Mário Soares olhou, um tanto surpreendido, para o homem. Não percebera o que ele queria significar ao afirmar:
- O senhor é que tinha razão. Eu não acreditei.
O português, empregado do restaurante onde ontem jantávamos, acrescentou:
- Em 1973, quando o servia num almoço por aqui, perguntei-lhe se aquilo, lá por Portugal, ia mudar. O senhor disse-me que não tardaria muito. Tinha razão. Mas, na altura, não fiquei convencido. Ando há anos para lhe dizer isto.
11 comentários:
E desde então quantas vezes as coisas não têm mudado...
Umas vezes para bem, outras vezes para mal.
Bem dizia o outro:
“não há bem que sempre dure, e não há mal que não acabe”.
Ou este:
“Até agora vivíamos na angústia, agora vamos viver na esperança...”
Esperança que isto mude de novo, digo eu.
Ainda bem que teve a oportunidade de lhe o dizer...
Abracinho
Almoçando com o Mário Soares, tudo é possível. E que tal o almoço?
Mudámos e de que maneira. Só não vê quem não quer ver.
Tem piada. Comigo passou-se exactamente ao contrario. A conversa passou-se mais ou menos nessa época (1972-1973), numa cidade cinzenta num pais vizinho também cinzento. A certa altura digo ao "camarada" Mario Soares: "Aquilo so vai à força, com eleições não chegamos la". Ironico, Mario Soares respondeu: "Esta juventude de guelrra na boca(...)".
Nunca lhe disse que eu é que tinha razão e tive muitas oportunidades para o dizer.
Foi em Londres? - nunca almoçei ou jantei com o dito, mas o vi comer várias vezes, principalmente bolos...o bolo de chocolate nem se fala - a Maria Barroso é um "ás" a fazer as suas guloseimas.
Em londres acho, não tenho a certeza, também comia guloseimas feitas por outra Maria.
Humm
Ao meu restaurante, nunca foi visita...vinha outras figuras.
O Soares ía mais Santos-o-Velho.
Um bom garfo, segundo dizem.
Saudações ao nosso Embaixador
A imagem é tão bonita que nem me importava qua a razão tivesse cor, mas não tem...
Tem é que ter contexto...
E eu também acho que no contexto continua a ter razão
Ai Senhor Embaixador que belo ramo de cravos o seu.
Mas, francamente, para ilustrar esta "estória" com o Dr. Soares preferia um ramo de rosas.
Afinal - tenho sempre socráticas dúvidas -, não sei se o tal português estaria a ver bem a questão.
Preferia ler neste texto que o nosso Embaixador em Paris tinha jantado com a DEOLINDA , porteira da Rue de La SAnté. ( Mas também deve ser HOMEM para isso...)
Contudo, admito, Mário Soares deve ter muitos mais que dizer, e revelar...ELE, o grand ami de Miterrand,et de José Sócrates...
Senhor Embaixador: creio bem que ao longo destas dezenas Mário Soares teve,quase sempre,razão.
Muitas vezes teve-a,como usa dizer-se "antes do tempo"
Basta pensar nas suas sucessivas afirmações e alertas quanto ao rumo que a europa estava a seguir.
O resultado encontra-se a vista.
Pena que lhe tenham prestado atenção.
EGR
Voltando à "razão", apercebo-me que fiz um trocadilho: o que Mário Soares disse foi: "Esta juventude com o sangue na guelra (...)", soou-me mais ou menos a "esta miúda com a guerra na boca". Fiquei vexadissima tanto mais que era a única "juventude" que sonhava com cravos presente nessa reunião (que, por outras razões, não ocorreu em Londres).
Francisco. Suas histórias são bem interessantes!
com carinho Monica
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