Morreu Maria Eugénia Varela Gomes. Fui-lhe apresentado há muito tempo, no início dos anos 70, num almoço em Colares, num restaurante onde aos fins de semana se reunia gente da oposição, a maioria com ligações ao "Partido" (designação que, para os comunistas e "compagnons de route", significava o clandestino e perseguido PCP). Estava acompanhada pelo marido, João Varela Gomes, revolucionário do assalto ao quartel de Beja, saído da prisão meses antes.
É uma mulher-coragem aquela que vai amanhã a sepultar, depois de muitos anos de doença, com a morte do filho Paulo pelo meio, que se somou a uma vida de luta, de perseguições e de prisão, sempre marcada por uma imensa dignidade e verticalidade. Li, ouvi e sei o suficiente sobre Maria Eugénia Varela Gomes para ter por ela uma imensa admiração.
Deixo um abraço sentido ao seu marido, o coronel João Varela Gomes.
(Fica a sua fotografia no arquivo da Pide, retratos que é, em si mesmos, são medalhas para quem os possui)
3 comentários:
Lembro o belíssimo texto do seu filho Paulo, 'Aquilo que é necessário', que termina com a frase 'A iniquidade não pode vencer'.
Mas a iniquidade vence mesmo: então não é há quem proponha que o salário mínimo nacional suba para uns astronómicos 557€ e ainda por cima não queira que os trabalhadores que o recebem não apresentem declarações de interesses no Tribunal Constitucional !!! É preciso descaramento e muita da tal "iniquidade".
Manuel Branco
Pois, com os "malabarismos de dar com uma mão e tirar com a outra" pela geringonça, estamos a caminho em Portugal, como diria Albert Camus:
"Chega sempre um momento na história em que quem se atreve a dizer que dois e dois são quatro é condenado à morte." ........
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