagem e apeteceu-me ser, ainda que só por aqueles instantes e para dizer o que foi dito, Embaixador de Portugal.
Claro que, “Um país que não consiga garantir condições de vida aos seus cidadãos, que acabe por estimular a sua saída em termos maciços, não é prestigiado e respeitado no quadro internacional. Por mais orgulho que tenhamos na aventura de sacrifício que sempre foi a nossa emigração, é para mim hoje evidente que um país que condena a sua população a emigrar, por razões económicas, é um país que não se prestigia e que não sobe na consideração dos outros.”
Obrigado Embaixador. Há evidencias que são mais “evidentes” com a experiencia mas é sempre muito salutar, também, poder-se observar que nem sempre o luxo dos salões alcatifados permite ocultá-las.
José barros.
Brilhante diagnostico do nosso país!
Há um rumor de desesperança
que teima em ser redundante
obstinado franze o semblante
rumina em espiral a sua dança
Impóe-se pô-lo num lugar sombra
até que já é certo e bem sabido
tresanda a inércia que assombra
inibindo alento que se quer vivo
há sempre alguém que olha o redor
a ver o mais e bem melhor o claro
apostando num agora lúcido e raro
os punhos cerrados a abrir em força
acendem velinhas medo dias de sorça
recebem esconjuras e expurgam temor
Gosto sempre do espirito das Suas preleções,Elas ultrapassam os tempos sem se deixar intimidar por bodrelhos, e é também por isso que sabem bem.
Li o texto da palestra e dou-lhe os meus sinceros parabéns. Penso que de facto deve ser bem complicado ser embaixador em França - por exemplo, a alusão à emigração é frontal e realista. Penso que na realidade pouco valem as boas presidências da UE ou outros êxitos se um país continua a condenar o seu povo à emigração, que continua hoje e não é normal acontecer num país da zona Euro... Parabéns, claro.
Indo de encontro ao comentário que deixei no discurso do Sr. Embaixador e quando me referi à Educação em Portugal, ser a infra-estrutura para que possamos chegar ao nível de vida dos países do Norte e que pelo contrário, este governo em nome das contas e da economia está a destruir ainda mais o papel da Educação em Portugal, encontrei este artigo:
"Eu não concordo muito que o Estado dê prémios pecuniários aos alunos, mas acho absolutamente inconcebível que um prémio já atribuído possa ser retirado a 48 horas de antecedência da cerimónia, quando os alunos já tinham sido avisados que o iriam receber. Imagino a enorme decepção que todos os alunos contemplados irão sofrer quando forem à cerimónia e não receberem prémio algum. E o que terão que passar as suas famílias para compensar a sua desilusão.
Mas há que reconhecer que com esta decisão o Ministério da Educação acaba de prestar um grande serviço pedagógico aos alunos. Ficaram desde já a saber que é este o Estado Português com que terão de conviver em adultos: um Estado que a todo o tempo pode desrespeitar os seus compromissos, cortar unilateralmente os salários aos seus funcionários, as pensões aos seus pensionistas e aumentar retroactivamente os impostos que cobra. Os alunos podem assim desde já habituar-se a que é este o país em que vivem e pensar em emigrar para o estrangeiro. Só essa lição vale mais que o prémio."
por Luís Menezes Leitão: 28.09.11
Nem quero falar nas novas medidas que colocam o voluntariado para tomar conta de crianças pequenas e na redução do espaço, já exíguo das creches e jardins de infância...
Não quero falar da qualidade do ensino e da falta da disciplina obrigatória até ao fim do secundário, de História... um povo sem História é um povo sem memória e um povo sem memória, é um povo escravo. Da falta de uma disciplina chamada de instrução ou aprendizagem cívica, que se torna urgente, pois cada vez mais é algo que desaparece da vida dos portugueses.
Por muita importância que tenha a economia de um País, se a Educação se não tornar no aspecto mais importante e for delegada para segundo ou terceiro lugar,como sempre aconteceu neste País, aí sim, não deixa espaço para optimismo e assim, não vamos lá!
Saúdo-o pela partilha do seu conhecimento com a maestria a que já nos habituou. Obrigada.
E diz o nosso escriba que em Janeiro de 2013 vai ler !!???
Eso ni usted se lo cree ! ; )
PS...o Attali continua a trabalhar...
Cara Julia Macias-Valet: vai ver! Quanto ao Attali, ouvi-o na manhã de 29 na Mairie de Neuilly, num pequeno almoço organizado pelo Maire. Polémico e brilhante, como sempre.
Let's see...
"N'allez pas là où le chemin peut mener. Allez là où il n'y a pas de chemin et laissez une trace."
[Ralph Waldo Emerson]
Viva a Republica !
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