O franceses habituaram-se a interpretar BB como as iniciais de Brigitte Bardot*. Bertolt Brecht, o genial escritor e teatrólogo alemão, usou as mesmas iniciais no seu magnífico poema "Do pobre BB", que Jorge Palma cantou num álbum de 2005. E, no mesmo registo, há que lembrar BB King, esse génio do jazz que tive o privilégio de ouvir ao vivo, por mais de uma vez.
Portugal tem também o seu BB - as iniciais pelas quais fica identificado Baptista Bastos. Conheci-o pessoalmente há quase 40 anos, quando, pelas tardes, nos encontrávamos num café e bar no topo da então livraria Opinião, na rua da Trindade - eu saído do meu emprego na Caixa, ao Calhariz, ele acabado o seu trabalho no "Diário Popular", também por ali perto. Esse era então um espaço aberto de conversa onde eu me imiscuíra, por via de amigos comuns. Por lá paravam jornalistas, escritores e outros que, como eu, eram meros espetadores atentos da vida intelectual de Lisboa. Com a sua voz bem caraterística, não abandonando a marca pessoal que é o seu laço, Baptista Bastos confirmava, em pessoa, a frontalidade opinativa a que sempre nos viria a habituar no futuro. Passei a lê-lo com regularidade e, depois sempre à distância, a apreciar o seu sentido crítico e a sua postura ética, muito em especial a independência com que sempre preserva a amizade por cima das ideologias. E, também, a sua rara maestria no domínio do português, uma "arma" que utiliza como poucos poucos e cuja "bala" mordaz tem criado engulhos em muitos.
A que propósito lembro BB agora? Porque acabo de ler a magnífica crónica que ele hoje publica no "Diário de Notícias", sobre esse outro grande senhor da literatura portuguesa, que se chamou David Mourão-Ferreira.
Nestes dias de uma "Lisboa contada pelos dedos", em que há cada vez mais "Gaivotas em terra", haveria grande proveito em que se lesse e relesse esses dois grandes escritores.
* que hoje faz 77 anos
Nestes dias de uma "Lisboa contada pelos dedos", em que há cada vez mais "Gaivotas em terra", haveria grande proveito em que se lesse e relesse esses dois grandes escritores.
* que hoje faz 77 anos
5 comentários:
São sempre magníficas as crónicas de BB no DN.Com ele aprendi que: "fidelidade cheira a cão".
Abraço aos 2.
CC
Boa cronica, sem duvida, a de b b que li agora por influencia do post que remete para o texto.
a proposito da b b francesa, ouvi hoje no noticiário que fazia 77 anos.
Senhor Embaixador
Transcrevi há bem pouco tempo no meu modesto blogue um texto de BB, um homem de quem muito gosto, porque diz o que pensa e pensa o que diz. Raro, já!
Temos amigos comuns e creio poder dizer que ele nutre estima por mim.
Fico muito contente por termos mais este ponto de concordância!
"o soneto engravatado."
Até que os "Inimigos" lhe atribuiram uma alcunha digna do ponto de vista da compostura não só de apresentação literária e ou poética como pessoal.
Estou a fazer um trabalho para a escola sobre batista batos e queria saber porque é que o livro Lisboa Contada pelos dedos tem esse nome. Gostava que me explicassem.
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